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Ezequiel: um profeta que Vivia no presente

Da edição de novembro de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã


Infinidade e eternidade–Deus em toda parte e aqui, Deus para sempre e agora, apontam para a totalidade de Deus e para o homem e o universo como Seu reflexo, em toda parte e eternamente, aqui e agora. As Escrituras hebraicas e o Novo Testamento incluem os relatos de homens e mulheres que foram cingidos pela proximidade de Deus.

O livro do profeta Ezequiel é um registro ampliado das visões e convicções de um dos mais proeminentes hebreus, porta-voz de Deus. As palavras de Ezequiel redimem o passado e mudam o futuro, à medida que ele habita na presença viva de Deus.

Ezequiel é um dos três "profetas maiores" do Antigo Testamento, juntamente com Isaías e Jeremias. Ele talvez tenha sido um contemporâneo mais jovem de Jeremias, e escreve a partir da perspectiva do exílio na Babilônia.

No início do sexto século antes da Era Cristã, a conquista de Israel pelos babilônios e uma série de remoções forçadas, acabaram levando muitos judeus para a Babilônia. Outros acabaram fugindo para o Egito. Pouco se sabe a respeito da biografia de Ezequiel. Ele era um sacerdote que vivia entre os exilados, em um assentamento chamado Tel-abib, às margens do rio Quebar e seus escritos são provavelmente datados a partir da primeira remoção de judeus para a Babilônia, em 597 antes da E.C. Seu livro é um diário de visões que se estendem por um período de mais de 22 anos.

Seu estilo é denso e, algumas vezes, difícil e obscuro; mas se manifesta exuberantemente em imagens fantásticas e em profundas reflexões. As duas décadas cobertas pelo texto indicam também um rico desenvolvimento do conceito que o profeta tem sobre si mesmo, sobre as pessoas a quem ele serve e sobre o Deus único que adoram. Qualquer um que tenha sido forçado a sair de sua zona de conforto, para lutar contra os erros do passado, enquanto constrói uma nova vida e tem vislumbres de um futuro redimido, pode aprender algo com Ezequiel de como viver sob o reino de Deus, a Mente deífica.

Uma maneira de analisar o livro é dividi-lo em três seçõs de abrangências distintas. A primeira parte, capítulos 1 a 24, oferece um diagnóstico gráfico do colapso de Israel. A segunda parte, capítulos 25 a 32, é uma acusação menos reflexiva sobre as sociedades nos arredores, que desempenharam algum papel na destruição de Israel. A terceira parte, capítulos 33 a 48, oferece uma visão detalhada de restauração e renovação.

Tendo essa estrutura básica em mente, torna-se mais fácil ler o livro de forma seletiva, em busca de significado. Questionar o texto com perguntas-chave ajuda a desvendar seu significado inspirado. Por exemplo, talvez alguém possa perguntar: O que Ezequiel pensava a respeito do passado de seu povo? O que os levou ao exílio e à ruína? Quando parece que ele está intimidado por suas reflexões, quais as ideias espirituais que vêm resgatá-lo? Quando ele parece mais livre de um passado doloroso e vivendo na presença de Deus?

As respostas a essas e muitas outras perguntas começam a emergir à medida que lemos o livro de Ezequiel, no qual vários trechos indicam que ele, de forma atemporal, submeteu a Deus o remorso pelo passado e os temores pelo futuro. Vale a pena observar que a teologia de Ezequiel fica mais clara quando compreendida à luz da declaração de Mary Baker Eddy: "As manifestações do mal, que simulam a justiça divina, são denominadas nas Escrituras: 'A ira do Senhor'. Na realidade, demonstram a autodestruição do erro, ou matéria, e apontam para o oposto da matéria, a força e a permanência do Espírito. A Ciência Cristã traz à luz a Verdade e sua supremacia, a harmonia universal, a inteireza de Deus, o bem, e o nada do mal" (Ciência e Saúde, p. 293).

Uma das mais conhecidas imagens de Ezequiel é a dos quatro seres viventes, movendo-se conjuntamente com quatro rodas cheias de olhos ao redor, quase indescritível no vocabulário de espaço e tempo (ver Ezequiel 1:15; 10:8). O movimento das rodas, ou "coisas giratórias", sincronicamente, sugere a ação harmoniosa e eterna da inteligência divina. Uma famosa canção antiga explica:

"Ezequiel viu a roda
Là em cima no meio do ar.
A grande roda impulsionada
pela fé,
A pequena roda impulsionada
pela graça de Deus.
Uma roda dentro da outra,
No meio do ar".

O girar dessas rodas, "como se estivera uma roda dentro da outra" (Ezequiel 1:16), evoca a presença, o poder e a onisciência de Deus, perceptível do assentamento de Tel-abib, como também da distante Jerusalém. Graça e fé, aqui e agora! Isso é particularmente importante para Ezequiel, e contrário àquele senso de desunião entre o homem e Deus, o qual começa com um pensamento cheio de dúvidas: "nas trevas... nas suas câmaras (dos homens) pintadas de imagens... O Senhor não nos vê, o Senhor abandonou a terra" (8:12).

Ezequiel se rebela contra essa afirmação da ausência divina; para ele, Deus está em toda parte. Isso causa impacto tanto sobre o tempo como sobre o espaço. Deus diz: "...eu, o Senhor, falarei, e a palavra que eu falar se cumprirá e não será retardada..." (12:25). Esse conceito está detalhado nos versículos 21 a 28 do capítulo 12. O peso da demora, do retardamento, está correlacionado com a tirania do tempo. No Novo Testamento, o livro do Apocalipse, que toma essa ideia emprestada de Ezequiel, inclui a voz divina declarando: "O tempo não existirá mais" (Apocalipse 10:6, conforme a versão bíblica King James). A Nova Versão Revisada da Bíblia, em inglês, oferece esta tradução: "Não haverá nenhuma demora". A presença divina anula o tempo.

Essa anulação traz uma libertação inesperada. Ezequiel refina o ditado tradicional: "...Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram"? (18:2). Ele apresenta Deus como estabelecendo Sua própria natureza, nesta objeção: "Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio em Israel" (v. 3).

O que se segue é uma exposição comovente de libertação e responsabilidade individual que compõe todo o capítulo 18. Mary Baker Eddy faz uma citação desse capítulo à página 211 de Ciência e Saúde e três citações no "Perguntas e Respostas" (pp. 31-94) em Miscellaneous Writings 1883–1896, como também em outros dois escritos menores.

Essa capacidade dos seres humanos de escolher o certo, libertos da ancestralidade e não penalizados por ela ou pelo passado, aponta para a fé de Ezequiel naquilo que Henry Wadsworth Longfellow chama de "o Presente vivo":

Não confie no Futuro, embora
aprazível!
Deixe que o Passado morto enterre
seus mortos!
Aja—aja no Presente vivo!
Amor no íntimo e Deus por
toda parte!
("A Psalm of Life" ["Um Salmo
de Vida"])

As convicções não convencionais de Ezequiel evidentemente desafiavam seus primeiros ouvintes: "Então, disse eu: Ó Soberano Senhor, eles dizem de mim: 'Ele só fala por enigmas!'" (20:49 New Living Translation [A Bíblia na Nova Versão Viva]). Contudo, ele persistiu, de pé, sobre "a brecha" (22:30) e falando para Deus.

Suas alegorias talvez sejam uma inspiração para algumas das parábolas de Cristo Jesus. Ezequiel apresenta Deus como dizendo: "Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas..." (Ezequiel 34:12). Essa passagem pastoril contrasta com o imaginário fantástico dos primeiros capítulos, mas inclui a certeza que Ezequiel compartilhou ao longo de todo o seu livro: Deus é um socorro presente, agora e para sempre. A repatriação do povo para sua terra natal somente é possível por intermédio da liderança de Deus. A crítica que Ezequiel faz dos falíveis pastores humanos é específica: "A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes" (34:4). Essa negligência é o resultado do egoísmo que Ezequiel considera como inferior somente à idolatria que ele culpa pela ruína de Israel.

Os capítulos finais do livro estão novamente ligados ao Apocalipse: a medição da cidade (Ezequiel, cap. 40) e o rio de águas purificadoras (cap. 47) ressoam nesse texto, como também o relato menos conhecido da invasão por "Gogue, da terra de Magogue" (38:2) da terra de Israel restaurada.

Entre os profetas do Antigo Testamento, somente Ezequiel inclui um relato de um desafio significativo para o povo de Deus no tempo distante por vir, depois que eles são restaurados à sua terra natal. Ao invés de usar essa predição para gerar o medo do futuro, Ezequiel explica que esse ataque será refutado pelo poder divino e usado para um propósito universal. "Far-te-ei que te volvas..." diz Deus aos exércitos de Magogue (38:4). Os pensamentos de extrema predisposição do inimigo são conhecidos: "...Naquele dia, terás imaginações no teu coração e conceberás mau desígnio; e dirás: Subirei contra a terra das aldeias sem muros, virei contra os que estão em repouso, que vivem seguros..." (38:10, 11).

Como acaba acontecendo, Magogue é a vitima de seu próprio "mau desígnio"; Deus defenderá a terra e a derrota de Magogue será conhecida. O futuro não deve ser temido, mas Deus glorificado. Cada invasão imaginada pelos adversários está fadada à ruína; Deus reconstituiu seu povo, reuniu-os como "ossos secos" que ganham nova vida (cap. 37). Que promessa para eles e para nós!

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