Quando a esposa de Ken, Margaret, faleceu, ele passou grande parte do tempo orando intensamente a Deus por orientação quanto aos seus próximos passos. Nesta história de orientação do Amor, ele e Carolyn relatam como suas orações os uniram.
A HISTÓRIA DE KEN:
Cinco dias antes do Natal, minha querida e amada esposa, Margaret, uma doce mulher que havia me apresentado à Ciência Cristã, faleceu. Três dias depois, tive uma cura completa de qualquer sensação de pesar.
Isso talvez pareça chocante, mas tive uma profunda convicção de que a vida de Margaret era contínua e que ela estava nos braços do nosso Pai-Mãe Deus. Havíamos orado constantemente durante o longo período em que esteve doente, para aprender mais sobre sua identidade, como também sobre a identidade de todos os filhos de Deus, como seres espirituais. O que aprendi durante esse tempo me ajudou muito após o falecimento de Margaret. Eu ainda a amava de todo meu coração, mas sabia que todas as maravilhosas qualidades que ela havia expressado não haviam terminado. Elas eram, na verdade, espirituais e eternas.
Aquela extraordinária cura aconteceu em uma quarta-feira. Naquele dia, ficou claro para mim que eu precisava retomar minhas atividades profissionais e que também precisava ir à reunião de testemunhos da Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, a qual Margaret e eu frequentávamos.
Decidi jantar em um restaurante antes do culto. Em meus estudos da Ciência Cristã, aprendera o quão necessário é consultar regularmente a Deus, não apenas sobre as coisas que julgo importantes na minha vida, mas também sobre as atividades normais do meu dia-a-dia. Portanto, perguntei-Lhe onde deveria ir jantar. Veio-me claramente ao pensamento que eu deveria comer em um lugar bem em frente à igreja.
“Posso lhe dar um abraço?”
Enquanto olhava o cardápio escrito a giz em um grande quadro, senti alguém me tocar levemente no ombro e uma voz suave me perguntar: “Posso lhe dar um abraço”? Voltei-me e vi que era uma mulher chamada Carolyn, que Margaret e eu conhecíamos da igreja e que, naquele dia, tinha tomado conhecimento do falecimento de Margaret.
No início, durante o desafio físico que Margaret estava enfrentando, ela e eu havíamos decidido manter isso em sigilo. Quando não pude mais cuidar dela em casa, levei-a a um sanatório da Ciência Cristã, onde foi tratada por quatro meses. Além do contato que eu mantinha com a equipe de enfermagem, com meus alunos de música, e nas atividades da igreja, passava todos os demais momentos com Margaret, fazendo tudo o que podia para ajudá-la. Portanto, receber esse singelo e carinhoso ato de conforto representou muito para mim. Isso significava claramente uma prova do amor de Deus por mim e por Margaret.
Carolyn me convidou para juntar-me a ela e às duas amigas em sua mesa. Aceitei com prazer. Nós quatro tivemos uma conversa maravilhosa e, após a refeição, fomos juntos à igreja.
Estava preparado para fazer o que Deus me orientasse a fazer
Durante as duas semanas seguintes, estive orando, dia após dia, realmente momento a momento, para saber o que Deus queria que eu fizesse com minha vida. Estava preparado para fazer tudo que Ele me orientasse, ser o que Ele desejasse que eu fosse, mesmo que isso significasse ter de me mudar para um país diferente. Foi um tempo de oração constante. Gradualmente, veio-me ao pensamento que eu deveria procurar Carolyn. Foi uma ideia surpreendente, uma vez que minha querida Margaret havia falecido tão recentemente, mas a natureza desse pensamento extremamente incentivador e, ao mesmo tempo, inspirador, levou-me à profunda ponderação.
Na quarta-feira seguinte, ao assistir à reunião de testemunhos, vi Carolyn sentada a certa distância. Após a reunião, perguntei se ela aceitava uma carona para casa, e ela aceitou. Sabia que morava na mesma cidade que eu, mas não fazia a menor ideia de que estávamos a apenas cinco quadras um do outro.
No caminho, repetidas vezes senti vontade de perguntar a Carolyn se ela gostaria de ir ao Museu de Belas Artes comigo. Resisti à ideia, imaginando o que as pessoas poderiam pensar e, o mais importante, o que Carolyn iria pensar de mim. Frequentemente somos vítimas daquilo que erroneamente assumimos serem as expectativas da sociedade, ao invés de seguir a intuição espiritual; eu certamente lutava com esse dilema durante o trajeto. Finalmente, fiz o convite. Ela pensou por um momento e respondeu que gostaria de ir. Combinamos então para a quarta-feira seguinte, antes da igreja.
Pensei: “O que ela vai achar”?
No domingo anterior à nossa planejada visita ao museu, passei alguns momentos em oração. Enquanto orava, continuei pensando que era importante que eu ligasse para Carolyn para saber se ela gostaria de jantar e ir ao cinema naquela tarde. Ah, como resisti àquela ideia! Imaginei: “O que ela vai achar”? Contudo, essa intuição era muito forte. Peguei o telefone e comecei a discar o número dela. Não consegui completar a ligação, porque continuava cedendo ao medo da reação que ela poderia ter.
Agora parece engraçado, mas repeti esse processo talvez umas 20 vezes. Sentia-me impelido a telefonar, mas não conseguia completar a ligação. Finalmente, ficou muito claro para mim que isso não era vontade ou desejo humano, mas sim a orientação de Deus. Carolyn respondeu que gostaria de ir, mas que teria de ser mais tarde porque naquele dia ela participaria como leitora em um Culto da Ciência Cristã em uma prisão de Boston. Combinamos que ela me ligaria quando voltasse para casa.
Poucos minutos depois, Carolyn me ligou de volta e disse que a bateria do seu carro havia descarregado. Perguntou se eu me importaria em levar a ela e a sua colega para o culto na prisão. A importância da minha relutante chamada anterior imediatamente se tornou clara: uma vez que havia recém falado com ela, e pelo fato de morarmos tão próximos um do outro, ela sentiu-se à vontade para me ligar e pedir ajuda. Com satisfação as levei até a prisão.
Envolvemo-nos em uma conversa objetiva sobre nossas esperanças e aspirações
Após Carolyn terminar seu trabalho na prisão, jantamos e assistimos ao filme. Daquele momento em diante, tudo fluiu de maneira muito natural e inspirada. Descobrimos que, em vez de termos o “bate-papo” típico de primeiros encontros, envolvemo-nos em uma conversa objetiva sobre nossas esperanças, aspirações, sobre toda nossa história, incluindo uma análise honesta dos erros que cada um cometera no passado. Ao longo da semana seguinte e após três encontros, descobrimo-nos “colocando nossas cartas na mesa”. A atmosfera não era de crítica, e sim de apoio.
Durante esse período, assistia ao culto dominical pela manhã. Enquanto estava ali, lutava com a ideia de que, se eu amasse Carolyn, e já a amava, como poderia ter amado Margaret? Sentia-me destroçado.
Após o culto, encontrei o Primeiro Leitor da igreja, a quem nunca fora apresentado antes. Ele olhou para mim e, com um olhar cordial e compassivo, disse-me: “Vai tudo bem”! Havia poder no significado dessas palavras que provêm do Hino 350, de Mary Peters, do Hinário da Ciência Cristã. Fiquei imediatamente curado daquela turbulência, quando compreendi que podia amar tanto a Margaret como a Carolyn, por meio do Amor divino ilimitado. Que pensamento libertador!
Precisava orar pelo relacionamento
Carolyn e eu planejamos um quarto encontro em meu apartamento, ocasião em que eu faria o jantar em retribuição ao que ela fizera para mim no segundo encontro. Uns dois dias antes do planejado jantar, despertei à noite e percebi que precisava orar pelo relacionamento. Apanhei Ciência e Saúde e comecei a ler o capítulo intitulado “O Matrimônio”. Senti-me reconfortado pelas ideias contidas nesse capítulo.
Na manhã seguinte, Carolyn me ligou e disse que precisava conversar comigo naquela noite. Sua voz estava muito séria. Pelo tom de sua voz, presumi que ela ia me dizer que o relacionamento estava evoluindo rápido demais e que precisávamos terminá-lo.
Lembro-me exatamente do que pensei: “Bem, se amo essa mulher, e eu a amo, então quero somente aquilo que Deus quer para ela e isso tem de ser bom”. Quando Carolyn Chegou, disse que precisava me contar uma coisa importante a respeito do seu passado e ela o fez, mas isso não me perturbou nem um pouco. Carolyn então me disse que não dormira bem na noite anterior e que ficara orando. Ela me contou que também lera o capítulo “O Matrimónio”, em Ciência e Saúde!
Ao olhar para ela, veio-me fortemente à mente o pensamento de pedi-la em casamento. Isso me assustou. Já sabia que desejava passar minha vida com Carolyn, mas nunca imaginara dar esse passo tão cedo. Isso aconteceu somente 12 dias após nosso primeiro encontro e pouco mais de três semanas após o falecimento de Margaret. Embora o impulso fosse muito forte, continuei resistindo.
Eu disse: “Preciso conversar com Deus por um momento”!
Finalmente, olhei para ela e disse: “Preciso conversar com Deus por um momento”! Mentalmente, de forma impetuosa, o fiz. Disse a Deus que ia fazer o pedido, mas do meu jeito! Perguntei a ela: “Carolyn, falando de forma hipotética, se eu pedisse que se casasse comigo, o que você diria”? Ela imediatamente respondeu: “Você está me pedindo em casamento”? Respondi “Sim”. O “sim” imediato dela, fez com que meu coração desse pulos de alegria e, em seguida, trocamos nosso primeiro beijo. Casamo-nos cerca de um mês e meio depois.
Durante todo aquele período de 12 dias, cada um de nós havia orado independentemente, para saber o que Deus desejava que fizéssemos. Fomos obedientes, muito embora algumas vezes eu estivesse relutante. Que benção tem sido para nós dois, à medida que cada dia tem se tornado mais repleto de alegria do que o anterior! Estamos casados há 15 anos.
Deus é muito bom, e é muito importante ouvir e obedecer às Suas mensagens. Nosso Pai-Mãe Deus está sempre transmitindo a cada um de nós os preciosos pensamentos angelicais que ternamente orientam nosso caminho. Quando os ouvimos e somos receptivos a eles, nossa vida é abençoada, de forma ilimitada.
A HISTÓRIA DE CAROLYN:
Durante os 18 anos após meu casamento ter terminado em divórcio, permaneci sozinha e assim criei meu filho. Vários meses antes de Ken e eu começarmos a nos encontrar, sentia-me muito bem a respeito da possibilidade crescente de que, a essa altura da vida, não me casaria novamente. Na verdade, quando uma amiga que não via há algum tempo me parou na rua e me perguntou se eu estava saindo com alguém, disse a ela que não, e rapidamente acrescentei que, se alguém me olhasse com interesse, eu fugiria rapidamente!
O que me levou a dizer isso? Primeiro, eu estava realmente gostando do meu novo trabalho, do campo das minhas atividades e dos meus amigos. Ao mesmo tempo, não podia suportar a ideia das inevitáveis “conversas banais”, comumente necessárias, caso eu encontrasse alguém, a fim de descobrir se “tínhamos algo em comum”.
Embora tivesse havido relacionamentos sérios nesse período, como também alguns que nitidamente não estavam levando a lugar algum, sempre que pensava em um possível novo casamento, não era pelo fato de me sentir solitária ou abandonada. Moradia, trabalho, escola particular, acampamento e faculdade para meu filho são grandes exemplos do terno cuidado de Deus por nós.
Seria um casamento feliz um privilégio para poucos escolhidos?
Embora a sociedade esteja continuamente alardeando a mensagem, tão antiga quanto a história de Adão e Eva, de que homens e mulheres simplesmente não conseguem conviver bem juntos, que o conflito e as diferentes formas de pensar e de agir impedem as pessoas de se conectarem entre si em harmonia duradoura, e que um casamento feliz seja um privilégio para poucos escolhidos, sempre me recusei a conscientemente aceitar essa mensagem. Tinha a convicção de que, uma vez que homens e mulheres são igualmente filhos de Deus, uma harmonia entre eles é natural e normal, embora isso não tivesse ainda ficado plenamente aparente em meus relacionamentos românticos.
Enquanto ia de ônibus para o trabalho, em uma quarta-feira pela manhã, duas semanas após ver Ken no restaurante, veio-me à mente uma súbita mensagem angelical da parte de Deus a respeito da minha atitude em relação a casamento. “Não depende de você decidir, talvez haja alguma coisa que você tenha para compartilhar com alguém.” Esse era um pensamento surpreendente. Eu não precisava decidir se deveria casar ou permanecer sozinha, Deus me guiaria! Era como se fosse uma nova perspectiva sobre relacionamentos que eu não havia considerado.
Naquela noite após a reunião na igreja, Ken me deu uma carona até em casa e conversamos durante o trajeto. Ele mencionou que estava atento à orientação divina, para saber quais os próximos passos a serem dados, tanto na vida pessoal como na profissional. Imediatamente compreendi que homem raro ele era! Quando me perguntou se eu gostaria de ir ao museu, admiti que precisava de um tempo. O que as pessoas pensariam sobre isso, tão pouco tempo após o falecimento da Margaret? Entretanto, quando lembrei do amor que ele tinha por ela e dos cuidados que lhe dedicara durante todos aqueles meses, bem como do fato de que todos os momentos em que ele não ensinava música eram passados com ela, pensei: “Por que deixá-lo ir sozinho”? Concordei em acompanhá-lo.
Nunca havia conversado antes com um homem assim
Nas semanas seguintes, nos encontramos algumas vezes. Conversávamos por horas e horas sobre as nossas esperanças e sonhos, nossas realizações, e até mesmo sobre nossos erros e alguns “desejos não realizados”. Nunca havia conversado antes com um homem assim. Não houve nenhuma “conversa banal”, apenas conversas repletas de conteúdo honesto, sincero, sem críticas, não-programadas e inspiradoras.
Certa noite, acordei às 2h30min da madrugada, e senti-me impelida a ler o capítulo “O Matrimônio”, em Ciência e Saúde, naquele mesmo momento. Embora tivesse lido esse capítulo centenas de vezes antes, duas frases chamaram minha atenção: “Não deves fazer precipitadamente o voto matrimonial 'até que a morte nos separe'. Considera as suas obrigações e responsabilidades, suas relações com o teu desenvolvimento e com a tua influência sobre outras vidas” (p. 68).
Esse relacionamento contribuiria para o meu crescimento espiritual
Ao invés de me indicarem a não seguir adiante, essas ideias sinalizaram que esse relacionamento (de amizade ou casamento) contribuiria para o meu crescimento espiritual e expandiria minha atividade a serviço de Deus. Já havia vivenciado um forte sentimento de apoio espiritual mútuo com Ken.
Na manhã seguinte, liguei para ele e lhe perguntei se poderíamos nos encontrar um dia antes do planejado, porque havia mais uma coisa que eu queria que ele soubesse sobre mim. Depois de lhe contar, continuamos conversando normalmente. Quando, em um determinado momento, ele pareceu um pouco perturbado, pediu-me para ter paciência com ele por alguns momentos, porque ele precisava “conversar” com Deus.
Depois disso, Ken me pediu em casamento. Foi a coisa mais natural do mundo e, é claro, respondi: “Sim”! Ken mais tarde me contou que se sentira impelido a me pedir em casamento, mas ficou tão surpreso com o rápido desenrolar dos acontecimentos, que teve de se volver a Deus por um momento antes de continuar. Quando ele se sentiu em paz, fez o pedido.
Este casamento foi estabelecido por Deus
O pastor a quem pedimos que nos casasse ficou muito interessado em nossa história. Ele ficou impressionado pela maneira como passamos a nos conhecer tão bem em tão pouco tempo, como nos sentíamos bem um com o outro, como se sempre tivéssemos nos conhecido, e como ficou nítido para nós dois que este casamento fora estabelecido por Deus. Casamo-nos seis semanas mais tarde, em uma linda cerimônia apenas com a presença do meu filho. Foi um momento muito especial para todos nós.
Ken e eu estamos casados há 15 anos. Nosso casamento tem sido um presente repleto de muita alegria, harmonia e união. Não temos nenhuma dúvida de que Deus nos uniu para a Sua glória, para o nosso crescimento espiritual mútuo e individual, e para melhor servi-Lo. Frequentemente, dizemos um ao outro, até mesmo agora: “Deus realmente deve me amar por ter me enviado você”. Sabemos que Deus ama e cuida de cada uma de Suas ideias, e que aquilo que temos vivenciado é o resultado de estarmos atentos, em espírito de oração, à Sua perfeita orientação.
 
    
