Nos capítulos 7 e 8 João registra a forte oposição enfrentada por Jesus, incluindo inúmeras ameaças à sua vida com argumentos contra sua obra. Nesses dois capítulos Jesus responde a vários desses argumentos.
Capítulo 7
1-3 Apesar da insistência de seus irmãos para que fosse à Festa dos Tabernáculos, Jesus afirmou que seu tempo ainda não havia chegado, como vemos no versículo 6. O motivo parece estar ligado ao fato de que Jesus não queria ir à Festa dos Tabernáculos como um mero peregrino, mas pretendia ir para falar ao povo e dar uma visão mais espiritual sobre as comemorações que costumavam ocorrer durante a festa.
Referência à Festa dos Tabernáculos aparece no Antigo Testamento em Levítico 23:34 e em Êxodo 23:16. Era uma das três festas às quais todos os israelitas adultos do sexo masculino tinham obrigação de comparecer. Era também conhecida como Festa das Cabanas, porque os peregrinos dormiam em cabanas durante os sete dias de celebrações e como Festa da Colheita, por celebrar o fim da safra e o cuidado de Deus durante os 40 anos que o povo judeu passou no deserto.
Um dos dias dessa festa era conhecido como o Dia da Cerimônia das Águas Correntes, pois celebrava a provisão de água no deserto quando Moisés feriu a rocha e deu água para o povo (ver Números 20:2-13). Nesse dia, que seria o último dia da Festa dos Tabernáculos, Jesus se referiu a si mesmo como a fonte da água viva (João 7:38).
Havia também o dia do ritual de acender lâmpadas, ao qual Jesus se referiu em João 8:12: “...Eu sou a luz do mundo...”
25-36 Segue-se a discussão dos judeus com Jesus sobre sua origem divina em contraposição ao ponto de vista material dos judeus, que discutiam sobre a cidade natal e a procedência do Mestre. Temos a resposta clara e direta de Jesus, a qual destaca novamente sua união com o Pai, sua origem divina e sua inseparabilidade dEle: “Eu o conheço, porque venho da parte dele e por ele fui enviado” (v. 29).
37-53 No ponto alto da festa, Jesus repete o que falara à mulher Samaritana que ele encontrara no poço (ver João 4:10-14): “...Se alguém tem sede, venha a mim e beba. ...do seu interior fluirão rios de água viva” (v. 7:37, 38).
Na Bíblia encontramos inúmeras referências à água, água viva, fonte de água, fato que denota o incessante fluir da verdade espiritual, da idéia divina a se manifestar em nossa vida, como nestes dois versículos de Isaías: “...Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas....” (55:1) e “...serás como um jardim regado e como um manancial cujas àguas jamais faltam” (58:11).
A mesma referência aparece também no glossário de Ciência e Saúde, na definição de rio: “Canal do pensamento. Quando manso e não obstruído, simboliza o curso da Verdade...” (p. 593).
Capítulo 8
3-4 Como os escribas eram responsáveis por copiar e interpretar a lei de Moisés, criaram um complicado sistema de ensinamentos conhecido como “a tradição dos anciãos”, o qual foi condenado por Jesus por se basear estritamente na tradição e não na inspiração divina.
5 A lei mosaica estabelecia a condenação tanto da mulher como do homem adúlteros (ver Levítico 20:10 e Deuteronômio 22:22). No entanto, a cena que se apresentou foi montada para acusar Jesus e não a mulher, conforme estes três pontos mostram:
a) O homem adúltero não foi trazido à presença de Jesus, apenas a mulher;
b) Jesus estava diante de uma armadilha: se ordenasse o apedrejamento da mulher, violaria a lei romana, pois somente os romanos poderiam executá-la em terras ocupadas, e Israel estava, na ocasião, ocupado pelos romanos. Os judeus estavam proibidos de executar a sentença de morte para evitar rebeliões que provocassem a morte de simpatizantes de Roma. Por outro lado, se Jesus lhes dissesse que a mulher deveria ser libertada, estaria tolerando o adultério e violando a lei de Moisés.
c) a lei mosaica previa o apedrejamento até a morte das virgens adúlteras prometidas em casamento (Deuteronômio 22:22-25). No caso de adultério, tanto o homem quanto a mulher deveriam morrer. Se um homem no campo achasse uma moça “desposada” e a forçasse a se deitar com ele, somente o homem morreria.
6-7 Podemos deduzir que Jesus se inclinou e se calou, talvez para ouvir o que Deus lhe diria sobre como resolver o assunto. Como a multidão insistia por sua resposta, ele se levantou e lhes respondeu: “...Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra” (v. 7). Por meio de sua resposta, Jesus procurou mostrar que aqueles que o tentavam acusar eram desqualificados como juizes.
11 Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy usa o caso da mulher adúltera como exemplo para explicar sobre a correção e o perdão do pecado: “Sen castigo, o pecado se multiplicaria. A oração de Jesus: ‘Perdoa-nos as nossas dívidas’ especificava também as condições do perdão. Quando perdoou á mulher adúltera, disse: ‘Vai e não peques mais’ ” (p. 11).
Os Artigos de Fé da Ciéncia Cristã também fornecem uma regra clara para a correção do pecado, por meio do terceiro Artigo de Fé, conforme exposto em Ciência e Saúde: “Reconhecemos que o perdão do pecado, por parte de Deus, consiste na destruição do pecado e na compreensão espiritual, que expulsa o mal por ser este irreal. A crença no pecado, contudo, será castigada enquanto ela perdurar” (p. 497).
Bibliografia:
Biblia de Estudo de Genebra, Sociedade Biblica do Brasil, 1999, Editora Cultura Cristã, São Paulo; Biblia Online 3.0, Sociedade Biblica do Brasil, Módulo Avançado, ISBN 85-311-0501-3, www.sbb.org.br; Ciéncia e Saúde com a Chave das Esenturas, Mary Baker Eddy, The Christian Science Publishing Society, Boston, MA, USA; Estudo Perspicaz das Escrituras, Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania [Sociedade Torre de Vigia de Biblias e Tratados], 1990; The New Westminster Dictionary, The Westminster Press, Philadelphia, 1970; The NIV Study Bible, New Intermational Version, Zondervan Publishing House, Grand Rapids MI, 1985: The One Volume Bible Commentary, Edited by The Rev. J.R. Dummelow, MacMillan Publishing Co., Inc., 1973, 34a impressão.
