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Matéria de capa

Ocupando nosso próprio espaço

Da edição de fevereiro de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Será que cada pessoa tem seu próprio lugar? Além disso, será que esse lugar tem de ser ocupado, seja aqui ou no além? Mary Baker Eddy achava que sim. Ela escreveu em sua autobiografia: “Nenhuma pessoa pode incumbir-se da missão individual de Jesus de Nazaré, ou cumpri-la. Nenhuma pessoa pode tomar o lugar da autora de Ciência e Saúde, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Cada indivíduo tem de ocupar seu próprio nicho no tempo e na eternidade” (Retrospecção e Introspecção, p. 70).

Tenho freqüentemente ponderado sobre essas palavras, principalmente levando em conta o fato de ter vivido em muitos lugares, desempenhado diversas funções e me engajado em inúmeras atividades, ao longo dos anos. Além do mais, por longa experiência, sei que muitas pessoas lutam com a incerteza e a insatisfação com relação ao seu lugar correto. Muitos não se satisfazem com o simples passar de uma seqüência de eventos, sobretudo quando parecem casuais ou sem conexão, talvez até sem sentido e em desacordo com o plano e desejo pessoais.

Uma história publicada em 1952 por Norman Beasley, sobre o movimento da Christian Science, diz que: “...Mary Baker Eddy tinha a convicção de que Deus dá um lugar a cada um e exige que a pessoa preencha esse lugar” (The Cross and the Crown [A Cruz e a Coroa], p. 342). Em seguida, ele cita também um pequeno ensaio anônimo, intitulado “O nosso Lugar”, publicado no The Christian Science Journal, edição de dezembro de 1883. Esse ensaio diz, em parte: “Acredito que Deus tenha reservado a cada pessoa um lugar e, que nessa criação harmoniosa nāo existe nenhum espaço vazio, nada que possa ser deixado de fora, nada que possa faltar, da mesma forma como também não podemos respirar sem ar, ou pensar sem mente, ou imaginar que possamos ser expelidos da ordem divina do ser ou ocupar qualquer lugar que não seja o nosso... Jamais vemos as estrelas disputando lugar umas com as outras, nem o sol em discrepância com a lua; nem vimos Paulo tomar o lugar de Pedro ou João o lugar de nosso Mestre [Jesus] ou vice-versa. Cada um preenche seu próprio lugar, quer tenha conhecimento disso ou não. Quanto a mim, me contentaria na doce consciência de que tenho um lugar conTigo, Amor eterno; quer esse lugar seja importante ou grandioso, humilde ou pequeno, pertenço à Tua criação; portanto, sou Teu.”

Portanto, nosso lugar não é externo, mas está dentro de nós. O que conta não é onde o corpo se encontra, mas onde o nosso pensamento está.

A necessidade de se estabelecer um conceito correto de lugar ocorre a todos nós, não apenas com relação a espaço, localização, moradia ou a uma posição em relação aos outros ou a uma determinada responsabilidade, trabalho ou dever, porém, mais importante, com relação a identidade, atividade, propósito, segurança, até mesmo quando permanecemos em um mesmo lugar, a vida inteira.

A conclusão a que cheguei é que a certeza de“...todos encontrarem seu lugar no grande amor de Deus...” (Miscellaneous Writings, [Escritos Diversos], 1883 1896, p.182), será cumprida, à medida que despertarmos e começarmos a manifestar nosso verdadeiro status como a imagem e semelhança de Deus, inseparável de nosso Criador. Como diz o salmista: “...quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança” (Salmos 17). Se nos volvermos à Mente divina, a reconhecermos, cedermos a ela e, conscientemente, nos alinharmos com ela e com o que ela conhece sobre sua própria criação, então poderemos vivenciar, aqui e agora, pelo menos até certo grau, a saúde, a harmonia, a ordem, a segurança e a abundância que definem o reino dos céus dentro de nós, como nossa eterna habitação.

Nada sobre a Mente divina é sem propósito ou fortuito. Portanto, nada a respeito de sua criação pode estar desordenado, deslocado, discordante, desapossado de qualquer bem ou sujeito ao acaso, conflito, perda, doença, deterioração, morte. Quando alguém cai em si, como o fez o Filho Pródigo na parábola de Jesus (ver Lucas 15), descobre quem verdadeiramente é, assim como sua inalterável união com o Pai, o Princípio divino.

Portanto, nosso lugar não é externo, mas está dentro de nós. O que conta não é onde o corpo se encontra, mas onde o nosso pensamento está. Quando habitamos conscientemente no “esconderijo do Altíssimo”, habitamos em segurança “à sombra do onipotente” (Salmos 91). A necessidade constante é a de alinhar o pensamento com os fatos espirituais do ser, a fim de substituir as dúvidas e os temores humanos pela confiança no controle infalível de Deus. Podemos nos empenhar em ceder para que a vontade de Deus seja feita.

Cheguei à conclusão de que a história humana só tem significado ao demonstrar um plano divino em ação. Os acontecimentos significativos da minha vida ocorreram por intermédio do poder de Deus, quando fui curada mental e fisicamente, guiada e protegida, algumas vezes sem sequer saber o porquê.

Percebi que não só cada um tem de preencher seu próprio lugar, mas também que nosso trabalho, enquanto seja da vontade de Deus, nunca é em vão, nunca pode ser usurpado, invalidado ou destruído por outra pessoa.

Esse desdobramento divino é individual, mas é também universal, porque a Verdade é universal. “O cristianismo do Cristo é o encadeamento do ser científico que reaparece em todas as épocas, mantendo sua óbvia concordância com as Escrituras e unindo todos os períodos no desígnio de Deus. Na Ciência divina não existe emasculação, ilusão, nem insubordinação” (Ciência e Saúde, p. 271). A identidade espiritual, criada por Deus, não pode ser retirada, alterada, nem ser insubordinada ou desobediente ao plano de Deus.

Deus não só reserva um lugar para nós, mas nos prepara para esse lugar. A preparação talvez possa parecer demorada e difícil, não obstante, o propósito da Mente divina é cumprido. O que Deus determina nunca pode ser frustrado.

A Sra. Eddy descreveu seus primeiros 45 anos como uma preparação benevolente de Deus (ver Ciência e Saúde, p. 107). Essa história me ajudou, quando ficou claro que, após 40 anos de matrimônio, eu não mais ocupava um lugar nos afetos de meu ex-marido.

Por ter usado toda minha herança para o sustento de nosso lar e filhos, na época em que meu marido estava desempregado, só podia contar agora com meu próprio salário. Contudo, ninguém pode viver em um lugar que já foi superado. Assim que me dispus a abrir mão de tudo, maiores bênçãos, novos afetos e apoio se desdobraram em minha vida, como nunca antes havia acontecido. Nos anos subseqüentes, meus horizontes se expandiram em maior atividade, prosperidade e felicidade, como nunca ocorrera.

Percebi que não só cada um tem de preencher seu próprio lugar, mas também que nosso trabalho, enquanto seja da vontade de Deus, nunca é em vão, nunca pode ser usurpado, invalidado ou destruído por outra pessoa. Nenhum de nós jamais pode ser desapossado do bem que Deus dá ou ter nosso lugar usurpado no plano divino. Nem mesmo quando a inveja ou o ciúme mais perversos ou a ambição mais implacável parecem agir.

De fato, as idéias de Deus não competem nem rivalizam umas com as outras, mais do que o número 3 compete com o número 4. Cada um de nós, assim como cada número, tem seu único e próprio lugar, valor, função e papel, e ninguém mais pode tomá-los de nós. Cada um de nós tem seu próprio lugar no “grande amor de Deus”, agora e sempre.

A vida, a continuidade, a atividade, o propósito, o status, a posição e a contribuição de cada idéia individual são determinados por Deus. Aqui e no além, esse propósito continua e “as portas do inferno” não prevalecerão contra ele. Existe um “padrão de retidão que regula o destino humano” (Miscellaneous Writings, p. 232). Além disso, a ressurreição ou “uma idéia nova e mais elevada da imoratalidade, ou existência espiritual” (Ciência e Saúde, p. 593), está continuamente sendo alcançada, tanto pessoal como universalmente. Deus está sempre trazendo a Verdade à luz, está sempre fazendo “novas todas as coisas”.

Mesmo se nos deparamos com a rejeição que Jesus encontrou, a hostilidade e a calúnia, a inveja e o ódio, nossa identidade espiritual não pode ser crucificada pela mundanalidade mais do que foi a dele. Além disso, ao carregar sua cruz, triunfamos e alcançamos sua coroa. A voz da Verdade nunca pode ser silenciada, nem podem as pessoas que dão testemunho da Verdade perderem seu lugar, seu status ou seu papel essencial no plano universal de Deus.

O único modo seguro de encontrar esse lugar e preenchê-lo é vivendo o amor que nunca falha. Retribuindo o mal com o bem. Continuando a confiar na capacidade de Deus para transformar em bem toda e qualquer rivalidade ou ambição pessoal, que tenham a intenção de causar dano.

O único modo seguro de encontrar esse lugar e preenchê-lo é vivendo o amor que nunca falha. Retribuindo o mal com o bem.

Independentemente de como a situação pareça, o fato espiritual é que nunca podemos carecer de oportunidade ou realização. Nem podemos ser usurpados ou desalojados do que Deus estabeleceu para nós. “Aquilo que Deus conhece, Ele também predestina; e forçosamente se cumpre” (Não e Sim, p. 37), escreveu a Sra. Eddy. Somente o erro, que algumas vezes aparece em nome do bem ou sob o disfarce do bem, não tem nenhum lugar no que é correto e precisa, em última análise, ser expulso da consciência e da experiência. Também o ódio não tem nenhum lugar no Amor, a fraude nenhum lugar na Verdade, nem a matéria nenhum lugar no Espírito.

Quando discernimos a natureza espiritual e indestrutível de cada idéia na criação de Deus, quando vemos como Deus vê, mesmo por um breve momento, adquirimos a confiança de que nenhuma experiência pode diminuir, consumir ou destruir a essência e a substância do ser divino.

Vi encostas de montanhas inteiras queimadas pelo fogo e despojadas de toda vegetação e, na primavera seguinte, estavam cobertas de relva verde e flores silvestres, mesmo em anos de seca persistente. Portanto, a vida e a vitalidade, o desabrochar e o propósito de cada uma das idéias de Deus, permanecem a salvo na inteligência divina que dá origem a elas. Cada idéia é governada, não pelo acaso ou circunstâncias, mas pelo Princípio divino ou lei que é o Amor infinito.

Quando alcançarmos “nossa verdadeira identidade” pelo Amor, quando amarmos “se o outra odeia”, então teremos “um saldo a favor do bem” (Miscellaneous Writings. p. 104), o único lado que tem realidade e poder. Então, começamos, agora mesmo, a preencher nosso lugar no grande amor de Deus, como nós todos precisamos fazê-lo, eternamente.

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