Como a Sociedade Bíblica do Brasil elegeu 2008 como o “Ano da Bíblia”, O Arauto publicará, durante o ano, artigos que mostram como os ensinamentos bíblicos podem ajudar, de forma prática, o dia-a-dia de todos.
Faz alguns anos que participei de um seminário com um grupo de pessoas sobre gestão de carreiras. Esse evento realmente mudou minha maneira de pensar. Foi-nos solicitado escolher um personagem bíblico e que o pesquisássemos com relação às suas qualidades e capacidade de liderança e de gestão. Em última análise, a dinâmica tinha por objetivo que descobríssemos qualidades que pudéssemos aplicar em nossas próprias carreiras, onde quer que trabalhássemos. Escolhi Neemias.
Lendo a história de sua vida na Bíblia, fiquei intrigada diante da nítida conexão entre sua confiança na oração e suas inúmeras realizações. Como Cientista Cristã, era natural que eu orasse a Deus quando estava doente e já havia conseguido muitas curas físicas. Contudo, compreendia agora que a oração também poderia me ajudar em meu trabalho. Além disso, Neemias me apresentava um bom modelo de gestão.
Ele servia como copeiro no palácio de Artaxerxes, rei da Pérsia, quando ficou sabendo dos problemas em Jerusalém: que os muros da cidade estavam todos derrubados e o povo em estado lastimável. Sentiu-se impulsionado a ir a Jerusalém para ajudá-los, mas para fazer isso precisava da permissão do rei. Embora ansioso para iniciar o trabalho, ele sabia que teria de esperar pelo momento certo, e orou por orientação sobre quando pedir, bem como pelas palavras certas a serem ditas. Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde: “O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações” (p. 1). Parece-me que o desejo de Neemias de ajudar seu povo comprova que ele vivenciava essa declaração. Conseqüentemente, seu desejo de ir para Jerusalém foi concedido.
Mesmo após Artaxerxes ter concordado com sua viagem a Jerusalém, Neemias sabia que reconstruir os muros não seria uma tarefa fácil. Seria um empreendimento arquitetônico de grande amplitude. Para começar, não tinha certeza de como inspirar as pessoas de Jerusalém a ajudá-lo.
Novamente, ele não agiu com impulsividade ou pressa. Orou por orientação. O resultado de sua oração foi saber exatamente o que ele precisava fazer e dizer, da forma correta, no momento apropriado.
Neemias foi franco e direto ao falar com as pessoas em Jerusalém, mas também paciente para com o medo e o desânimo deles. Sob sua orientação, eles se uniram em prol desse objetivo comum.
À medida que comparava as açōes de Neemias com as minhas, ocorreu-me que freqüentemente eu era impulsiva demais em meu trabalho. Nem sempre avaliava corretamente as conseqüências das decisões e das atitudes tomadas. O exemplo de Neemias me mostrou que a oração pode trazer clareza de perspectiva, bem como a habilidade necessária.
Quanto mais aprendia sobre Neemias, mais me impressionava com sua humildade. Ademais, sabia que eu também precisava dessa qualidade em meu próprio trabalho. Houve inúmeros momentos em que, de maneira arrogante, insisti em fazer as coisas “do meu jeito”.
Mary Baker Eddy escreveu sobre humildade: “Nunca alguém poderá se elevar, enquanto não baixar a opinião sobre si mesmo.” (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 356).
Neemias freqüentemente se volvia a Deus em oração em busca de orientação, direçāo e sabedoria. Ao buscar respostas por meio de uma autoridade mais elevada, ele mantinha seu próprio ego sob controle.
Ele nunca se deixava impressionar por fofocas, críticas, ou dúvidas. Permanecia trabalhando e concentrado na tarefa. Seus inimigos muitas vezes tentaram persuadi-lo a parar seu trabalho. Contudo, sua clareza, inspirada pela oração, manteve seu enfoque no trabalho que Deus o estava orientando a fazer.
Essa parte realmente prendeu minha atenção. Com muita freqüência, eu permitia que a fofoca, ou a crítica, ferisse meus sentimentos e me desviasse do meu trabalho. O artigo da Sra. Eddy: “Sentir-se ofendido” está repleto de bons conselhos para tais situações. Ela escreveu: “É nosso orgulho que torna irritante a crítica dos outros, é nossa vontade própria que torna ofensiva as açōes dos outros, é nosso egotismo que se ofende com a manifestação do ego dos outros” (Ibidem, p. 224).
Quanto mais estudava o exemplo de Neemias, mais percebia que poderia demonstrar a mesma capacidade de liderança que ele expressava. Podia orar a Deus para que me orientasse. A partir daí, a oração se tornou uma parte importante do meu plano de gestão de carreira. Logo tive a oportunidade de colocar minha nova compreensão em prática.
Participei de uma equipe de gestão que criara e projetara produtos para uso, tanto no escritório, como pelo público. A consistência e a clareza da mensagem eram cruciais. Os prazos finais apertados eram rotina e não havia tempo para aplacar egos sensíveis. Precisávamos trabalhar juntos em harmonia, sem perder de vista nosso propósito e objetivo final.
Antes desse estudo bíblico sobre gestão, muitas vezes ficava angustiada a respeito dos projetos. Temia trabalhar com alguns de meus colegas e a tensão resultava em enxaquecas diárias. Passei a não gostar do meu trabalho e, muitas vezes, pensei em pedir demissão.
Contudo, Neemias me ajudou a compreender como permanecer focada no objetivo final. À medida que tentava expressar mais humildade, parava de deixar que personalidades e opiniões, minhas inclusive, paralisassem o progresso. Na verdade, comecei a acolher bem idéias novas e modernas. A disposição de ser flexível se tornou natural. As enxaquecas diárias cessaram e a alegria que costumava sentir no trabalho, retornou.
Comecei a pensar na Bíblia como um livro-texto para todas as áreas da minha vida. Quer como um manual empresarial, um guia de saúde, ou um diário sobre os relacionamentos familiares; descobri que a Bíblia é um grande livro de referência para todas as questões e problemas da vida. Mary Baker Eddy escreveu: “A Bíblia contém a receita para toda cura” (Ciência e Saúde, p. 406). Estou comprovando que isso é verdade, tanto no trabalho, como em casa.
