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Matéria de capa

Nada pode nos separar do verdadeiro lar

Da edição de fevereiro de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Certa vez, nos anos finais de sua vida, minha mãe escreveu sobre o lugar onde vivia sozinha: “Esta pequenina casa não é meu lar; ela não poderia conter nem metade dele”.

Achei muito libertador aquele conceito expansivo de lar e, recentemente, ponderei muitas vezes sobre ele, durante as cinco semanas após o furacão Katrina, em que tive de me mudar 11 vezes. Durante a maior parte desse tempo, não sabia o que estava acontecendo com minha casa em Nova Orleans, com os móveis e mutias outras coisas que, para mim, significavam muito.

Com certa freqüência, recebia informações sobre novos acontecimentos que podiam colocar minha casa em perigo. Se a casa tivesse resistido ao vento, então poderia ter sofrido com a enchente. Ainda que não tivesse sido atingida pela enchente, havia o perigo de incêndio na vizinhança que já queimara cinco casas próximas ou atrás da minha residência. Depois vieram os saques. O sentimento de vulnerabilidade era generalizado. Mesmo recebendo uma ou mais notícias boas, de várias fontes, meus temores e incertezas continuavam.

A única coisa de que tinha certeza era que teria de orar sobre a situação e incluir a todos em minhas orações. Meu desejo era o de aprofundar minha compreensão espiritual sobre lar, até me sentir em paz, não importando o estado em que minha casa pudesse se encontrar.

Como estudante de Christian Science, sempre fui muito grata pelo ponto de vista diferenciado que a Ciência oferece, a partir do qual podemos avaliar as informações que nos são apresentadas e determinar aquilo que é real, duradouro e verdadeiro, e aquilo que é totalmente inverídico e irreal. A oração na Christian Science começa com a compreensão de que Deus é todo o bem, toda a presença e todo o poder. Ela desafia o medo com a declaração de que “Deus é amor” (1 João 4). Além do mais, essa oração aceita literalmente a declaração de Jesus: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4). Portanto, posso concluir com tranqüilidade e segurança que, não importa quais as circunstâncias apresentadas, tudo é Espírito. Tudo é Amor.

Esse foi meu ponto de partida, à medida que, pelos noticiários, tomava conhecimento das histórias sobre os desabrigados que resultaram do furacão Katrina. Cheguei à conclusão absoluta e totalmente reconfortante de que, por ser a própria expressão do Amor, meu lar era espiritual. Ele jamais havia realmente estado em uma estrutura material. Todas as coisas que eu amava eram idéias que provinham da Mente divina, a fonte e substância de todas as coisas. Para mim, essa era uma nova perspectiva de lar, mas que me ajudou a confiar no fato de que a bondade de Deus não depende de estruturas construídas com mãos humanas, mas sim existe espiritualmente como uma lei no universo. Essa compreensão me ajudou a ficar em paz.

É no Espírito, no Amor infinito, que encontramos nosso verdadeiro lar.

A cada dia, crescia minha compreensão de que nosso verdadeiro lar não é vulnerável. Nem podemos jamais estar ausentes dele. Ele não é limitado. Raciocinei, também, mais ou menos assim: “Somos espirituais e nossa substância está nas idéias do Espírito. Esse é o conhecimento mais prático que posso ter”. Quanto mais reconhecemos isso, mais permanente em nossa experiência se torna a bondade que provém de Deus, proporcionando a provisão adequada para uma habitação segura e um senso de completitude. Além disso, quando adotamos consistentemente essa postura mental, coisas boas acontecem de forma que podem até parecer coincidências, mas por serem tão recorrentes, fica óbvio que são evidências do cuidado confiável do Princípio divino em nossa vida. Então, quando enfrentamos a tentação de que talvez percamos algum bem ou que alguma situação seja difícil demais, não ficamos arrasados.

Isso é muito diferente de pedir a Deus que “desça” e proteja nosso ambiente e pertences materiais. Ao contrário, o desejo é o de elevar nosso pensamento, de chegar mais perto de Deus. Mary Baker Eddy escreveu: “A Ciência divina, que se eleva acima das teorias físicas, exclui a matéria, reduz as coisas a pensamentos, e substitui os objetos do sentido material por idéias espirituais” (Ciência e Saúde, p. 123). Nesse “substituir”, estamos abandonando o senso limitado de bem material, a fim de ver e vivenciar a natureza infinita do bem, presente exatamente onde nos encontramos.

Tanto quanto podemos perceber pela Bíblia, Jesus não tinha casa própria. Respondendo a alguém que desejava segui-lo, ele disse: “As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8). Contudo, ele se sentia em casa, onde quer que estivesse, porque estava constantemente ciente de que ele era um com o Pai.

Mary Baker Eddy, a Fundadora da Igreja de Cristo, Cientista, apreciava o valor e o significado profundo dessa união com Deus. Ela sabia e tangivelmente sentia, que era no Espírito, no Amor infinito, que encontramos nosso verdadeiro lar. Isso a sustentou enquanto escrevia Ciência e Saúde em quartos alugados, com pouca segurança financeira, e quando a oposição às novas idéias que descobrira e comprovara em sua obra de cura, forçou-a a mudarse oito vezes em um ano (ver Twelve Years with Mary Baker Eddy, de Irving C. Tomlinson, 1996, p. 38).

Na experiência da Sra. Eddy, inspira-me o fato de ela nunca ter parado de escrever. Ela não permitiu que o tumulto, a oposição e a falta de um espaço próprio, em um lar que fosse seu, interferissem em seu propósito espiritual. Mais tarde, ela escreveria: “O lar não é um lugar. É um poder” (A Life Size Portrait: Mary Baker Eddy, 1991, p. 237).

Na última semana de setembro, no ano passado, enquanto eu dirigia de Dallas, no Texas, para Lafayette, no estado da Louisiana, várias coisas me passavam pela mente. Nova Orleans ainda não havia sido reaberta, nem para os residentes. Não havia eletricidade nem água potável. Os supermercados estavam fechados e o número telefônico para serviços de auxílio em caso de emergência não funcionava. Eu tinha de estar em Baton Rouge, no mesmo estado, no fim de semana. Sabia onde me hospedar por algumas noites, mas nada além disso.

À medida que dirigia, em oração profunda, pensava sobre o conceito de luz e a certeza que a Bíblia nos dá de que “na tua luz, vemos a luz” (Salmo 36). Compreendi que luz, ou seja, inspiração e clareza, era uma qualidade de Deus e que eu estava impregnada dela. Essa luz não tinha nada a ver com eletricidade. Era um conceito espiritual. Acalentei essa idéia. Mas, também estava preocupada porque necessitava de um lugar que fosse tranqüilo e sossegado, onde eu pudesse me acomodar e preparar uma palestra que deveria dar em Baton Rouge.

Naquela noite, pernoitei na casa de uma amiga. Na manhã seguinte, li o Texto Áureo da Lição Bíblica para aquela semana, que consta do Livrete Trimestral da Christian Science, que era: “Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda” (Salmo 91).

Com isso, simplesmente parei de pensar naquilo que eu necessitava e de tentar imaginar quais seriam as possibilidades. Estivera raciocinando assim: Devo tentar alugar algo ou procurar outros amigos bondosos com os quais poderia ficar? Ao invés disso, simplesmente cedi ao conhecimento de que minha habitação estava em Deus. Sempre havia estado em Deus.

Percebi que o verdadeiro progresso vem para as pessoas e as comunidades, à medida que aceitam e trabalham de dentro para fora, a partir dos fatos espirituais básicos.

Quando os amigos com os quais havia me hospedado, me perguntaram para onde eu iria e como me arranjaria, disse-lhes sobre o versículo da Bíblia que havia me ajudado naquela manhã. Logo depois, meu celular tocou. Era uma pessoa me avisando que a eletricidade voltara em minha casa. Havia luz e tudo o mais que vem com a eletricidade. Compreendi que havia encontrado o lugar que tão desesperadamente necessitava e que esse lugar era exatamente minha própria casa! Portanto, consegui voltar para minha casa naquele mesmo dia e encontrar ordem e paz. Na primeira noite ali pude hospedar uma outra pessoa. Depois que ela partiu, apareceu outra que precisava de um lugar para ficar. Assim como tantas pessoas haviam cuidado de mim, consegui expressar amor em retribuição.

Mas, o que dizer dos meus queridos vizinhos, cujas casas se haviam queimado? O que dizer de todas aquelas pessoas cujas casas haviam sido levadas pela enxurrada? Eu estava mentalmente lutando com tudo isso.

Então, comecei a pensar sobre a definição de profeta, em Ciência e Saúde: “Um vidente espiritual; desaparecimento do sentido material ante a consciência dos fatos da Verdade espiritual” (p. 593). Aquilo sobre o qual temos conhecimento, aquilo de que estamos conscientes, concretiza-se em nossa experiência e assim sendo, torna-se nosso lar. Percebi que o verdadeiro progresso vem para as pessoas e as comunidades, à medida que aceitam e trabalham de dentro para fora, a partir dos fatos espirituais básicos, que são as únicas realidades da existência. Essa perspectiva espiritual é uma forma de oração e é prática. Satisfaz imediatamente às necessidades. Traz à luz soluções positivas, satisfatórias e corretas para todos, ou seja, soluções de paz, esperança e novas oportunidades.

O lar é constituído por nossa expressão individualizada das qualidades de Deus. É nosso de uma maneira que não tem igual e está estabelecido na Mente, que é Deus. Ninguém pode tirá-lo de nós. Confiar nesse fato nos traz alegria. Catástrofes, má administração burocrática, ambição ou egoísmo não podem tocar esse lar nem nos separar dele.

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