A chamada na capa da revista The Economist (O Economista) da semana de 7 a 13 de outubro de 2006, diz: “Busca por talento: por que está cada vez mais difícil de se encontrar?” Talento é definido nessa pesquisa como a capacidade de resolver problemas complexos ou criar novas soluções. No interior da revista, uma reportagem especial de 15 páginas descreve como esse tipo de talento se tornou a mercadoria mais procurada do mundo, especialmente pelas indústrias de alta tecnologia, e como sua escassez está causando uma concorrência feroz em todo o globo. A batalha, diz a reportagem, atualmente não é apenas entre empresas que competem por recursos humanos, mas também entre países que se afligem com a “batalha dos cérebros” e com o “equilíbrio do poder”.
Sugerimos que a procura por talento seja feita em um lugar diferente, dentro de cada um de nós, onde as capacidades especiais já existem porque Deus as colocou ali. Pela oração, podemos trazer à luz os talentos, os dons espirituais, que foram distribuídos abundante e uniformemente a todos, por intermédio do amor e da generosidade de Deus.
No esforço para identificar esse talento espiritual, a Bíblia vem em nosso auxílio, oferecendo-nos orientação. No capítulo 12 de 1 Coríntios, por exemplo, o apóstolo Paulo explica que a capacidade de aconselhar sabiamente, compreender a Deus, confiar completamente nEle, comunicar-se com eficiência com os outros, ensinar Sua mensagem e curar espiritualmente, são dons que recebemos do nosso Criador. Paulo chama atenção para o fato de que, embora alguns desses dons sejam mais evidentes em uma pessoa do que em outra, ou expressados individualmente de maneiras diferentes, eles estão disponíveis a todos, agora mesmo, apenas esperando para serem descobertos: “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” (1 Cor. 12:4—6).
Paulo também alerta seus ouvintes a não usarem suas capacidades como meios para manipular os outros ou servir a seus próprios interesses. Seu valor, indica ele, encontra-se, em última análise, no bem que trazem ao mundo. Com relação a isso, a revista The Economist observa que abastecer-se de talentos nem sempre protege as empresas de sucumbir à ganância e à má-administração. A revista deixa claro que há mais coisas envolvidas em uma boa gestão do que contratar o melhor e o mais brilhante. Empresas focadas em talento têm um interesse especial em manter “padrões éticos elevados”.
Contudo, o que as pessoas podem fazer? Na verdade, muito. Em uma época em que até mesmo as pessoas honestas, às vezes, perdem de vista suas bênçãos, todos nós temos uma contribuição vital a fazer para estabelecer o padrão mais elevado de todos: “...paz na terra e boa vontade entre os homens” (Lucas 2:14, conforme a Bíblia inglesa). Além disso, esse é o resultado natural, particularmente no que diz respeito a uma conscientização crescente de que Deus é Princípio, o Legislador universal.
“Todos somos capazes de fazer mais do que fazemos”, escreveu Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência do Cristo em 1866. Seu livro, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, apresenta Deus como a Mente divina, na qual cada um de nós pode aprender a confiar, na busca por orientação, inspiração, e capacidade para tudo que seja necessário, a fim de resolver problemas pessoais, como também globais, curando corpos e regenerando vidas. Seu livro declara: “A Mente não depende necessariamente de processos educativos. Possui por si mesma toda beleza e poesia, e o poder de expressá-las” (p. 89). À medida que as pessoas recorrem à Mente divina para que ela se expresse, esta manifestação talvez nos instigue a orar mais e com mais eficácia, a amar de forma mais altruísta, a demonstrar mais humildade de coração e mais generosidade de espírito.
Somos todos livres para estimular e desenvolver nossas capacidades espirituais individuais, atribuindo a Deus o crédito por tudo o que Ele nos deu espontaneamente. Livres do fardo de nos compararmos uns com os outros e da insatisfação de invejar a capacidade alheia, podemos depositar cada vez mais confiança na Mente divina e ardentemente esperar pela revelação da contribuição especial que cada um tem a fazer no desígnio de Deus. Sempre que Deus é honrado como a fonte de tudo, nossas capacidades se combinam para desempenhar funções específicas, promovendo Seus bons propósitos, tornando mais conhecido o potencial de cura e regeneração do Cristianismo.
A oração traz à luz os talentos espirituais verdadeiros, como abundantes, flexíveis, renováveis, expansíveis, em toda nossa volta, para que os descubramos (às vezes, dia após dia), os desenvolvamos, os celebremos e os partilhemos com outras pessoas. A Ciência Cristã indica que eles estão perpetuamente ativos na consciência de cada um. Por essa razão, nunca será necesário ter de lutar por eles. Eles não tornam uma pessoa mais poderosa do que outra. Tudo aquilo que Deus dá é para o benefício do universo inteiro. Nem o tempo, o espaço, a geografia, a raça, nem a nacionalidade podem afetar a imparcialidade de Deus. Poderíamos dizer que o “equilíbrio do poder” já está estabelecido espiritualmente, de forma perfeita.
Essa é a procura celestial por talento, na qual todos podemos nos concentrar. Nossos dons espirituais incluem, de forma inquestionável, a sabedoria e o poder para “resolver problemas complexos” e revelar novas e antigas soluções. À medida que o mundo compreender essas verdades essenciais, o talento divino se tornará cada vez mais evidente, em toda parte.
