Nas últimas décadas, as pessoas estão trabalhando cada vez mais. As exigências profissionais requerem constante atualizaçāo e cursos complementares. Um grande número de mulheres entrou também para o mercado de trabalho, seja por realização profissional ou necessidades econômicas. Como resultado, os momentos dedicados à vida familiar e ao lazer estão cada vez menores, visto que ambos os pais trabalham fora.
Você tem a impressão de que, desde o momento em que se levanta pela manhã, inicia uma corrida contra o tempo? Parece que as horas não são suficientes para fazer tudo o que desejamos e precisamos fazer. Muitos chamam esse estado mental de “síndrome da falta de tempo”.
Isso aconteceu comigo quando trabalhava como consultora empresarial, participando de projetos de desenvolvimento de sistemas de computação. Nessa ocasião, acompanhava um projeto bastante complexo e de grande magnitude. Nossa equipe de trabalho seguia uma metodologia que permitia ordenar as tarefas, de forma lógica e eficiente, e estabelecer prazos nos quais os planejamentos deveriam ser cumpridos. Contudo, o tempo era sempre escasso e, com freqüência, surgiam dificuldades e mudanças no rumo do projeto original. Para poder adiantar o projeto, nossa jornada de trabalho se estendia por aproximadamente 12 horas, sem tempo suficiente para o almoço. Trabalhávamos também aos sábados e em alguns domingos. Eu era a Consultora Sênior, encarregada de supervisionar os módulos principais do projeto. Portanto, minha equipe e eu estávamos sujeitas a muitas pressões da gerência.
Conseguia ficar com minha família apenas alguns momentos, que eu muito valorizava, já que saía de casa muito cedo e regressava somente à noite. Não era uma situação ideal, mas necessitava desse emprego.
Durante esse período, muitas vezes pedi ajuda a Deus, em desespero. Orava constantemente com idéias muito simples. Mantinha em mente o fato de que Deus é o Princípio divino que governa meu dia e traz ordem, harmonia e atividade útil. Insistia em que a lei divina está sempre ativa, portanto, nem o projeto nem eu estávamos sujeitos a obstáculos, situações imprevistas, nem à chamada lei de Murphy (“Se há duas ou mais formas de fazer alguma coisa e uma das formas resultar em catástrofe, então alguém o farã”, Wikipedia. org), na qual muitos da minha equipe acreditavam. Mantinha em meu pensamento a idéia de que Deus está sempre presente e tem o controle de toda a situação. Permanecia vigilante e procurava saber e ver que só o bem se desenvolvia. Também orava para reconhecer que minha saúde é um estado espiritual e que eu, como reflexo de Deus, não podia ser vítima do estresse. Procurava perceber que, por refletir a Deus, a fonte divina do meu ser, já possuo todas as capacidades de que necessito para enfrentar os problemas. Apoiei-me no que Mary Baker Eddy afirma em seu livro Ciência e Saúde: “Todos somos capazes de fazer mais do que fazemos” (p. 89).
A oração me trouxe idéias que me levaram a cultivar uma relação mais profunda com Deus e a sentir Sua proximidade e consolo. Todas as manhãs, enquanto viajava para o meu emprego, orava e estudava o melhor que podia a Lição Bíblica semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã. Esse era o meu alimento espiritual diário, que me sustentava e inspirava para enfrentar os desafios e tensões do dia. Além disso, participava das atividades de minha igreja filial da Ciência Cristã, o que me fazia sentir muito reconfortada.
Graças à oração e ao estudo persistente, senti-me protegida e muito próxima de meu Pai-Māe Deus, como também pude expressar sabedoria, serenidade, domínio próprio e calma, em meio às urgências do trabalho. Dentro de um ano e meio, completamos o projeto com todo êxito, o cliente ficou satisfeito e muitos de meus colegas e eu recebemos uma promoção.
Orava constantemente com idéias muito simples. Mantinha em mente o fato de que Deus é o Princípio divino que governa meu dia e traz ordem, harmonia e atividade útil.
Essa experiência me fez crescer consideravelmente no campo profissional. Compreendi a importância de aproveitar cada momento fazendo algo útil e, com serenidade, expressar ordem e estabelecer prioridades. Contudo, o mais importante foi que aprendi a estabelecer minha relação com Deus em primeiro lugar em minha lista de tarefas, uma vez que a inspiração que me vem dEle faz com que meu dia seja mais harmonioso e produtivo.
O estudo de Ciência e Saúde, que desperta o sentido espiritual das Escrituras, levou-me a ter um apreço especial pelos relatos bíblicos. Um de meus favoritos é a história das duas irmãs, Maria e Marta, no Evangelho de Lucas (ver Lucas 10:38—42), as quais receberam Cristo Jesus em sua casa. Cada uma delas teve uma atitude mental diferente diante dessa visita. Marta estava ocupada e atarefada com muitos afazeres para receber Jesus com hospitalidade, enquanto Maria deixou tudo para ouvir as palavras sanadoras do Mestre. Marta se queixou porque sua irmã não a ajudava, ao que Jesus lhe respondeu que Maria havia escolhido a boa parte. Essa humildade e serenidade fizeram com que Maria fosse receptiva ao que Jesus havia pregado, ao dizer: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 4:17). Tudo indicava que ela estava pronta para começar a mudar seu enfoque sobre a vida, substituindo os conceitos materialistas por espirituais e para desfrutar do reino dos céus, o bem infinito, já disponível a todos.
Essa experiência me fez crescer consideravelmente no campo profissional. Compreendi a importância de aproveitar cada momento fazendo algo útil e, com serenidade, expressar ordem e estabelecer prioridades.
Nos dias de hoje, a mensagem libertadora do Cristo também fala à nossa consciência. Ela nos revela que podemos viver no Reino dos Céus, na paz que sentimos ao testemunhar como Deus, o Amor divino, governa tudo com Sua lei de harmonia. A contestação de Jesus a Marta: “Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10:42), talvez nos leve a refletir se escolhemos a boa parte. Não é necessário adiar essa escolha. Todos têm a liberdade de escolhê-la agora e estabelecer suas prioridades com inteligência. Por que nos deixar levar pelas circunstâncias e terminar frustrados ou sem direção?
Deus concedeu a todos o poder de caminhar acima das correntes mentais materialistas e de se volver à Mente divina, a fim de espiritualizar a perspectiva da vida e seu propósito. A Mente expressa todas as capacidades necessárias: sabedoria, previsão, serenidade. Ela nos dá o domínio sobre as circunstâncias humanas e a autoridade divina para resolvê-las. O estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde, a oração e a prática daquilo que estudamos, ajudam a espiritualizar a consciência e a fazer com que o viver diário seja mais produtivo e gratificante. Ademais, a inspiração obtida das boas idéias satisfaz todas as nossas necessidades e orienta o bom aproveitamento do tempo.
Temos de levar em conta que o tempo é simplesmente uma medida que se usa para colocar uma certa ordem na vida, mas sempre podemos evitar que ele se converta em uma limitação à nossa realização e felicidade. Mary Baker Eddy define a palavra “Dia” como: “A irradiação da Vida...” e “...a Mente mede o tempo de acordo com o bem que se desdobra. Esse desdobramento é o dia de Deus, e 'já não haverá noite’ ” (Ciência e Saúde, p. 584).
Todos podem optar por manter a calma diante das exigências do tempo, espiritualizar suas perspectivas e se regozijar, sabendo que cada um é o filho muito amado de Deus, criado para expressar a luz e a alegria da Vida divina, para viver em Seu dia, onde somente o bem inesgotável se manifesta.
