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Banir a pobreza

Da edição de janeiro de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Imagine como seria o lado de lá dos trilhos! Imagine sobre os que têm e os que não têm! O contraste é brutal.

No filme O Jardineiro Fiel, filmado em Nairobi, no Quênia, há um momento em que a câmera leva o espectador de um ponto ao outro. A cena começa em um bem cuidado campo de golfe, com relva do mais puro verde, onde um oficial da inteligência britânica e um grupo de pessoas desonestas conversam sobre negócios e vai para uma estrada de ferro localizada próxima dali, que leva até Kibera, a maior favela da África Oriental.

Quão ruim é Kibera? Basta dizer que, quando o diretor de cinema brasileiro, Fernando Meirelles, estava filmando O Jardineiro Fiel, ele ficou chocado. As favelas de Nairobi, disse ele, fazem as favelas do Brasil parecer Beverly Hills (bairro de Los Angeles onde vivem as pessoas de maior poder aquisitivo do mundo).

Sei o que ele quer dizer. Estive em Nairobi em agosto do ano passado. Nunca vi nada parecido com a pobreza dali. Mas, imagine meu choque quando soube que as áreas urbanas dilapidadas que estivera visitando durante vários dias, ou seja, barracas feitas de restos de madeira e metal, entulhos ao longo de estradas esburacadas, não eram as favelas. Eram áreas pobres, sim, mas, e as favelas? As favelas estavam do outro lado da cidade. Na Nairobi oriental. Em Kibera. “Você não vai querer ir lá”, disse meu amigo de Nairobi.

Um milhão de pessoas vive em Kibera. Até mesmo o realismo corajoso e impassível da câmera de Meirelles, sugere, apenas veladamente, as reais condições. Como o escritor Courtney Crosson descreve Kibera, sem titubear: “Casas e lojas construídas com barro e galhos de árvores, cobertas com folhas de zinco ondulado. Uma rede de vielas sujas, cercadas de valas cheias de dejetos humanos” (“Out of Africa, a New Way of Looking at the World” [“Direto da África, uma nova maneira de olhar o mundo”], The Chronicle of Higher Education, 22 de julho de 2005). Mas, os cinegrafistas comunicam claramente, pela inteligência cinemática e verve geopolítica, a magnitude do desafio que a África está enfrentando, assim como as pessoas que desejam ajudar a África.

Inspirado no romance de John le Carré, o filme O Jardineiro Fiel narra uma história complexa, de alto risco, sobre heroísmo pessoal em prol das pessoas exploradas da África. Seu raio de ação se estende para além de Kibera e do Quênia, até o Sudão e Zimbábue. Em última análise, a força do filme se constrói a partir de suas justaposições, a dicotomia entre países (desenvolvidos e sub-desenvolvidos), relacionamentos (verdadeiros e superficiais) e o poder corrupto arraigado versus uma oposição composta de pequenos grupos de pessoas com bons princípios. O Jardineiro Fiel aprofunda a consciência dos problemas com os quais a África se defronta, na medida em que o continente busca salvação em face de miríades de obstáculos aparentemente intransponíveis: extrema pobreza, seca, doenças (a AIDS é a principal ameaça), corrupção governamental endêmica, exploração estrangeira (tema principal do filme), tais como a dos laboratórios farmacêuticos e fabricantes de armas para quem o dólar é mais sagrado que a vida de homens, mulheres e crianças africanas.

“Faça da pobreza uma coisa do passado” (Make poverty history) é o que diz minha pulseira branca de plástico que minha filha me deu, do site: www.everychild.org. Além disso, esse é realmente o sonho de todo Bom Samaritano moderno, secular e religioso. Mas, como? Por meio do comércio, da ajuda e do perdão da dívida, da retirada de ajuda financeira e da conseqüente eliminação da corrupção governamental? Por algum acordo?

Você não pode ter um jardim sem um jardineiro. Também não pode ter um jardim viçoso sem um jardineiro que seja fiel, em ambos os sentidos da palavra, leal e constante. O Jardineiro Fiel implicitamente levanta questões: o que pode ser feito para cuidar, de forma fiel e constante, das terras infinitamente férteis da África? Que tipo de ajuda e de liderança, como a do Bom Samaritano, podemos dar? A oração é o suficiente? Estamos orando o bastante, com eficácia? Para mim, o que o filme diz é isto: Lembre-se de que o Bom Samaritano viu um homem que necessitava de cuidados, do outro lado da estrada, e parou o que estava fazendo... ele atendeu ao pedido de socorro com ajuda humanitária abnegada. Muito embora fosse espiritualmente avançado, ele não tinha uma postura, como esta, diante da vida: não vejo nenhum mal, não ouço nenhum mal.

Há alguns anos, outro filme intenso, O ano em que vivemos em perigo, lançou o holofote sobre a tragédia da Indonésia e levantou a questão Tolstoyniana: “o que precisamos fazer agora”? Essa é uma pergunta teológica que está implícita também no coração de O Jardineiro Fiel.

Imagino que, não importa quão horripilantes possam ser as imagens dos perigos da África, posso me ater a uma perspectiva transcendental da abundância, normalidade, saúde e progresso africanos, cuja fonte, Deus, energiza e liberta. Além disso, esse é o fundamento sólido e metafísico para abranger e colaborar para uma ajuda e um progresso genuínos. Como diz meu amigo de Nairobi: “Vejo as aparentes limitações na África como uma plataforma de lançamento, para provarmos a infinidade da bondade e da presença de Deus”.

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