Ao usar uma camiseta com o slogan: “A Liberdade não é livre”, pensei: “Qual é o preço da libertação ou liberdade? Do que é que mais preciso me libertar”?
Wendell Philips escreveu: “A vigilância eterna é o preço da liberdade...” Isso mostra que temos de ser vigilantes para rechaçar, de forma ativa, qualquer coisa que tente nos escravizar.
Perguntei-me: “Do que desejo me libertar”? “Que tal livrar-me da crença de que a vida seja fundamentalmente material e de que sua qualidade tende a se reduzir, à medida que envelhecemos”? Certamente, não desejava vivenciar as perdas, a solidão, a decrepitude e a inatividade que estão, muitas vezes, associadas a pessoas que, como eu, já passaram dos 75 anos.
Quando aceitamos que somos seres materiais, admitimos a crença de que haja um começo e um fim para tudo, incluindo nossa própria vida. À medida que ficamos mais velhos e, depois, muito mais velhos, parece que vivemos em um corpo sujeito ao envelhecimento, ao invés de no Espírito, Deus. Essa sensação de ser material e sujeito a dores, doenças e sofrimentos associados à idade, pode nos fazer sentir separados da bondade e do amor de Deus.
Ao longo dos anos, ao orar a respeito desse assunto, compreendi que os opostos existem apenas no reino mortal das coisas. Esse é o único lugar onde parece existir Espírito e matéria; bem e mal; saúde e doença; imortalidade e idade; abundância e escassez; força e fraqueza; memória e esquecimento; companheirismo e solidão.
A Bíblia nos diz que: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” Gênesis 1:31). Nenhum oposto aqui. A criação de Deus é espiritual, boa, completa, atemporal, forte, abundante, acompanhada pelo Amor divino no eterno agora, e é verdadeiramente livre. Portanto, a libertação de qualquer coisa que seja menos do que boa resulta da eterna vigilância que nos capacita a reconhecer que somos a criação inteiramente espiritual de Deus e a rejeitar o que seja oposto à Sua bondade.
Uma maneira de fazer isso é orar para que a verdade sobre nossa identidade espiritual se desdobre em nossa consciência, por meio da ajuda do Cristo sempre presente. Mary Baker Eddy mencionou esse tipo de oração, quando escreveu em Ciência e Saúde: “A verdade contrária relativa a qualquer doença é necessária para curá-la. O declarar a verdade tem por fim repreender e destruir o erro” (p. 233). Jesus nos ensinou: “...conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).
Constatei isso quando, depois de muitos anos como corretora imobiliária, pensava em me aposentar e voltar para a faculdade, para me formar em aconselhamento, ou seja, como Monitora de Relação Interpessoal de Ajuda. Entretanto, obstáculos assustadores apareceram em meu pensamento. Como poderia assumir esse desafio educacional na minha idade? Qual seria a solução financeira? Mesmo que eu realmente me formasse, será que alguém me empregaria?
Contudo, sempre que me encontrava em situações de aconselhamento informal entre amigos, parecia tão natural ter esse desejo. Portanto, ao invés de pensar sobre as razões pelas quais não poderia fazê-lo, afirmava que, como reflexo de Deus, faria somente aquilo que Ele me orientasse a fazer. Dessa maneira, entreguei a Deus meu desejo de mudar de carreira, sabendo que Ele estava no controle.
Logo depois, li em um jornal que uma faculdade local iniciaria um curso de aconselhamento. Liguei, marquei uma entrevista e fui imediatamente aceita no programa. Tudo aconteceu tão rápido e sem esforço que intuitivamente soube que era o certo a fazer. Logo em seguida, herdei dinheiro suficiente para me aposentar do ramo imobiliário.
Já fazia quase 50 anos que havia colado grau de bacharel. Esforçava-me para negar as sugestões de que a idade poderia limitar meu êxito nesse curso.
Tive uma fé absoluta de que a Mente me orientaria a cada passo do caminho. Houve muitos desafios, que foram vencidos com o apoio de uma Praticista da Ciência Cristã.
Certa vez estava com dificuldades para escrever uma tese e simplesmente parecia que não conseguiria desenvolvê-la. Orei assim: “Deus, se tenho de fazer isso, ponha as palavras em minha boca, da mesma forma que fizeste com Moisés, quando ele se sentiu inadequado. Não posso fazer isso sozinha”. Liguei para uma praticista para que orasse comigo, a respeito desse problema. Ela me lembrou de que a Mente estava se expressando. Logo depois, um conceito maravilhoso para esse trabalho se desdobrou em minha mente e obtive nota maxima na tese.
Memorizar sempre foi um desafio, mas compreendi que educação tinha a ver com expressar a inteligência de Deus, não com memorizar palavras.
Foi a convicção de que eu era orientada por Deus, que me capacitou a completar esse programa de mestrado. Consegui me graduar com honras em cinco anos.
Com a idade de 71 anos, iniciei uma nova carreira de Monitora de Aconselhamento à Vítima em um abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica. Essa tem sido uma experiência maravilhosa, como também uma jornada de vitórias sobre as limitações que a idade tenta impor.
À medida que anulo as pretensões de idade e me conscientizo de que elas não têm nada a ver com atividade correta, companheirismo e com o desdobramento contínuo da bondade de Deus, vivencio minha liberdade de novo a cada dia. Além do meu emprego, faço ginástica, jogo tênis, ajudo a manter os jardins de minha igreja e desfruto de uma vida social ativa.
A Sra. Eddy nos fala em Ciência e Saúde: “A Ciência Cristã ergue o estandarte da liberdade e grita: 'Segui-me! Fugi da escravidão da doença, do pecado e da morte!' Jesus traçou o caminho. Cidadãos do mundo, aceitai a 'liberdade da glória dos filhos de Deus', e sede livres! Esse é o vosso direito divino. Foi a ilusão do sentido material, não a lei divina, que vos atou, vos tolheu os membros livres, vos mutilou as capacidades, vos debilitou o corpo e vos desfigurou a tábua da existência” (p. 227).
Somos livres quando vigiamos e revertemos as sugestões da crença mortal com a verdade de que a bondade de Deus é atemporal e está sempre presente, aqui e agora.
