"Viver para abençoar os outros", será que poderia haver um motivo mais elevado para se alcançar a realização plena na vida? Imaginemos um mundo repleto de pessoas, cujo desejo mais profundo seja o de abençoar os outros! Não seria essa a solução para o egocentrismo destrutivo que está por trás de grande parte dos sérios problemas pessoais e globais, com os quais a humanidade se defronta atualmente? Será que esse desejo altruísta não ajudaria a eliminar a frustração e o medo latente, a estabelecer relacionamentos equilibrados e, consequentemente, a trazer a cura?
A felicidade global, procedente de um desejo comum e profundo de abençoar os outros, talvez pareça um objetivo difícil de ser alcançado em um mundo frequentemente turbulento. Entretanto, mesmo que seja difícil de se alcançar coletivamente, adotar esse objetivo em nossa experiência individual já é um bom começo. O propósito altruísta de viver para abençoar os outros pode trazer mudanças radicais para o bem, e cada mudança individual também causará, em última análise, um importante impacto mundial.
Para mim, o estudo do Sermão do Monte, que Jesus proferiu, oferece tudo o que necessitamos para abençoar os outros. Durante todo o Sermão (ver Mateus caps. 5 a 7), Jesus fala sobre diferentes tipos de relacionamentos. Ele explica como ver os outros de forma construtiva, como tratá-los com respeito e como responder de forma equilibrada ao que dizem e fazem. Ele nos fala da necessidade de abandonarmos o egocentrismo para ver as coisas não apenas a partir da perspectiva de nossas próprias necessidades pessoais, mas também do ponto de vista dos outros, a fim de perceber suas necessidades individuais satisfazê-las.
Jesus também deixa claro que a saúde físcia e mental requer um estado equilibrado de pensamento, o qual inclui nossa libertação de uma mentalidade estreita e a capacidade de ver as situações em seu contexto mais amplo e abrange toda a sociedade, até mesmo a comunidade global, em nossos afetos.
Como sanador, Jesus mostrou a importância de se compreender o que está ocorrendo no íntimo da outra pessoa. Uma vez que cada indivíduo faz parte de um grande todo, nossa experiência de vida só pode ser abençoada se a vivermos com um interesse amoroso pelo bem coletivo. Por outro lado, vivenciamos limitação quando nos absorvemos em nosso interesse próprio. "Ninguém deve buscar seus próprios interesses, mas cada um o bem-estar dos outros", disse o Apóstolo Paulo, um devotado seguidor do exemplo de Jesus (1 Coríntios 10:24, Nova Versão King James).
Vivenciar consistentemente a graça Divina
Jesus também ensinou que vivenciar a graça de Deus pode ser constante, não apenas ocasional. Por meio de seu próprio exemplo, ele mostrou que a capacidade de beneficiar os outros é o resultado natural de compreendermos nossa união inata com Deus. Quando nossas orações nos levarem a reconhecer e a sentir mais a eterna presença de Deus, como Espírito e Amor, e nossa união com Ele, o resultado será uma capacidade mais consistente para abençoar. O coração, estimulado pela busca da presença do Amor, não pode deixar de se interessar, de forma mais abrangente, por toda a criação de Deus.
Jesus atribuía um grande valor ao Primeiro Mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:3). Seguir fielmente esse mandamento significa amar e adorar o Amor divino como "o centro e a circunferência do ser", escreveu Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde (ver p. 204).
Obedecer ao mandamento dessa maneira faz com que expressemos a bondade e o amor de Deus de forma mais natural e frequente e isso, por sua vez, nos abençoa. Tenho visto isso acontecer. Quanto mais me empenho em viver um amor livre de egocentrismo, deixando que o amor todo abrangente de Deus me governe, mais tenho vivenciado Suas maravilhosas bênçãos e graças, tais como: orientação, proteção, inspiração e criatividade, como também o desenvolvimento de amizades e compromissos profissionais que propagam bênçãos.
Posso dizer com a Bíblia: "A bênção do Senhor torna o homem próspero, e com isso Ele não acrescenta nenhuma tristeza" (Provérbios 10:22, Nova Versão King James). Jesus expressou isso deste modo: "Dêem aos outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos. A mesma medida que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês" (Lucas 6:38).
Portanto, não somente precisamos viver para abençoar, mas, para viver, precisamos das bênçãos que se acumulam e que resultam da nossa própria expressão do Amor divino!
Temos de ganhar as bênçãos de Deus?
O sol brilha sobre todos e cada raio de sol ilumina o lugar onde ele brilha. Os raios solares não competem entre si por um lugar ou propósito e, além disso, eles mesmos não criam a luz. Tampouco podem eles estar separados do sol que os irradia. Igualmente, as expressões individuais de Deus, o homem e a mulher de Sua criação, não necessitam competir por bênçãos. Eles apenas precisam compreender que estão sempre conectados à sua fonte e que não têm bondade, amor, luz ou inteligência próprios. O Amor divino origina o bem de forma única e imparcial.
Não há motivo para rivalidade ou competição destrutiva no Amor divino. Mary Baker Eddy, que descobriu o Princípio da cura pelo Cristo na Ciência Cristã, percebeu isso claramente. Ela escreveu: "O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas. É a fonte aberta que clama: 'Ah! todos vós os que tendes sede, vinde às águas'" (Ciência e Saúde, p. 13).
Nossa verdadeira identidade como imagem de Deus está sempre unida às bênçãos do bem e nunca necessitamos adquirir ou ganhar nossa identidade espiritual, pois nos é intrínseca. Contudo, o ignorante senso humano das coisas, ás vezes, esconde essa verdade, o que pode resultar em frustração e, consequentemente, em uma sensação de distanciamento do bem e de Deus. Quando isso ocorre, a necessidade é a de abandonar a crença errônea de que estejamos separados do bem e, por meio da oração, estabelecer uma consciência convicta da nosa união com o Amor, que é Deus. É a partir dessa união com Deus que naturalmente agimos de maneiras que trazem bênçãos e beneficiam a sociedade.
É normal bênçãos constantes
Seria normal sentir-se constantemente abençoado e enfrentar os desafios da vida com a expectativa de bênçãos? Sim. De fato, essa é a única atitude divinamente normal. A Vida divina é sempre boa e completa, uma fonte constante de bênçãos e de inspiração para beneficiar os outros.
Pela minha compreensão da lei da Vida, a de que o bem de Deus é natural, constante e que está sempre se desenvolvendo, sou abençoado com muitas oportunidades de compartilhar intuições espirituais.
Entre outras coisas, participei de um grupo de ação cívica que incluía sociólogos, médicos e pais de viciados em drogas, e que voluntariamente trabalhavam juntos com o intuito de ajudar os jovens a superar seus hábitos escravizantes. Em certa ocasião, tive a oportunidade de orar com um homem que era viciado em drogas pesadas. Encontramo-nos durante um ano e orávamos sobre o seu lugar na vida, procurando ajudá-lo a se sentir valorizado perante a sociedade e a ter uma vida cheia de propósito.
Ele e eu chegamos à conclusão de que descobrir nossa verdadeira identidade como a expressão de Deus é a única forma de nos sentirmos livres. Por meio da oração, corrigimos o falso conceito de que o homem é um ser isolado, limitado pela matéria e autoexistente. Em vez disso, compreendemos que todos pertencem à família de Deus e têm acesso ás Suas bênçãos de amor, inteligência e apoio. Meu amigo ficou completamente livre do vício das drogas e do hábito de fumar. Ele terminou seus estudos e finalmente conseguiu fazer mestrado em uma faculdade de artes na Europa. Desde essa época, ele tem feito exposições de arte ao redor do mundo e dedicado sua vida a abençoar os outros, por meio de sua arte.
Mais recentemente, uma amiga, que é concertista de piano, acordou com sintomas de um forte resfriado no dia em que teria uma apresentação. Ela poderia ter cancelado o concerto, mas, ao invés disso, optou por ir ao local do concerto e se preparar para a apresentação. Ela compreendeu que podia fazer algo com relação aos sintomas, orando para melhorar seu estado mental.
Portanto, ela orou para certificar-se de que não era governada pelo egocentrismo, e que não estava ali para se apresentar pelos aplausos ou elogios. Ao contrário, ela sentiu um desejo profundo e terno de abençoar os outros com o talento que Deus havia lhe dado, um dom que ela sabia que podia inspirar os outros e transmitir alegria. Recusou-se a reconhecer qualquer outro poder além de Deus, e essa oração sincera, contou-me ela, proporcionou-lhe um vigor renovado.
Quando o concerto estava para começar, os sintomas do resfriado haviam desaparecido completamente. Ela entrou no palco com liberdade e tocou com inspiração. Mesmo várias semanas após esse concerto, as pessoas que haviam estado na platéia ainda comentavam sobre a alegria e a inspiração que elas haviam sentido durante o concerto.
Abençoando outros com as bênçãos recebidas
As curas que meus amigos vivenciaram têm proporcionado a outros coragem e esperança. A Ciência Cristã oferece muitos meios de disseminarmos as bênçãos: nas reuniões de testemunhos semanais, ao escrevermos para periódicos como este, e por meio do nosso envolvimento com atividades que visam atender às necessidades da comunidade. As pessoas certamente podem compartilhar o bem recebido, ajudando outros por meio da oração, ou de outras maneiras que Deus venha a Ihes revelar individualmente.
Descobri que negligenciar a partilha do bem na vida, pode resultar em estagnação, quando o medo ou a passividade bloqueiam os canais através dos quais podemos compartilhar o bem. Contudo, um amor efusivo sempre inspira e promove novas ideias. Na Bíblia, Deus nos promete: "Eu abençoarei você ... e você será uma bênção" (Gênesis 12:3, Nova Versão King James). Deus fez essa promessa a Abraão, e ela ainda expressa uma lei espiritual que se aplica a todos que, como Abraão, se dedicam a servir a Deus.
Essas palavras têm estado comigo desde criança. Aprendi que as bênçãos de Deus vêm à nossa vida, quando mantemos nosso pensamento receptivo ao poder do Amor divino e, em seguida, nós mesmos o expressamos. Creio no poder espiritual de disseminar nossas bênçãos.
Tenho tido provas convincentes de que a amorosa disposição de compartilhar as bênçãos de Deus nos liberta das limitações. Viver para abençoar os outros nos traz bênçãos de uma vida abundante!
Para mim, isso significa proteger-se mentalmente contra o egocentrismo e a parcialidade. Significa interessar-se pelas necessidades dos outros, além da nossa própria família e do círcilo de amigos da igreja. Exige empenhar-se por humildade e reconhecer a presença e o poder constantes do Amor divino.
Como resultado dessa disciplina, as bênçãos de constante inspiração, de uma percepção mais clara, de um uso expansivo de talentos e de uma ampla gama de atividades interessantes, têm iluminado minha vida. Também tenho tido provas convincentes de que a amorosa disposição de compartilhar as bênçãos de Deus nos liberta das limitações. Como nenhum outro compromisso que possamos assumir, viver para abençoar os outros nos traz bênçãos de uma vida abundante!
