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O Evangelho Segundo João

Estudantes de Christian Science da Grande São Paulo aprofundaram seu conhecimento do Evangelho de João, fizeram reuniões inspirativas e partilharam o que haviam descoberto. Também nos próximos meses apresentaremos excertos do que foi exposto nessas reuniões. No mês anterior, os comentários foram a respeito do primeiro capítulo em geral até o versículo 13. Continuamos agora com o versículo 14.

O Evangelho Segundo João

parte III

Da edição de janeiro de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


1. Versículo 14: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

A carne se refere à natureza humana, sem a conotação de pecado. Em Ciência e Saúde está escrito que “a Verdade divina tem de ser conhecida por seus efeitos sobre o corpo, assim como sobre a mente, antes que a Ciência do ser possa ser demonstrada. Daí sua corporificação no Jesus encarnado – aquele elo de vida que forma a conexão pela qual o real alcança o irreal, a Alma reprova o sentido e a Verdade destrói o erro” (p. 350). A Verdade, Deus, deve ser praticada. A declaração de que 'o Verbo se fez carne’ quer dizer que Deus se evidencia a Si mesmo como consciência individual, como homem, como humanidade. O Cristo é a manifestação divina que se expressa em diversas qualidades espirituais, como a saúde, a harmonia, a visão, a audição, a beleza, etc. Ao admiti-las como reais, podemos provar que são imperecíveis e inalteráveis. Se separarmos nossa humanidade de nossa divindade, somos incapazes de curar como Jesus curava e de praticar o que ele nos ensinou.

“...habitou entre nós” quer dizer literalmente habitou em um tabernáculo entre nós, o tabernáculo sendo Seu corpo. Essa é uma alusão ao Lugar Santíssimo (Shekinah), que os rabinos identificavam com 'a Palavra de Jeová’ (Memra). Acreditava-se que o Lugar Santíssimo, ou a glória visível de Deus, habitava no tabernáculo antigo. Da mesma forma, o Cristo se manifestou visivelmente ao mundo por meio de Jesus. A natureza divina de Jesus habitava em seu corpo como se esse corpo fosse um templo.

“...e vimos sua glória” quer dizer, não meramente a glória visível da transfiguração e da ascensão, mas o esplendor moral e espiritual da vida única de Jesus, que revelava a natureza do Pai invisível, Deus.

“...do unigênito do Pai”: A glória de Cristo Jesus não era uma glória humana, tivesse ele sido um mero profeta, mas era a glória do unigênito do Pai e, portanto, a própria glória de Deus, pois Cristo Jesus e o Pai são um. Isso indica que o Cristo é unigênito. O filho, no sentido completo da palavra, tem a mesma natureza de seu pai, e daí o fato de Cristo Jesus, sendo o Filho de Deus, ser divino, e ninguém poder substituí-lo (quem vê a mim, vê o Pai). Na Bíblia inglesa, esse mesmo versículo termina com a expressão 'cheio de graça e verdade’, graça significando cheio do cuidado e da terna misericórdia de Deus; 'verdade’, usado freqüentemente por João, não é simplesmente veracidade mas, em geral, santidade. Cristo Jesus estava cheio de graça e santidade, não para que ficassem contidas nele mesmo, apenas para ele mesmo, mas para que ele as pudesse conceder a todos os homens.

2. Versículo 15: “João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim”. Essa declaração é dirigida aos seguidores de João Batista, os quais afirmavam que ele é que era o Cristo.

3. Versículos 16 a 18 (conclusão do prólogo): “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”. A partir do versículo 16, as palavras não são mais de João Evangelista, e sim de João Batista. O nós expressa a experiência espiritual dos discípulos de Cristo.

“...da sua plenitude” foi uma expressão muito usada pelos gnósticos (aqueles que misturavam esoterismo com especulações filosóficas) com os quais João vivia em desentendimento. Aqui há dois significados: a) a plenitude dos atributos divinos que habitavam em Cristo Jesus e b) a plenitude das virtudes humanas que Jesus demonstrava. Jesus transmitia esses significados, em certa medida, aos seus seguidores verdadeiros, como o evangelista testifica por meio de sua experiência pessoal.

“...graça sobre graça”: Graça após graça, um ato de amor após o outro, sempre aumentando, à medida que merecemos ou solicitamos.

“Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” Moisés apresentou os dez mandamentos, sem mudar nossa natureza ou sem nos dar o poder para os obedecer. O Cristo manifestado por Jesus veio para mudar nossa natureza. Ele nos oferece 'graça’, por meio da qual nascemos de nova como filhos de Deus e nos tornamos herdeiros da vida eterna; também a 'verdade’, ou seja, a santidade cristã, é possível àqueles que habitam em Cristo.

Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” Deus, o Pai, Se revelou aos homens por meio de Seu Filho Unigênito, mesmo antes da Encarnação. Deus, por meio do Filho, Se manifestava a Si mesmo aos patriarcas, deu a lei a Moisés, inspirou os profetas e iluminou os sábios. Entretanto, por meio da Encarnação, Deus se revelou mais perfeitamente. O Verbo que se fez carne representa tão completamente o Pai invisível que, aquele que vê Jesus, vê o Pai.

“...o Deus unigênito”. Muitos estudiosos antigos lêem essa frase como o único Filho unigênito, visto que Deus nunca foi gerado.

“...no seio do Pai”, isto é, no aconchego eterno, na união amorosa com o Pai. Esse trecho lembra também a expressão “no seio de Abraão”, que os judeus tanto apreciavam e que foi usada até por Jesus. Esse versículo explica como Deus é Amor, não somente a partir da Sua criação, as manifestações do Seu amor, mas um amor desde sempre e para sempre, por toda a eternidade. Nesse Amor estamos ocultos, juntamente com o Cristo, no seio de Deus, por toda a eternidade. O verbo se fez carne para nos revelar essa 'boa-nova’ maravilhosa.

Bibliografia:

Institute for Scriptural Study, 159 Madison Ave, Suite 7J – New York, 10016; Brownrigg, Ronald, Who's Who in the Bible, The New Testament, Bonanza Books: New York, NY, 1980, Comay, Joan, Who's Who in the Bible, The Old Testament, Bonanza Books: New York, NY, 1980; Dummelow, The Rev J.R. (ed.), A Commentary on the Holy Bible, MacMillan Publishing Co., Inc: New York, NY, 1975; Eiselen, Frederick C. (ed.), The Abingdon Bible Commentary, Abingdon Press: New York, NY, 1929.

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