Com olhos atentos nos relógios, o mundo acompanha a virada do ano: “...quatro, três, dois, um!” Uma explosão de alegria com beijos e abraços, votos de amor e fraternidade anunciam o novo ano da Era Cristã. O relógio cumpre sua função, encerrando e iniciando mais um dia.
Entretanto, não é sempre que o relógio desperta para momentos agradáveis ou festivos. Na vida moderna, onde a pressão pelo cumprimento de horário com muitos afazeres é grande, o relógio é um tormento. O despertador não poupa ninguém. Interrompe o sono, avisa que está na hora de enfrentar os desafios de mais um dia. É preciso acordar e levantar.
Na Bíblia, há vários relatos que citam o sono. Um deles, narra o sonho de Adão (Gênesis 2). Em seu “pesado sono”, como em um estado hipnótico, esse homem material se contrapõe ao espiritual e verdadeiro (ver Ciência e Saúde, p. 515). A versão do sonho de Adão sugere um poder oposto a Deus e, como todo sonho, projeta fantasias. Nele uma serpente fala e argumenta para seduzir o pensamento enfraquecido, apresenta o mal e o bem como se ambos fossem verdadeiros e promete conhecimento e poder.
Esse assédio mental acontece também nos dias de hoje. Sutilmente, impele ações, apresenta objetos como se tivessem poder para influenciar a felicidade, a saúde ou o êxito na vida. Acredita-se na solução de problemas a partir de uma quantia de dinheiro. Tais argumentos afloram mais nos finais do ano. Atitudes populares levam pessoas a colocar sementes de romã na carteira, a comer lentilha em cima de uma cadeira, a pular sete ondas, a usar roupa branca, a apostar na mega sena, etc.
Práticas desse tipo são dispensáveis, quando a compreensão da onipotência de Deus liberta o pensamento e preenche o coração, fortalecendo a confiança no cuidado divino. Todos podem despertar para a realidade do bem infinito, que sustenta e protege. É preciso querer e buscar. Quem tem esse propósito se despoja de ilusões, se revigora e, com persistência e esperança, alcança metas elevadas.
As gêmeas Mariana e Ana Maria, filhas de Maria do Socorro Paz, de Manaus, AM, conseguiram uma vitória. Aos dois anos, uma doença deixou-as inertes na cama. Na época, o diagnóstico foi paralisia cerebral mas, após 24 anos, descobriu-se que a doença era síndrome de Segawa. A fé em Deus resultou num despertar rápido. Mariana conta: “...comecei a sentir uma força nas pernas... pensei: '... não posso ficar sentada aqui, eu vou tentar descer da cama’ “. Com esforço, chegou até o quintal onde estava sua mãe. Isso foi em 10/6/2003, quatro meses após o tratamento.
Ana Maria diz: “Eu olhava a Mariana sair da cama e sentia uma emoção muito grande ... eu sabia que também iria conseguir. Todo dia mamãe tirava nosso colchão para pegar sol. Ela carregava a gente. No dia 6/07/2003 eu consegui, com a benção de Deus, levantar da cama antes de ela tirar o colchão. Fui me arrastando ... e levantei aos poucos, segurando na parede. Fui falando ... ninguém entendia direito, eu disse: 'Mamãe’! Foi maravilhoso!”
Elas estão estudando e têm planos: Mariana quer ser secretária e Ana Maria, aeromoça (Folha de São Paulo, 4/12/05).
Despertar para o bem espiritual presente e contínuo é uma tomada de decisão, uma postura mental que conduz ao progresso. Que grande propósito para um ano que se inicia!
