A parte inicial de uma viagem ao norte da África, para fazer uma reportagem sobre a crise de refugiados sudaneses, foi complicada. Uma parada programada de duas horas se transformou em dois dias, porque um vôo de conexão foi, inexplicavelmente, cancelado. Em seguida, ao chegar ao meu destino, o Chade, as autoridades locais se recusaram a me conceder visto de entrada e me colocaram em um vôo para Camarões, justamente aonde eu não queria ir.
Na medida em que comecei a recorrer a Deus por orientação, a primeira estrofe de um poema de Mary Baker Eddy me veio ao pensamento:
Mostra, Pastor, como andar
Sobre a escarpa além,
Teu rebanho pastorear
E cuidá-lo bem. Tua voz escutarei
Para não errar;
Pela senda rude irei,
Sempre a cantar.
(Hinário da Ciência Cristã, 304)
Ao ponderar cada palavra, compreendi que a autora estava descrevendo como podemos orar a Deus — e como Deus, nosso Pastor, nos responde.
“Mostra, Pastor...” Que maneira humilde de se dirigir a alguém em oração. Parece dizer: “Sei que Tu estás no comando. Tu sabes o que é melhor para mim”. Além disso, “Mostra...” é diferente de simplesmente dizer: “diga-me”, como quando perguntamos ao vendedor, em um supermercado, onde fica determinada mercadoria, por exemplo. Alguns vendedores apenas respondem: “Procure naquele corredor, talvez esteja à esquerda”. Mas outros levarão você até o corredor correto e lhe mostrarão exatamente onde ela está. Isso é o que Deus faz por nós.
“...como andar...” É mais do que apenas saber aonde ir. É como se chega lá, ou seja, quais os passos que temos de dar e que direção tomar. No meu caso, eu já sabia aonde eu precisava ir, para o Chade. Apenas não sabia como chegar lá, porém Deus começou a me mostrar o que fazer.
O próximo vôo para o Chade só sairia em quatro dias. Mas, eu ouvira falar de um trem noturno, que me levaria até a metade do caminho. Sempre gostei de trens, portanto, apressei-me a embarcar.
O poema continua: “Sobre a escarpa além”. Não apenas subir até o alto da escarpa, mas ultrapassála. Nosso Pastor não nos deixa no caminho rumo ao alto da escarpa, abandonando-nos para que escalemos o resto sozinhos. Ele nos conduz para além dela.
No trem, encontrei um homem que tomaria o mesmo ônibus que eu precisaria tomar para a próxima etapa da viagem. Quando descemos do trem, passamos no meio de uma multidão de pessoas para encontrar o ônibus certo. Seis horas mais tarde, quando chegamos à estação de ônibus onde deveríamos descer, ele foi comigo e localizou o outro ônibus que iria para o Chade, o último daquele dia, que sairia em dez minutos.
Depois de pedir a Deus que nos mostre o caminho, precisamos ouvi-Lo com atenção.
Esta viagem estava se tornando perfeita.
“Teu rebanho pastorear / E cuidá-lo bem...” Como repórter, estou constantemente colhendo informações. Mas, o poema me fez lembrar que eu também estava ali para “pastorear e cuidar bem do Seu rebanho”. Nosso propósito, em uma viagem de negócios, ou no meio de um dia no escritório ou em casa, é cuidar bem do Seu rebanho, ou seja, ajudar e abençoar o próximo.
O passageiro que estava ao meu lado, não havia trazido alimento nem água para aquele percurso longo. Então, compartilhei com ele o que eu trouxera.
Além disso, porque o nosso propósito é ajudar o próximo, Deus nos guia e nos protege nessa tarefa. Esse foi um pensamento reconfortante, quando entramos em uma cidade bem pobre, para passar a noite. Não parecia ser o lugar mais seguro do mundo. Mas, confiante de que o Pastor estaria tomando conta de mim, fui dormir um pouco.
“Tua voz escutarei, para não errar...” Depois de pedir a Deus que nos mostre o caminho, precisamos ouvi-Lo com atenção. A certa altura da viagem, no dia seguinte, o microônibus quebrou. Fui tentado a sair rapidamente e procurar um transporte melhor. Mas, uma inspiração serena acabou prevalecendo. Se Deus havia me guiado até ali, Ele não deixaria que eu erasse agora. Em seguida, reiniciamos a viagem.
“Pela senda rude irei, sempre a cantar.” Eu não havia escolhido fazer esse itinerário. Mas, ao fazê-lo, cheguei à cidade determinada dias mais cedo do que chegaria se não o tivesse feito. Resultou que a pessoa, com quem eu precisaria falar, sairia de férias em dois dias. Se eu tivesse seguido o meu itinerário inicial, não teria me encontrado com ela.
Portanto, o meu Pastor me mostrou como andar, e fez com que eu chegasse ali na hora certa. Com muita alegria, fui trabalhar.
