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Matéria de capa

Abra a mente para soluções não convencionais

Da edição de março de 2007 dO Arauto da Ciência Cristã


Há alguns meses, decidi parar de pensar que estava velha demais para começar a andar novamente de bicicleta. Então, pulei para dentro de meu carro, fui para uma loja de bicicletas e comprei uma para mim, na cor rosa-shocking.

A princípio, estava um pouco sem firmeza, mas logo peguei o jeito. Sentia-me tão livre! Não pelo fato de voltar a andar de bicicleta, mas por ter ousado fazer algo fora do convencional.

Assim como a maioria das pessoas, às vezes eu costumava colocar impensadamente o rótulo da idade em mim mesma e nos outros. A sociedade tende a juntar as pessoas em grupos, como naqueles pequenos campos dos formulários de recenseamento. As crianças são adoráveis, exceto quando são exigentes e teimosas. Os adolescentes também são divertidos, exceto quando são “avançados” demais. Os idosos podem ser mais bondosos, mais gentis e mais sábios, exceto quando ficam apegados às tradições, teimosos e rabugentos. Não importa a forma como encaramos a idade, mas aceitar opiniões ditas “convencionais” acaba nos limitando.

E se passássemos a nos ver sob uma perspectiva completamente diferente?

Então, por que todos nós associamos rapidamente certas características a determinadas faixas etárias? Parece-me que a premissa por trás dessa forma de pensar é que a identidade das pessoas está ligada a um corpo material, que habita um planeta, o qual, por sua vez, completa uma nova translação ou giro ao redor do sol a cada ano. Mas, e se dissociarmos nossa identidade dessa forma física? E se passássemos a nos ver sob uma perspectiva completamente diferente?

Esse tipo de perspectiva se abriu para mim, quando era jovem e lutava contra o pesar. Em busca de respostas, deparei-me com algumas palavras de Mary Baker Eddy, que dissolveram minha tristeza: “Deus é Tudo, em tudo. O que pode ser mais do que Tudo?” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883-1896, p. 26). Essa foi uma idéia completamente nova para mim. Contudo, com essas palavras repicando em meus ouvidos, comecei a compreender algo sobre a natureza espiritual da existência. Aos poucos, foi despontando em minha consciência o fato de que se Deus é Espírito, tudo o que Ele cria precisa ser inteiramente espiritual, ilimitado e eterno. Compreendi que isso incluía tanto minha identidade e individualidade, como também a do ente querido que perdera. Lentamente, a tristeza começou a se desvanecer. Ao invés de me sentir melancólica e infeliz, comecei a me animar e a viver a vida novamente.

Esse importante momento me lançou em uma grandiosa jornada espiritual. Ao invés de ficar resignada a uma “vida tímida, rumo ao túmulo”, compreendi que poderia planejar uma vida de “expectativas empreendedoras”. Sendo a existência inteiramente espiritual, inextricavelmente conectada ao infinito, ilimitada e irrestrita, conclui-se que a infinidade é a medida do nosso ser. Sem limites de idade ou rótulos.

A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que captaram vislumbres da natureza infinita da existência. Temos Isabel, que havia passado da idade de engravidar e deu à luz um filho. Também, o profeta Samuel que, quando ainda menino, já posuía sabedoria e discernimento para ouvir a voz de Deus. Além disso, temos Enoque, que viveu 365 anos antes de transcender a morte, como explica a epístola aos Hebreus, por: “...haver agradado a Deus” (Hebreus 11:5).

Uma boa lição para todos nós, nos dias de hoje

Como essas pessoas superaram as restrições impostas pela idade? Talvez seja importante notar que todas elas eram espiritualizadas, mais focadas em Deus do que na matéria. Talvez essa seja uma boa lição para nós hoje, ou seja, passar menos tempo pensando a respeito das características materiais das pessoas e mais tempo focados nas qualidades espirituais que elas expressam, qualidades essas que têm sua origem em Deus e que são, portanto, completamente independentes da matéria. Pureza, bondade, gentileza, inteligência e generosidade fazem parte da individualidade de cada um de nós e elas não são limitadas, nem definidas pela idade.

A Sra. Eddy, que fundou um jornal quando estava com mais de oitenta anos, tinha isto a dizer sobre o assunto de idade: “Os registros de nascimentos e de óbitos são outras tantas conspirações contra a natureza perfeita do homem e da mulher” (Ciência e Saúde, p. 246). Ao contrário, ela explicou: “Nossos pensamentos dão origem às nossas ações; eles criam o que somos” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 203). Portanto, embora eu participe de muitas festas de aniversário, tento não registrar a idade de ninguém. Prefiro pensar em termos de progresso, ao invés da contagem dos anos. Por exemplo, como alguém está pensando de forma diferente hoje, ou seja, de forma mais progressiva, mais espiritual, do que o fazia ontem? Estão se aproximando mais de Deus e da visão que Ele tem sobre quem eles são?

Gosto muito da maneira como uma antiga tribo de aborígenes australianos lida com essa idéia. Depois de tomar conhecimento do costume de celebrar os aniversários com bolos, músicas e presentes, os aborígenes perguntaram: “Por que fazem isso? Para nós comemoração significa algo especial. Não há nada de especial em se ficar mais velho”. Quando lhes perguntaram o que eles costumavam comemorar, responderam: “Ficar uma pessoa melhor. Comemoramos se nos tornamos uma pessoa melhor, mais sábia este ano do que no ano passado. Somente a própria pessoa sabe. Portanto, é ela que vai dizer aos outros quando está na hora de fazer a festa”.

Aquecer nosso pensamento com compaixão e receptividade, capacita-nos a agir tomando como base uma vida atemporal, a desenvolver em nós mesmos e a ver em outras pessoas as qualidades, que provêm de Deus.

Cada momento se torna uma oportunidade

Para mim, isso indica a importância de se deixar para trás uma abordagem linear a respeito da vida, ou seja, começando com a inocência e a inexperiência, evoluindo em direção à sabedoria e à experiência e concluindo com a inevitável velhice e decrepitude, e passar a ver a vida como espiritual, que nunca teve começo nem fim. Temos de vê-la como uma experiência infinita, na qual um Deus eterno e Sua eterna criação coexistem para sempre, completamente independentes da materialidade. Com essa perspectiva de vida, cada momento se torna uma oportunidade para aprender mais sobre Deus e sobre o nosso relacionamento com Ele, para compreender mais sobre quem somos como os seres já criados por Deus e para ver os outros da mesma maneira.

Uma citação importante da Sra. Eddy se encaixa nesse conceito espiritual: “Deus expressa no homem a idéia infinita que se desenvolve eternamente, que se amplia e, partindo de uma base ilimitada, eleva-se cada vez mais” (Ciência e Saúde, p. 258). Gosto muito dessa idéia sobre o homem, significando tanto homens como mulheres, que parte de uma base ilimitada e se desenvolve continuamente. Para mim, isso significa transcender as limitações e progredir espiritualmente, momento a momento.

Então, como fazer isso? Como continuar a nos desenvolver? Bem, manter nosso pensamento ativo ajuda, caso contrário ele fica estagnado em um conjunto de crenças imutáveis e opiniões inalteráveis, tal como canos com água congelada. Abrimos a torneira e nada acontece. É necessário algum tipo de “aquecimento”, para que a água flua novamente. Da mesma forma com os pensamentos, Aquecer nosso pensamento com compaixão e receptividade, capacitanos a agir tomando como base uma vida atemporal, a desenvolver em nós mesmos e a ver em outras pessoas as qualidades de sabedoria, renovação, inocência e afeição, que provêm de Deus e são apoiadas por Ele, não importa qual seja nossa “faixa etária”.

Estou disposta a abandonar a idéia de que a viagem que a terra faz ao redor do sol tenha alguma coisa a ver com quem realmente somos. Prefiro continuar vigiando a “viagem” que nossos pensamentos estão fazendo. É dessa forma que sei se realmente estou progredindo e que descubro o potencial que os outros também têm para o progresso. Naturalmente, não há nenhuma razão que possa me impedir de fazer isso, enquanto passeio em minha bicicleta nova!

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