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Este é o oitavo de uma série de nove artigos sobre as bem-aventuranças e sua relevância para o mundo do século XXI.

Dê uma oportunidade à paz

Da edição de março de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Nosso vizinho vociferava obscenidades, enquanto dirigia sua caminhonete, para frente e para trás, com o motor roncando alto, sobre a pequena faixa de terra que separava sua entrada de carros da nossa. Meu marido e eu não havíamos imaginado que ele ficaria tão zangado com relação ao pequeno gramado que plantáramos na nossa metade da faixa. Embora ambas as partes estivessem se empenhando para chegar a um acordo, agora a situação atingira um ponto crucial. Era como se uma guerra houvesse sido declarada naquele bairro.

Após o episódio, nosso vizinho partiu como um rojão para o trabalho. Felizmente, meu marido e eu teríamos o dia todo para pensar no que fazer. Diante do dano causado à propriedade, dos insultos verbais e das acusações feitas em público, ouvidas por todos os outros vizinhos, estávamos tentados a reagir emocionalmente.

Contudo, sempre nos empenháramos para encontrar soluções pacíficas, de uma forma ou de outra. Por isso, decidimos que, nesse caso, poderíamos começar pela compaixão por aquele senhor e sua família. Sabíamos que eles estavam sob muita pressão. Tanto o marido como a mulher trabalhavam, bem como seus três filhos adolescentes. Havia um constante entra e sai durante o dia e a noite. Embora não achássemos necessário imaginar que havíamos feito algo errado, meu marido decidiu escrever uma carta explicando o mal-entendido. Ele não somente assumiu a culpa, mas expressou sua disposição em encontrar uma solução que satisfizesse a ambas as partes.

Enquanto meditava sobre o incidente, lembrei-me da única vez em que o termo pacificadores aparece na Bíblia. Está em uma das bem-aventuranças que Jesus incluiu em seu Sermão do Monte: "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus" (Mateus 5:9). Para mim, essa declaração é libertadora, pois indica que a paz não é somente uma lei moral, mas também uma promessa divina. É a promessa de que, quem quer que apóie a paz, será incluído entre os preciosos filhos de Deus. Além disso, essa pessoa precisa apenas pôr essa pacificação em prática, para colher os benefícios.

Que melhor exemplo a ser seguido, do que o do homem que proferiu essas palavras? Jesus viveu pacificamente com os samaritanos, estrangeiros que eram considerados proscritos pelos judeus, e até mesmo os ensinava e os curava. Foi um pacificador com as tropas romanas de ocupação, quando curou o servo de um centurião. Quando confrontado por homens que surpreenderam uma mulher em flagrante adultério, Jesus os ajudou a ver que não tinham o direito de a apedrejarem e eles saíram do local sem ter como argumentar. Em todos esses exemplos, ele optou por uma solução pacífica e sempre obteve a cura como resultado.

Vale a pena examinar o fundamento das demonstrações de paz contundentes, porém práticas, de Jesus. Desde sua infância, ele lia as Escrituras hebraicas. Sem dúvida, seu conceito sobre paz se originou, pelo menos em parte, de uma compreensão da palavra semita shalom, usualmente traduzida como "paz" no Velho Testamento. Usada tanto como cumprimento de saudação, como de despedida, shalom transmite uma exigência constante de se trazer bênção e harmonia a todos os relacionamentos, desde o momento em que as pessoas se encontram até o em que se despedem. Pense em como este versículo de Salmos compara a paz com a força: "O Senhor dá força ao seu povo" (Salmo 29). Fica claro que a pacificação inclui muito mais do que espalhar alegria e boa vontade. Sherman Johnson, um estudioso da Bíblia, diz: " 'Paz', no Velho Testamento, significa mais do que somente a ausência de luta, é bem-estar pessoal e social, no sentido mais amplo da palavra" (The Interpreter's Bible, Nashville, Tennessee, Abingdon Press, 1951-1957, Vol. 7, p. 286).

A "Strong's Bible Concordance" (Concordância Bíblica, de Strong) sugere que a palavra grega para paz provém do verbo que significa "unir". Então, pacificação implicaria unificação. Um único Genitor divino, uma única família. Portanto, um pacificador reconhece que, com esse Genitor divino, todas as pessoas são irmãos e irmãs e, conseqüentemente, capazes de verem a si mesmos e aos outros como filhos do único Deus. Isso não é dessemelhante das palavras de abertura de Jesus na Oração do Senhor: "Pai Nosso". Nós todos somos filhos do mesmo Pai. Faz sentido, então, que a recompensa por ser um pacificador seja a de reconhecer nossa identidade como filhos de Deus, conforme afirma a segunda parte da bem-aventurança. Gosto também de pensar em como essa bem-aventurança transmite o apreço de Jesus pela inocência, estima e receptividade de cada um de nós, como filhos de Deus.

Agora, avance rapidamente a fita para cinco anos após aquele desagradável incidente com nosso vizinho. Os vizinhos são os mesmos, mas agora somos todos muito bons amigos. A faixa de terra entre nossas duas entradas de carro está coberta pelo tipo de vegetação que nosso vizinho desejava. A nossa recompensa é que a área ficou inteiramente a cargo de seus cuidados. Entretanto, mais importante do que isso é a boa-vontade que existe entre nossas famílias. Favores são feitos de ambos os lados e sempre reina um mútuo respeito. Que recompensa não termos nos envolvido naquela disputa, mas, ao invés disso, termos buscado uma solução pacífica e procurado compreender o ponto de vista dele.

A lição que aprendi com essa situação é que o ensinamento dado por Jesus de voltar a outra face está realmente fundamentado na pacificação. Ele sugere a necessidade de se fazer todo o possível para promover a paz, mesmo que o mal feito seja imerecido. A pacificação inclui reconciliação em uma situação de separação e ódio. Uma reconciliação que envolve deixar o passado para trás. Naturalmente, isso não significa que alguém deva ser servil ou tolo. Mas, confiar em que Deus tem uma resposta que abençoará cada um dos envolvidos abre o caminho para uma solução pacífica, sempre.

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