Certa noite eu dirigia pela estrada que vai de Paris a Berlim. Uma espessa neblina cobria toda a estrada e meu carro atingiu um lençol de gelo e derrapou. Acabou batendo no canteiro central da pista e parou. Meus três amigos e eu conseguimos sair rapidamente do carro e fomos para um lugar seguro. No instante seguinte, outro carro se chocou contra o meu. Ambos os carros ficaram totalmente destruídos. Felizmente, nenhuma das pessoas envolvidas no acidente sofreu qualquer dano, embora os cinco passageiros do outro carro estivessem sem o cinto de segurança.
Enquanto a policia tomava nosso depoimento no local da ocorrência, disseram-me que o outro motorista me culpava pelo acidente, porque eu havia deixado de sinalizar adequadamente meu carro e por não ter acionado o pisca-pisca. Contudo, afirmei que havia ligado tanto os faróis quanto a luz de advertência. O policial me aconselhou a contratar um advogado em Berlim.
Foi o que fiz. O advogado explicou que ele não duvidava da minha honestidade. Contudo, essa honestidade não me ajudaria em nada, porque durante a audiência, seria a minha palavra contra a do outro motorista. Disse-me, em essência: "Essa é uma situação difícil. Se você não conseguir provar que as luzes de advertência estavam ligadas, isso será ruim para você. A única coisa que poderá ajudar é uma perícia técnica. Mas, também não é uma coisa garantida". Finalmente, concluiu dizendo: "Este vai ser um período difícil para você, até que o caso vá a julgamento. Não se desgaste muito".
O resultado da perícia técnica revelou que minha declaração não poderia ser comprovada nem contestada. Dessa forma, ainda estávamos presos às declarações mutuamente contraditórias dos motoristas envolvidos. O advogado disse que minha última esperança se desvanecera.
Minha tarefa era a de confiar em que essa afirmação, que eu sentia, de forma crescente, como uma lei divina, me protegeria e revelaria a verdade para todos os envolvidos.
Ficou imediatamente claro para mim que eu não deveria concordar com esse ponto de vista. Estava com minha consciéncia tranqüila. Sabia que eu era honesto. Lembrei-me da declaração de Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde: "A honestidade é poder espiritual" (p. 453). Há muitos anos, desde que conheço esse livro, acostumei-me a adotar afirmações nele contidas, como regras para minha vida. Freqüentemente descubro afirmações como essa que me impressionam profundamente e, em poucos minutos, me mostram a direção que devo tomar. Atenho-me a elas firmemente e, algumas vezes, durante semanas a fio. Elas têm me guiado, fortalecido e consolado.
Decidi manter essa afirmação relativa à natureza da honestidade em minha consciência, até que essa situação fosse resolvida. Não se esperava que a audiência ocorresse antes dos próximos dez meses e eu estava disposto a fazer um bom uso desse tempo. Tentei compreender melhor o que Mary Baker Eddy queria dizer com a honestidade como sendo poder espiritual.
Nos meses seguintes, tive muitas oportunidades de vislumbrar uma nova luz, de forma compreensiva, com relação àquela afirmação. Em algumas ocasiões, esperava, feliz e otimista, o dia em que minha inocência seria provada diante da lei. Que perspectiva maravilhosa! Contudo, havia também ocasiões em que interiormente ouvia o advogado dizer novamente que minha honestidade não poderia me ajudar em nada. Chegava à conclusão de que ele talvez tivesse motivos para dizer isso, em vista de sua experiência profissional. Entretanto, também dizia para mim mesmo que eu tinha exemplos provenientes da minha vivência e do meu estudo com Ciência e Saúde, os quais confirmavam as afirmações de Mary Baker Eddy.
Estava determinado a confiar no poder que estava por trás daquela afirmação e, acabou ficando claro para mim, que não me cabia a tarefa de especular sobre a maneira como a verdade viria à tona. Minha tarefa era a de confiar em que essa afirmação, que eu sentia, de forma crescente, como uma lei divina, me protegeria e revelaria a verdade para todos os envolvidos.
Percebi que a frase "A honestidade é poder espiritual" faz parte de um parágrafo para o qual a autora escolheu o seguinte título marginal: "Conhecimento e honestidade". Eu sabia que era honesto. Portanto, perguntei-me: "O que sei a respeito da presença de Deus? Acredito, realmente, que Deus tem em Seu poder o fato de que todos os envolvidos virão a conhecer a verdade? Reconhecia verdadeiramente que eu podia aguardar o resultado da audiência com calma, sem medo e sem duvidar?"
Quando pensava na proximidade da audiência, sentia uma expectativa alegre e tranqüila: "quero ver como o Amor divino irá provar minha inocência", pensava.
Havia momentos em que minha confiança no bem crescia e dias em que o assunto não me preocupava. A ansiedade dava lugar a uma certeza de que com Deus todas as coisas são possíveis. Além disso, sabia que não cabia a mim a tarefa de esboçar qual seria a solução do problema. Quando pensava na proximidade da audiência, sentia uma expectativa alegre e tranqüila: "quero ver como o Amor divino irá provar minha inocência", pensava.
Após quase um ano e meio, fui informado de que a audiência aconteceria dentro de poucos dias. Eu não teria de estar presente, o advogado havia tomado todas as providências necessárias e o veredicto seria dado rapidamente.
Alguns dias depois, o advogado me ligou e, assim que ouvi sua voz, percebi que tudo havia saído de forma completamente diferente da que ele esperava. "Você não vai acreditar no que aconteceu", disse-me. O policial, que havia feito o boletim de ocorrência no local do acidente, havia sido citado para comparecer à audiência e ele não tinha nenhuma informação nova a acrescentar. Entretanto, no corredor do tribunal, enquanto aguardava ser chamado, encontrou um colega que deveria testemunhar em outro caso, logo depois. Ao conversarem, descobriram que ambos os acidentes tinham acontecido na mesma noite e ocorreram a apenas uns 100 metros de distância um do outro, quase ao mesmo tempo. Esse outro policial, que vinha dirigindo do outro lado da estrada, havia observado, poucos segundos antes, que um carro amarelo estava parado no lado oposto, com as luzes de advertência e os faróis ligados. Ele havia anotado isso, pouco antes de fazer o boletim de ocorrência do acidente para o qual havia sido chamado. O policial encarregado do meu caso percebeu imediatamente que ele estava falando sobre o meu Renault Simca amarelo. Então, ele pediu que seu colega entrasse com ele na audiência e prestasse esse depoimento decisivo. O tribunal aceitou esse novo depoimento imediatamente e assim minha inocência foi comprovada.
De acordo com o advogado, essa era uma coincidência incrível ou um milagre raramente concebível. Ele nunca havia visto algo assim em toda a sua carreira. Concluiu a conversa dizendo que isso era algo digno de comemoração, e me felicitou pelo veredicto.
Sim, havia algo para comemorar. Sentia uma calma e profunda alegria e gratidão pelo fato de que me havia sido permitido vivenciar, em primeira mão, a mensagem sanadora daquela afirmação: "A honestidade é poder espiritual". Havia constatado como o espírito da mensagem, contida em Ciência e Saúde em afirmações muito concretas e sucintas com as quais eu podia orar, havia me acompanhado e me inspirado durante meses. Você também pode aplicar essas afirmações para si mesmo. *
