A bruxaria é uma crença que apavora as pessoas de diversas culturas. Muitas vezes, desgraças como doenças, acidentes, negócios falidos, abortos e esterilidade são atribuídas a ela.
Se a denomino uma "crença" é porque o estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde me levou a compreender que a bruxaria não reflete a realidade e que seus aparentes efeitos não passam de uma crença. No primeiro capítulo de Gênesis, Deus criou tudo e viu que era muito bom. Esse "tudo" não deve incluir o que chamamos de bruxaria, senão Deus poderia ser acusado de ser o autor de todos os males que parecem se associar a ela. Ciência e Saúde, com sua explicação espiritual, nos permite compreender melhor a verdade revelada na Bíblia, verdade essa que, como Jesus declarou, "liberta" do mal (João 8:32) seja ele supostamente resultado do acaso ou da maldade.
Passei por uma experiência que me levou a entender que, quando a lei de Deus é compreendida, ela nos livra dessa pretensão chamada bruxaria. Em 1990, perdemos nosso pai e, como é o costume em nossa tribo, houve um conselho de família depois do enterro. Os membros da família paterna, irmãos, irmãs e sobrinhos de nosso pai, exigiram que cedêssemos uma parcela da herança a eles, embora ela pertencesse por direito a nós, filhos, de acordo com o código de família, uma nova lei em vigor no nosso país no que diz respeito à sucessão.
Sou o irmão mais velho e me opus categoricamente. De acordo com o costume de minha tribo, recusar a obedecer o conselho de família equivale a uma declaração de guerra. Essa "guerra" aconteceria no mundo dos espíritos e as poderiam ser fatais. Meus irmãos, minhas irmãs e principalmente eu, deveríamos nos preparar para o pior.
Três anos depois desse conselho de família, perdemos nossa mãe e um de meus primos paternos declarou abertamente que minha teimosia em não ceder à vontade deles causara a morte de nossa mãe. Acrescentou que, se eu continuasse na minha obstinação, eu seria o próximo a morrer e depois meus irmãos. Sempre com intuito intuito de nos amedrontar, esse mesmo primo me disse outra vez que eram "eles", a família de meu pai, que asseguravam nossa proteção e que se nós desobedecêssemos à ordem tradicional, eles deixariam de nos proteger e estaríamos à mercê dos "predadores", ou seja, as assim chamadas forças do mal. Essa também era uma crença muito divulgada na tribo.
Face a essa ameaça aberta, reuni meus irmãos e irmãs para compartilhar os frutos de meu estudo da Ciência Cristã, que eles ainda não conheciam. Contei a eles que tinha aprendido em Ciência e Saúde que Deus é a única vida do homem criado à imagem e semelhança dEle, o Espírito infinito. Nossa natureza, então, é espiritual e indestrutível. Também lhes disse que nós deveríamos eliminar o medo, cujo efeito era o de nos paralisar. Tínhamos de tomar consciência do Amor divino, sempre presente, o qual protege a cada um de Seus filhos. Embora, no início, ficassem incrédulos e, às vezes, me pedissem para simplesmente ceder aos pedidos dos tios para "ficarmos em paz e com vida", começaram a tomar coragem.
Perseverei na oração, dedi-quei-me a ler e a compreender a Bíblia, Ciência e Saúde, as revistas da Ciência Cristã e a assistir regularmente às reuniões semanais de testemunhos em minha igreja filial da Ciência Cristã, para ouvir como os outros haviam enfrentado seus problemas ao se apoiar unicamente na oração. Em Ciência e Saúde, dois capítulos abordam especialmente as crenças sobre os espíritos e sua suposta capacidade de prejudicar: "Ciência Cristã versus Espiritismo" e "Desmascarado o Magnetismo Animal". Esses capítulos mostram, de maneira muito lógica, que a compreensão da onipotência, onipresença e onisciência de Deus, anulam um poder oposto a Deus. Esta passagem, de Ciência e Saúde, realmente chamou minha atenção: "A crença de que alguém, como espírito, possa controlar outrem, como matéria, contraria tanto a individualidade como a Ciência do homem, pois o homem, é imagem. Deus controla o homem, e Deus é único Espírito" (p. 73). Outra passagem desse livro amplia esse conceito: "Nenhuma mente mortal tem poder, direito, ou sabedoria, para criar ou para destruir. Tudo está sob o controle da Mente única, ou seja, Deus" (p. 544).
O desafio a ser vencido era grande, pois com freqüência eu ficava muito doente, a ponto de muitos membros da família acharem que o pior estava para me acontecer. Mas, todas as vezes, graças à oração que reconhece que todo o poder é de Deus, eu obtinha a cura. Às vezes, o problema se apresentava sob a forma de falta de recursos, que alguns podiam atribuir a ataques maldosos, mas a persistência na oração me permitiu encontrar soluções. Durante todo esse período que se seguiu à minha nova compreensão da Ciência da Vida, ficou bem claro que eu devia amar meus tios e meus primos como filhos de Deus. Cada vez que um deles tinha um problema, eu o visitava para reconfortá-lo, o que os surpreendia muito.
Hoje, quinze anos depois daquele primeiro conselho de família ocorrido após o enterro de meu pai, outro conselho se reuniu, mas dessa vez para me entregar todos os títulos de propriedade de todas as casas de meu pai e para dizer que todos esses bens pertenciam a mim, a meus irmãos e irmãs e que nós poderíamos dispor deles da maneira que achássemos melhor. Diante dessa decisão inesperada, eu, meus irmãos e irmãs concordamos, a fim de manifestar o amor de Deus, em vender uma das propriedades e entregar uma parte da some adquirida com a venda, para a família de nosso pai.
Crer em Deus, compreendê-Lo, é parar de alimentar a crença em qualquer outro poder, seja ele denominado bruxaria ou qualquer outra coisa, como diz este versículo bíblico: "Não há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o Senhor" (Prov. 21:30) Essa experiência me fez compreender que Deus é o único Espírito; que Ele é supremo, governa cada um de nós e é nosso único protetor.
