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Matéria de capa

Um amor maior pela família

Da edição de dezembro de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Cresci em uma família composta de quatro pessoas: pai, mãe e dois filhos. Contudo, não me lembro de sermos “apenas nós quatro” no período que vai do Ensino Fundamental até a maior parte do Ensino Médio. Mais pessoas, principalmente crianças abandonadas que precisavam de um lugar para ficar, estavam sempre correndo pela casa. Isso talvez devido a problemas em seus lares: um divórcio iminente, um pai que bebia muito, ou mesmo um filho com problemas emocionais. Os pais deixavam os filhos em nossa casa enquanto tentavam resolver as coisas.

Logo depois, começamos a trabalhar com uma organização internacional que valorizava o idealismo. Essa organização alocava estudantes estrangeiros do ensino médio em casas de família nos Estados Unidos e estudantes americanos em casas de família no exterior. Normalmente, o intercâmbio durava o ano letivo inteiro. Uma vez, hospedamos um estudante das Filipinas; em outro ano, um da Tailândia.

Naturalmente, a despeito do idealismo, alguns intercâmbios não funcionavam muito bem. Às vezes, um estudante estrangeiro não se adaptava à família anfitriã. O que fazer então? A organização frequentemente instalava esses estudantes problemáticos em nossa casa durante alguns dias ou meses, enquanto procurava uma nova família que os hospedasse.

Eu tinha uma vaga noção de que, do ponto de vista de um adulto, toda essa atividade multicultural tinha um grande propósito, algo como propagar as sementes da compreensão internacional, ou estabelecer o alicerce para a paz mundial. Com apenas 14 anos, isso já me parecia um trabalho bastante árduo, sem acrescentar o idealismo dos adultos. O que fosse que o cortejo de amáveis jovens estrangeiros, desfilando pela casa, fizesse em prol da paz mundial, a presença deles também representava preocupações mais imediatas. A água quente teria acabado quando chegasse minha vez de usar o chuveiro? O que dizer das rosquinhas doces, que eram poucas para a multidão que se reunia em volta da mesa do café da manhã? Sobraria alguma para mim?

Apesar dessas preocupações pessoais, assimilei algumas lições sobre o amor altruísta. Mesmo sob a perspectiva daqueles primeiros dias, acho que realmente comecei a me questionar: “Que diferença faz saber quem vai ficar com o último pedaço de torta? As coisas dão certo no final”.

Analisando de outra forma, até mesmo o mais trivial dos momentos podia ser preenchido com um amor maior. Um amor que estava de acordo com tudo o que minha irmã e eu aprendíamos sobre Cristo Jesus e seu tratamento para com os outros.

Nem todos que se hospedaram conosco eram cristãos, mas cheguei à conclusão de que a vida de Jesus era o ponto de referência para quase tudo que pensávamos, dizíamos ou fazíamos. Até passávamos boa parte da manhã à mesa do café lendo passagens bíblicas das Lições-Sermão do Livrete Trimestral da Christian Science. Dessa forma, aqueles que não queriam perder as rosquinhas, inevitavelmente também eram alimentados espiritualmente. Naquela refeição estava a lição sobre um amor maior, um amor altruísta, um amor resumido nas palavras de Jesus: “Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço. O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15:9, 10, 12).

Uau! Esse era um padrão inacreditavelmente elevado. Como alguém poderia amar o outro como o Mestre amou? Seu amor transformava o caráter, restituía a esperança perdida, revelava o vínculo inquebrantável entre cada indivíduo e o Pai, purificava até mesmo os pecadores que, caso contrário, talvez se sentissem envergonhados demais para voltar para casa. Esse era o efeito de seu amor.

Poderia qualquer um de nós realmente amar o próximo como ele nos amou? Não, não se tivéssemos de fazer isso “sozinhos”. Entretanto, não existe nenhuma situação em que estejamos realmente “sozinhos”, porque o Pai nunca está ausente de nossa vida. Porque o Cristo, o espírito do Amor, está sempre à mão para nos mostrar como amar. A verdadeira capacidade de cada um de nós começa a emergir em resposta ao amor do Cristo, que flui incessantemente.

Esse é o remédio para os inúmeros males que afligem as famílias. O amor de Jesus era muito poderoso. Seu exemplo é tão relevante nos dias de hoje, que vale a pena procurar imitá-lo. Jesus deixou seu exemplo de amor como um modelo, para que seus discípulos e todos os seus seguidores o considerassem, assimilassem e imitassem. É claro, podemos fazer o mesmo com a ajuda de Deus.

Contudo, para ajudar a si mesmo ou aos outros a sentir um amor maior pela família, você não precisa sentir que precisa transformar água em vinho. Ao longo dos anos, percebi que, mais freqüentemente do que pensamos, o cumprimento do mandamento de Jesus de amar uns aos outros como ele nos amou, ou pelo menos o primeiro passo para isso, não vem com algum gesto espetacular como, por exemplo, dar um presente caro. O mais provável é esse gesto assumir uma forma silenciosa, quase imperceptível, de curar um coração solitário, com uma paciência que nunca se esgota, um ouvido atento que nunca dá oportunidade a uma língua crítica, com uma tolerância que nunca se transforma em irritação, com um perdão que suporta qualquer coisa.

Esses e outros elementos do amor do Cristo colaboram muito para unir a família, aquela mais próxima da qual fazemos parte, e, em última análise, a família maior do homem, ou seja, toda a humanidade. Ambas necessitam de nossa oração. As duas definições de família desempenharão papéis indispensáveis nas décadas vindouras.

O ritmo desordenado do século XXI não contribui com a instituição da família. Alguns dos prognósticos mais sombrios até mesmo prevêem seu fim. Entretanto, isso está longe de acontecer. Sim, os atritos e as tensões do viver diário, as obrigações que competem com o nosso tempo e atenção, ameaçam a unidade da família que tenta preservar a união. Mas, poderiam essas forças que tentam separar a família, realmente competir com o amor que nos advém de Deus por meio do Cristo? Nem por um instante!

Esse elo familiar que temos com o Pai-Mãe celestial é uma certeza espiritual... ... quer estejamos próximos o bastante para compartilhar o mesmo quarto ou próximos o bastante para comparilhar um planeta.

Na verdade, esse amor de origem divina é irresistível e incapaz de sofrer oposição. Não tem nenhum oposto e inunda o cenário inteiro. O próprio conceito de família reflete o relacionamento que temos, em primeiro lugar, com o Divino. Deus é o único e verdadeiro Pai, o Pai e a Mãe de cada um de nós. Somos Seus filhos. O Cristo é Sua mensagem contínua de amor para cada membro da família. Quer alguém se sinta seguramente envolvido em uma unidade familiar aconchegante e solícita, ou abandonado e solitário, o relacionamento primordial é aquele com o Pai divino, que é o próprio Amor. Isso revela nosso verdadeiro status como a própria semelhança do Divino e puramente espiritual. Ele dá o tom a todos os outros relacionamentos que temos, incluindo os familiares.

Esse elo familiar que temos com o Pai-Mãe celestial é uma certeza espiritual que se expressa humanamente. À medida que nós, como indivíduos, compreendermos mais sobre o relacionamento único e inquebrantável que cada um tem com nosso Pai divino, o amor do Cristo se tornará mais aparente entre as pessoas, quer estejamos próximos o bastante para compartilhar o mesmo quarto ou próximos o bastante para compartilhar um planeta.

Uma passagem de Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy, resume os resultados inacreditáveis que são inerentes à compreensão da nossa relação com Deus: “Com um só Pai, isto é, Deus, toda a família humana consistiria de irmãos; e com uma Mente só, ou seja, Deus, ou o bem, a fraternidade dos homens consistiria de Amor e Verdade, e teria a unidade do Princípio e o poder espiritual que constituem a Ciência divina” (pp. 469–470). Pense nisso! Uma fraternidade, uma irmandade, que de fato consiste em Amor com A maiúsculo, significando Deus.

Existe um amor maior pela família, quer seja pela consangüínidade, quer seja por todos os parentes ou pela família humana que inclui a todos nós. Estamos aqui para incorporar esse amor maior, viver esse amor, como Cristo Jesus o fez. Podemos ser bem-sucedidos nisso porque o Amor nunca está ausente e porque somos a expressão dele. O Cristo, a manifestação de Deus, está sempre nos transmitindo a mensagem de que somos amados e capacitados a amar como o Mestre amou.

Então, acontece a cura. A idéia de família sobrevive e, até mesmo, se torna mais forte.

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