: Marta, como o seu desejo de expressar um amor verdadeiro tem sido atendido pela Christian Science?
Marta Greenwood: O que descobri ao ler Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy, é que a Christian Science é a religião do Amor, nada a não ser Amor. Sempre tentei ser amorosa, mas a Christian Science me mostrou que o verdadeiro amor se refere ao de Deus, pois Ele é Amor; e Seu amor é tão confiável e puro, que nunca me abandonará. A partir desse momento, eu me senti amada. Depois disso, ficou fácil ver o Amor em toda parte.
PK: O que a ajudou, especificamente, a constatar esse fato, na Christian Science?
MG: Sempre desejei poder curar as pessoas, e soube que essa religião tinha relação com a cura. Portanto, estudei Ciência e Saúde e também as biografias de Mary Baker Eddy. Em tudo o que eu lia, via que o importante era o amor, o amor do Cristo, semelhante ao amor de Deus. Em resposta à pergunta: "Qual a melhor maneira para curar instantaneamente"? A Sra. Eddy respondeu: "Vou dizer como fazê-lo. É amar! Apenas viver o amor — ser o amor — amar, amar, amar. Não é preciso saber de nada a não ser o Amor. Ser todo amor. Não existe nada mais. Isso fará o trabalho. Curará tudo; ressuscitará os mortos. Não ser nada a não ser amor" (We Knew Mary Baker Eddy, Boston, The Christian Science Publishing Society, 1979, p. 134).
PK: Como podemos saber que estamos sentindo o amor que cura? Tantas pessoas solícitas se sentem desanimadas com relação a verdadeiramente fazer a diferença.
MG: Sabe, temos de nos dirigir ao ponto de partida, a Deus, e permanecer exatamente ali. "O ponto de partida da Ciência divina é que Deus, o Espírito, é Tudo-em-tudo, e que não há outro poder ou outra Mente — que Deus é Amor, e por isso, Ele é Princípio divino" (Ciência e Saúde, p. 275). Portanto, começando com o Amor, isto é, com Deus, o Princípio divino, sentimo–nos envolvidos pelo Amor e somos então capazes de vê-Lo em todas as pessoas.
Decidi estabelecer como regra estas frases: "Eu amarei, se o outro odiar. Obterei um saldo a favor do bem, meu verdadeiro ser" (Miscellaneous Writings — Escritos Diversos, 1883-1896, p. 104). Além disso, essa prática tem de transparecer em tudo o que faço.
Também gosto de saber que Jesus foi, o tempo todo, um líder e que posso seguir seu exemplo.
PK: O que vem enfatizar o fato de que, além de se sentir inspirada pelo Amor, você teve de se esforçar para expressar amor.
MG: Claro. Portanto, considerei sinceramente como minhas "as quatro primeiras regras" que Mary Baker Eddy escreveu sobre religião. Todas elas são da Bíblia: "'Não terás outros deuses diante de mim'; 'Ama o teu próximo como a ti mesmo'; 'Sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celeste'; 'Todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente' " (Christian Science versus Pantheism, p. 9). Então, minhas orações, meus relacionamentos e minha conduta estão apoiados nessas regras. Além disso, o que se requer de nós, como cristãos, é que amemos, nos esforcemos para expressar a perfeição divina e confiemos no exemplo de Cristo Jesus.
Sempre desejei poder curar as pessoas, e soube que essa religião tinha relação com a cura. Portanto, estudei Ciência e Saúde e também as biografias de Mary Baker Eddy.
PK: O que você aprendeu que a faz se sentir à vontade com Deus, Deus de amor?
MG: Quando, na Christian Science, descobri a Deus como Deus de amor, não conseguia compreender por que tive de passar por tantos maltratos na infância. Mas, ao aprender mais sobre a totalidade desse Amor, comecei a ver que, se Deus é todo Amor e está em toda parte, nesse Amor não há possibilidade de haver qualquer coisa que seja odiosa ou desagradável.
Isso me permitiu abandonar o ódio. Compreendi que nada de mau tocou minha identidade espiritual, uma vez que o Amor estava sempre comigo, tanto naquelas ocasiões como agora. O Amor de fato aniquilou meu passado infeliz. O Princípio do amor, que é Deus, funciona, mas tive de aplicar a regra para que funcionasse para mim mesma.
PK: O que você sente quando ouve o novo mandamento de Jesus: "...assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros" (João 13)
MG: Esse mandamento exige que eu veja o poder do bem, do Amor divino, em todas as pessoas que encontro. Gosto sempre de pensar que o amor que está em mim saúda o amor que está nos outros e que também o Cristo em mim saúda o Cristo nos outros. A Sra. Eddy faz referência ao Cristo como: "a idéia verdadeira que proclama o bem" (Ciência e Saúde, p. 332). Portanto, para mim, ver o Cristo relaciona-se com a oração para que eu esteja ciente da bondade de Deus ao meu redor, deixando que as verdadeiras idéias da presença de Deus determinem para mim o que e a quem estou vendo.
Às vezes, é muito difícil ver o bem e, outras vezes, quando estou em um lugar que parece ameaçador, inverto aquele exercício e penso: "O amor que está neles saúda o amor que está em mim, assim como o Cristo neles saúda o Cristo em mim"! Então, não me sinto mais com medo nem intimidada. Além disso, também não posso ser tentada a odiar.
Tenho uma amiga querida que, certa ocasião, voltou-se contra mim. Fez comentários irônicos sobre a Christian Science e, depois, começou a me ofender. Finalmente, passou a ignorar-me por completo. Ocorreu-me que eu deveria me recolher ao Espírito [Deus], mas levá-la comigo, por assim dizer. Durante alguns minutos, todos os dias, sentava-me em silêncio, agradecendo a Deus pelas qualidades dela pelas quais eu era grata, por exemplo, por ela ser uma mãe muito amorosa. Além disso, afirmava que o Amor divino, que estava me cingindo, a cingia também; que o aroma do Cristo (o óleo essencial que nós duas necessitávamos e sem o qual não podiamos viver) abençoava a nós e à atmosfera mental de nossa vizinhança.
Após meses de oração, encontrei-me, inesperadamente, com ela e a cumprimentei. Seus comentários me surpreenderam e me deixaram com lágrimas nos olhos: "Marta, você sempre tem sido tão boa comigo e eu tão maldosa... me perdoe". Além disso, disse também: gostaria de ter "aquele livro (querendo dizer: Ciência e Saúde) que você está sempre estudando".
PK: Quando uma pessoa se sente odiada e lhe pede para orar, o que você faz?
MG: Antes de tudo, ouço, Oro a Deus por um coração compreensivo. À medida que relata sua história, inverto-a, quero dizer, vejo ali mesmo que Deus está presente e a ama. Recuso-me a acreditar no que está dizendo, porque isso não provém do Amor. Muitas vezes, a pessoa diz: "Sinto-me muito melhor. Sinto-me feliz".
A outra coisa que sempre faço é dizer-lhe o quanto Deus a ama. Que aquele Amor está todo à volta dela. A oração está acontecendo enquanto a pessoa fala. Ver o amor ali mesmo é a melhor receita — é imediata.
Certa vez, uma senhora, que havia sido enfermeira, ligou solicitando uma hora para conversarmos pessoalmente. Ela havia começado a ler Ciência e Saúde. Quando veio me ver, tinha toda a aparência de uma mulher reprimida. Simplesmente a ouvi, orando profundamente para saber que a infelicidade não provém de Deus, portanto, não é verdadeira. Ela chorou e contou-me que seu marido lhe batia e a maltratava. Eu lhe disse que o Amor a amava, que ela não estava sozinha, que merecia ser amada e que podia começar amando a si própria como a amada filha de um Pai-Mãe Deus amoroso. Além disso, comentei também sobre todas as qualidades de Deus com as quais ela estava casada, exatamente naquele momento. Depois disso, passou a me ligar freqüentemente e vinha me ver.
Ela começou a se ver valorizada como filha de Deus; não se sentia mais intimidada, por perceber que sua vida era controlada pelo Amor divino, não por uma pessoa. Ocorreu uma transformação maravilhosa. Seu marido a havia mantido prisioneira — ela só podia sair quando ele estava no trabalho, mas parou de maltratá-la e de bater nela. Certo dia, ele a deixou ir embora e até mesmo dividiu com ela o dinheiro da venda da casa. Agora leva uma vida feliz com os filhos, totalmente independente. Hoje, todos são amigos.
PK: Você gostaria de partilhar alguns pensamentos sobre a oração que você pratica, todos os dias?
MG: Quando, pela primeira vez, tornei-me membro de uma igreja da Christian Science, não me senti nem bem-vinda nem à vontade.
Havia aprendido que, para se fazer uma ponte, primeiro, são construídos dois fundamentos, um de cada lado. Em seguida, um fino fio de arame é esticado entre eles. Sobre esse arame, eles constroem a ponte. Mas, se ninguém esticar o arame, nenhuma ponte será construída. Eu necessitava de uma ponte, mas também sabia que podia esticar o arame.
Portanto, orei para expressar somente amor. Essa era a ponte.
Agora, todas as manhãs, quando abro os olhos, apenas fico atenta para amar a todos que vêm ao meu pensamento: os passarinhos, meu trabalho, minha igreja, minha cidade, meu país, o mundo inteiro. Deliberadamente começo meu dia com amor, com o Amor divino. Pego um dos sete sinônimos de Deus, encontrados por Mary Baker Eddy na Bíblia, e o expresso sempre com amor durante todo o dia, como: Vida ou Alma, Princípio ou Mente. Qualquer coisa que eu veja ou sinta que não seja bom ou que leve a criticar os outros, faço um retrocesso para ver como Deus está vendo, ali mesmo. Dessa forma, começo realmente com uma oração de Amor.
Podemos começar percebendo uma qualidade espiritual em cada pessoa com quem nos relacionamos e que podemos respeitar, tal como integridade ou amor de mãe.
PK: Alguma sugestão de como essa compreensão do Amor pode trazer união às igrejas, aos governos?
MG: Ver o amor do Cristo sempre presente em cada pessoa. Então, nós nos encontramos na consciência do Amor. Coração encontrando coração com a compreensão de que nós todos temos o mesmo Criador. Esse é o ponto de encontro. Além disso, podemos começar percebendo uma qualidade espiritual em cada pessoa com quem nos relacionamos e que podemos respeitar, tal como integridade ou amor de mãe.
PK: Esse ponto de encontro poderia ser o amor pela igreja, não? Ou o amor pelo seu bairro ou pelo seu país.
MG: Claro, na congregação todos amamos a igreja. Portanto, nos encontramos nesse amor. Esse é o ponto mais importante — não o meu ponto de vista ou qualquer outro. Além disso, ouvir com um coração compreensivo. Não temos de concordar com a opinião dos outros, mas podemos ouvi-los com respeito. Saber que podemos amar sem precisar ser influenciados ou concordar. O governo de Deus sempre será o governo apropriado. Esse é o governo ideal, no qual todos temos a responsabilidade de viver o Amor.
Há aproximadamente cinco anos, quando, pela primeira vez, tive meu escritório em Londres, a área estava abandonada. Todas as manhãs, eu apanhava seringas na calçada, deixadas pelos viciados em drogas. Eu orava começando com o Princípio, Deus, "o ponto de partida da Ciência divina", que não exclui ninguém. Orava para ver somente a beleza de Deus. Além disso, sabia que, se eu não fosse uma testemunha para o mal, ele não poderia estar ali. Ele desapareceria porque há uma única coisa para se testemunhar — o amor de Deus.
Agora, os usuários de drogas desapareceram dali e os prédios e parques foram restaurados. A Praça Bloomsbury foi revitalizada e devolvida aos seus dias de glória, como um ponto de referência em Londres.
O Amor divino é tão maravilhoso!
