Enquanto escrevo este artigo, ouço um barulho ensurdecedor e toques de trombeta, de um festival que acontece em Bombaim, cidade onde vivo. Não chamaria isso de música, embora pretenda ser. Parece impossível ouvir até minha própria voz, mas, mesmo assim, à medida que fico em silêncio e me volvo a Deus, posso ouvir as mensagens divinas de que necessito. Sinto Sua orientação calma e amorosa, sem ser perturbada pelo barulho exterior.
Muito freqüentemente, quando sinto necessidade de esperança e consolo, nos dias em que tudo o que ouvimos é: “Até quando isso vai continuar?” seja por terrorismo, guerra, furacões devastadores, o tsunami na Ásia ou as inundações provenientes de chuvas torrenciais aqui na Índia, me vêm ao pensamento estas palavras de um hino:
“Ó possamos nós
em silêncio buscá-Lo,
Buscá-Lo com
total consagração,
Procurando assim
ouvir a mensagem,
Longe dos sentidos,
mas abrigados na Alma”.
Fay Linn,
(Christian Science Hymnal, 237).
Agradeço a Deus porque, apesar do barulho, do vento, da chuva torrencial e, até mesmo, das atrocidades mostradas pela mídia, podemos sempre ouvir a voz divina.
Não faz muito tempo, eu estava em um aeroporto, prestes a embarcar, mas o vôo estava atrasado. Já a bordo do avião, o comandante anunciou algumas vezes que o problema estava sendo localizado e que logo decolaríamos. Senti uma sensação de perigo iminente e comecei a orar. Tenho certeza de que outros passageiros também estavam orando.
Vieram-me palavras de hinos favoritos da Christian Science que me deram muita confiança e acalmaram meu pensamento. Compreendi que não estava sozinha, que estávamos todos cuidados, protegidos e guardados por Deus. Além disso, Ele estava com o comandante, com os engenheiros, com os técnicos, e todos estavam sendo guiados pela inteligência divina. Portanto, não havia nenhuma razão para erros ou problemas técnicos. Imaginei que as “asas de misericórdia”, em vez de as asas de metal, estavam levando a todos nós para o alto, e que a compaixão, a ternura e o amor estavam estendidos sobre nós. Em seguida, o comandante informou que trocaríamos de aeronave e logo voamos para nosso destino.
O senhor da poltrona ao lado, obviamente tocado pelos bons pensamentos à sua volta, me perguntou: “Você estava orando? Vi que fechou os olhos”. Perguntou-me se eu podia lhe contar como havia orado e me disse: “Eu me senti tão seguro”. Passamos as seguintes duas horas e meia partilhando idéias sobre nossas orações.
As perdas materiais têm sido e continuarão sendo compensadas pelo amor fraternal, o amor que abençoa a todos, o amor de Deus, o Amor divino, incondicional e eterno.
Terremotos, tempestades, tufões e outras situações desarmoniosas não podem abafar, silenciar ou enfraquecer o consolo e o encorajamento do Cristo, como explica Ciência e Saúde: “Cristo é a idéia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana” (p. 332). Essa voz fala a todo ouvinte atento, em toda parte, guiando-nos, guardando-nos e ajudando-nos a permanecer a salvo da tempestade, na Arca (conceito espiritual de segurança).
Os acontecimentos de hoje estão elevando as pessoas, em toda parte, a desejos mais puros de ajudar, de orar, de partilhar e de ampliar seu senso de família. Por exemplo, durante as recentes e incessantes chuvas em Bombaim, nossa cidade ficou inundada. Mas, juntamente com as águas da enchente, o amor e a compaixão fluíram dos corações, em toda parte. Pessoas ajudando desconhecidos. Ouvi um Cientista Cristão contar como conseguiu acolher quase dez famílias, cujas casas haviam sido completamente inundadas. Ele e sua esposa ficaram no segundo andar e as famílias que acolheram ficaram no térreo. Ele disse que se sentiu muito abençoado por poder compartilhar sua casa.
Outros exemplos de compaixão durante essa crise: duas famílias hindus adotaram dois bebês muçulmanos, cujos pais não puderam ser encontrados. Pessoas se uniram: muitos ajudaram bombeiros a localizar desaparecidos ou partilharam o que tinham em casa com aqueles que haviam perdido tudo.
Não há como negar que tem havido uma grande perda de bens materiais, mas essas perdas têm sido e continuarão sendo compensadas pelo amor fraternal, o amor que abençoa a todos, o amor de Deus, o Amor divino, incondicional e eterno. Que bênção é testemunhar esse amor, bem no meio de uma época tão difícil. Com certeza, Deus sempre está presente. Não importa qual seja a dificuldade.
