Quem poderia imaginar que cozinhar com gás natural teria qualquer conexão com a aptidão da mulher para as ciências e a matemática? Foi uma surpresa para mim, também.
No ano passado, li que os presidentes da Universidade Harvard, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), das universidades Princeton e Stanford discordaram publicamente sobre até que ponto o gênero pode limitar o potencial de realização de uma pessoa em ciências. Seriam os homens congenitamente melhores do que as mulheres em ciências e matemática, conforme o presidente de Harvard, Lawrence H. Summers, deu a entender em uma reunião privada que logo se tornou bem pública?
O que determina nosso potencial para realizar coisas boas em nossa vida e em nossa carreira? A raça? O gênero? A genética? O grau de socialização? Discriminação? Sorte?
Estava ponderando sobre essas coisas quando meu fogão a gás entrou na equação.
Meu marido e eu gostamos de cozinhar e temos um fogão razoavelmente sofisticado, com queimadores que ligam e desligam o gás a intervalos regulares, para manter temperaturas de cozimento extremamente baixas. Quando um dos queimadores parou de funcionar e chamamos um técnico para consertá-lo, ele me informou que o potenciômetro do fogão estava quebrado. Fiquei sabendo que isso é um dispositivo que regula até que ponto a altura da chama pode chegar e o grau de calor que o queimador pode suportar.
Para mim, essa era uma palavra nova e me fez lembrar os “potenciômetros” daqueles presidentes de universidades. Em outras palavras, o que regula a altura a que nós podemos chegar, intelectualmente e nas realizações da carreira?
Nada é muito difícil
Minha própria experiência comprova que algo além daqueles vários fatores físicos e sociais realmente determina nosso potencial. Aprendi que somente Deus, “a Mente infinita, suprema, eterna”, como descrito por Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde (p. 127), regula até onde podemos chegar e o que podemos realizar. Como o profeta Jeremias escreveu sobre Aquele que fez o céu e a terra: “Nada é impossível para Ti” (Jeremias 32:17).
Vislumbrei algo sobre esse fato maravilhoso, pela primeira vez, quando tinha nove anos. Até aquela época, não tinha demonstrado muito potencial acadêmico. Minha saúde era fraca e perdia aulas com freqüência. Um professor me disse, certa vez, que meu histórico escolar anterior não indicava um potencial promissor.
Outras circunstâncias também não prometiam que meu futuro acadêmico seria brilhante. Ninguém na minha família havia se formado em uma faculdade. Alguns não haviam sequer terminado o ensino médio. Contudo, mesmo assim, terminei o ensino médio antes do tempo usual, consegui me formar na faculdade e fazer pós-graduação, desfrutei de uma carreira em tecnologia da computação, que incluía servir como chefe-executiva em informática em uma companhia de porte médio, escrevi vários livros e, freqüentemente, dei palestras em simpósios e seminários da área.
O que havia consertado meu potenciômetro e alavancado meu potencial?
Meu extensor de horizontes
Aos nove anos de idade comecei a freqüentar uma Escola Dominical da Christian Science. Ali, aprendi que Deus é o puro bem, que tudo sabe, a tudo ama e que é a Mente divina. Ele é nosso Pai e Mãe. O Pai-Mãe, a Mente infinita, criou tanto mulheres como homens à imagem de Si mesmo, à imagem da Mente.
Depois da primeira visita àquela Escola Dominical, as alergias e a bronquite crônica, que haviam me atormentado durante toda minha infância, simplesmente desapareceram para nunca mais voltar. Pela primeira vez, tive um histórico perfeito de freqüência na escola.
Dia a dia, ano a ano, meu horizonte se expandia muito além daquele de uma menininha doentia, a caminho de uma adolescência difícil, bombardeada por limitações, hormônios e imagens negativas de mulheres e homens. Por intermédio daquelas aulas semanais na Escola Dominical da Christian Science e da leitura da Bíblia e de Ciência e Saúde, comecei a me identificar como uma criação da Mente infinita, não sujeita a qualquer limitação, mas sujeita somente a Deus, ou seja, à inteligência, à bondade e aos cuidados ilimitados dEle. Descobri que podia ir diretamente à Mente divina, em oração, com qualquer problema que tivesse, porque Ele sabe a solução e sempre dá uma “resposta favorável” (Gênesis 41:16).
Essa mudança de perspectiva me capacitou a prestar uma série de exames de aptidão para entrar na faculdade, um ano antes do prazo normal, com somente algumas semanas de preparação, obtendo notas altas em todos os testes e a nota máxima em um deles. Isso não se deveu à minha capacidade pessoal, como também não foi o resultado do gênero, da raça, do cérebro ou da sorte, mas sim da compreensão espiritual e expressão individual do Deus Todo-poderoso, que dota “o coração com sabedoria” e dá “entendimento à mente” (Jó 38:36, conforme a versão inglesa da Bíblia “New International Version” [Nova Versão Internacional]).
Igualdade no emprego
Durante a faculdade, meu emprego favorito de apenas um período diário era em uma máquina de impressão especializada em revistas científicas. Essas páginas complexas eram preenchidas, literalmente, em grego — caracteres gregos usados em equações matemáticas e fórmulas científicas — e as páginas eram compostas por meio da programação de um microcomputador. Embora tivesse sido admitida para corrigir erros antes da impressão, logo aprendi a corrigir o programa de computador sempre que encontrava um erro. Isso simplificou e acelerou muito o processo de leitura e correção. Logo estava escrevendo programas para compor páginas inteiras.
Comecei a me identificar como uma criação da Mente infinita, não sujeita a qualquer limitação, mas sujeita somente a Deus
Embora estivesse ganhando um salário por hora trabalhada mais alto do que jamais havia recebido antes, ficou óbvio que eu estava ganhando muito menos do que os outros que faziam um trabalho semelhante. Todos eles eram homens e bem mais velhos do que eu. Ainda que tivessem significativamente mais experiência, parecia-me justo que eu estivesse na mesma faixa salarial em que eles, mesmo se fosse no grau inicial dessa faixa. Mas eu nunca havia pedido um aumento de salário antes e estava com medo de fazê-lo!
Sempre que começava a ficar aflita, parava e me lembrava do que a Bíblia ensina sobre a justiça perfeita de Deus. Um provérbio diz: “Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer” (Provérbios 11:1). Garantias como essa me davam a confiança de que qualquer injustiça que existisse seria corrigida.
Coletei informações sobre as faixas de salários para trabalhos semelhantes ao que eu fazia e calculei o que parecia um salário justo por hora trabalhada. Então, marquei uma entrevista com meu chefe, orando para encontrar aquelas boas palavras ditas: “a seu tempo” (Ibidem, 15:23). A reunião transcorreu bem e ele prometeu que examinaria o assunto e voltaria com uma resposta no final do dia, o que ele o fez. Mas, fiquei arrasada quando ele me deu apenas uma fração do aumento que eu havia pedido.
Naquela noite, continuei orando: Deus não permitiria que uma injustiça persistisse, e esse assunto estava, na verdade, em Suas mãos. Ele é, em última análise, o Chefe de todos e não compartilha o poder com ninguém. Nem Ele limitaria nosso potencial de alcançar bons objetivos. Seus olhos não estão cegos aos nossos esforços ou ao nosso valor.
Orei até que me senti em paz, sabendo que Deus ajustaria tudo que precisasse de ajuste e que eu veria Sua perfeita justiça mais claramente em minha vida. No dia seguinte, meu chefe me disse que havia feito um erro de cálculo no meu aumento, e me deu quase toda a quantia que eu havia solicitado.
Minha carreira continua a ser construída sobre o sólido fundamento de me volver a Deus como o único poder que regula o quanto podemos subir e o que podemos alcançar. Se realmente tivermos um potenciômetro, pode ser visto como o Deus ilimitável, que não necessita de genes ou de sorte para alcançar o bem infinito que Ele planejou para cada um de nós.
