Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

ESPIRITUALIDADE E CURA

Dissipar a névoa do pensamento

Da edição de outubro de 2010 dO Arauto da Ciência Cristã


Para os que vivem junto à costa, o nevoeiro é uma ocorrência comum. Às vezes, a neblina é tão densa que não conseguimos nem mesmo ver o outro lado da rua. Pontos de referência com os quais estamos acostumados, como postes de luz, cercas e carros que transitam pela rua, parecem sumir. Será que eles realmente desaparecem ou apenas ficam escondidos da vista? É claro que a neblina não muda a paisagem ou a apaga, apenas a torna obscura.

A natureza do nevoeiro é uma metáfora muito útil em minha experiência como Cientista Cristã. Frequentemente, quando oro em busca de solução para um problema e sinto que não consigo ver com clareza, pergunto-me: "O que está acontecendo? Qual é a verdade, a realidade, o modo como Deus vê esta situação"? Então, vêm as perguntas: "Por que não consigo ver mais claramente? Como posso me livrar da 'névoa' que obscurece minha visão de Deus"? Permitimos com frequência que inconsistências sutis penetrem em nosso pensamento, inconsistências essas que pesam de forma imperceptível contra a cura. Essa é a névoa da visão limitada, quando não vemos além da neblina, mas deixamos que ela obscureça nossa visão. Se incluirmos erros latentes na base metafísica de nossas orações, nossa visão continuará anuviada. Tal como Mary Baker Eddy salienta: "...um erro na premissa tem de aparecer na conclusão" (Ciência e Saúde, p. 167). Como sabemos se e quando nossa premissa é falsa? Se nos sentimos em dúvida, ou com um senso de falta de clareza cristalina quando oramos, podemos tomar isso como um sinal de que inadvertidamente permitimos que algum erro entrasse no pensamento.

Por exemplo, é possível que alguém pense: "Sei que não existe nenhuma matéria". Ciência e Saúde deixa isso claro na exposição científica do ser: "Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudoem-tudo. O Espírito é a Verdade imortal; a matéria é o erro mortal. O Espírito é o real e eterno; a matéria é o irreal e temporal. O Espírito é Deus, e o homem é Sua imagem e semelhança. Por isso o homem não é material; ele é espiritual" (p. 468). Essa é uma declaração da verdade inequívoca e correta. Entretanto, talvez possamos entreter uma crença oculta, não detectada, de que, muito embora não exista vida, verdade, inteligência nem substância na matéria, a matéria ainda assim exista. Simplesmente a matéria não tem essas qualidades de vida, verdade ou inteligência! Essa é a névoa, um argumento silencioso e sutil que pesa contra a verdade poderosa e ativa de nosso ser. Como pode a declaração de que o Espírito, Deus, é tudo ser de fato poderosa, se mantivermos no pensamento a crença de que a matéria também exista? De que exista algo a ser "feito" à matéria? Essa alusão nos coloca em uma posição de pedir ajuda ao Espírito para que venha e conserte a situação material, e depois volte a ser Espírito! Como é importante mantermos em nossas orações, de forma primordial, o que nos lembra Ciência e Saúde: "Através dos ciclos infinitos da existência eterna, o Espírito e a matéria não se unem nem no homem nem no universo" (p. 319).

A névoa do pensamento dualista

A fim de lutarmos contra a resistência fundamentada na matéria à validade dessa declaração, é importante avaliarmos nossos conceitos básicos sobre matéria. Algumas vezes, considero útil escrever o que penso sobre a matéria, em outras palavras, defini-la para mim mesma. Então, quando procuro as referências que Mary baker Eddy faz à palavra matéria em seus escritos, tenho a noção exata de quais conceitos preciso rever no pensamento. Eis aqui alguns de seus termos para descrever a matéria: pretensão, ilusão mortal, crença, erro, falsa visão, o nada, o irreal. Ela está nos dizendo, em termos muito claros, que a matéria não existe. Mas por que a matéria não tem nenhuma realidade? Uma vez que Deus é Tudo-em-tudo não pode haver nenhum lugar ou espaço nessa totalidade para qualquer coisa dessemelhante de Deus, o Espírito. Adquirir um entendimento mais claro desse fato aumenta nossa compreensão espiritual e torna nossa oração mais eficaz. Ao compreendermos isso, a névoa do pensamento dualista de que tanto o Espírito quanto a matéria existam, se dispersa, deixando que a única e grandiosa verdade seja vivenciada por nós na vida diária: O universo é inteiramente criado pelo Espírito e, portanto, completo e saudável.

Outro conceito errôneo que pode anuviar a oração é a crença de que nosso problema está "todo no nosso próprio pensamento". Isso ocorre quando tentamos descobrir contra quem estamos nutrindo um ressentimento, ou qual falso cenário permitimos entrar no pensamento ou para onde deixamos que algum pensamento se desviasse. Embora Ciência e Saúde afirme que montar "guarda à porta do pensamento" seja essencial (ver p. 392), iniciar uma caça às bruxas a fim de identificar "o que está errado" é um esforço totalmente humano que nos mantém na névoa, porque estamos à procura de uma causa material ou humana para o problema. Uma das verdades fundamentais na prática da Ciência Cristã é que o mal e a doença não têm causa. Por quê? Porque na única realidade que existe, a realidade do universo do Espírito, há somente seres magníficos, há somente a harmonia, isto é, Deus e a criação perfeita, incluindo cada um de nós. Com base nesses fatos, nossa oração na Ciência Cristã começa a partir desta premissa: "A compreensão crística acerca do ser científico e da cura divina inclui um Princípio perfeito e uma idéia perfeita—Deus perfeito e homem perfeito—como base do pensamento e da demonstração" (Ciência e Saúde, p. 259). É importante notar que essa passagem não diz: "Deus perfeito e homem imperfeito tentando tornar-se mais perfeito"!

Existe ainda outra forma de névoa, uma dificuldade não detectada impedindo a clareza espiritual que é nutrir a crença de que o pensamento de outra pessoa possa de fato nos causar danos, por meio daquilo que é chamado de má prática. Às vezes, as pessoas caem na armadilha de pensar que a má prática seja algo verdadeiramente perigoso. Entretanto, o fundamento dos ensinamentos da Ciência Cristã é que existe apenas uma única Mente. Onde, então, poderia haver a mente que cometesse a má prática ou a que estivesse sujeita à má prática? Em nenhum lugar. Estaríamos aceitando um poder separado da onipotência, separado da única Mente? Então, o que é má prática? Mary Baker Eddy a define, em parte, como "uma negação descarada da Verdade" (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 31). Um dicionário define má prática como: "qualquer prática imprópria, negligente; conduta imprópria ou uso indevido, mau uso". Uma vez que está claro que o mal é o oposto do bem, e que o bem, a presença de Deus, está em toda parte em todos os momentos, podemos constatar que a má prática é, de fato, somente o suposto contrário do bem ou do pensamento correto! O mal não é um poder real. Ele não é uma influência. Ele não pode ter nenhum efeito sobre o bem. Ele não pode impedir a cura. Ele é o nada e ponto final! Entretanto, a nulidade da má prática precisa ser compreendida.

Martha Wilcox, uma das primeiras seguidoras de Mary Baker Eddy, recorda em suas reminiscências alguns dos ensinamentos de nossa Líder sobre a má prática, especificamente estes esclarecimentos: "[Ela] destacou que, devido à natureza mental da má prática mental, o único lugar em que eu poderia enfrentá-la era dentro do que parecia ser minha própria mentalidade e o único modo pelo qual eu poderia enfrentá-la estava em deixar de acreditar num outro poder e presença além de Deus ou Verdade. ... Ela acrescentou que esse aparente inimigo interior nunca me poderia causar dano, se eu estivesse alerta para a verdade e ativa na verdade" (Texto que consta de um artigo publicado em O Arauto da Ciência Cristã, de novembro de 1987, extraído do livro We Knew Mary Baker Eddy [Nós conhecemos Mary Baker Eddy], pp. 197, 200).

Obter uma visão desobstruída

Ao considerar essa recomendação de Mary Baker Eddy, é importante que saibamos como reconhecer o medo e outras tendências negativas que possam estar latentes no pensamento. Como fazemos isso? Examinando o pensamento. Vigiemos o que vem ao pensamento quando oramos, como também o que possa nos distrair. Estejamos atentos à orientação divina. Prestemos atenção ao conteúdo de nossas conversas. Estejamos dispostos a aprender. Em meu próprio caso, sem exceção, toda vez que eu sinceramente desejava crescer espiritualmente, os erros que vinha abrigando no pensamento vinham à tona, eram postos a descoberto e eu encontrava quaisquer respostas que necessitava.

Por exemplo, há alguns anos, meus vizinhos acusaram a mim e a meu marido de falsidade e uso ilegal de propriedade comunitária. Parecia que muito ódio estava sendo manifestado e nós nos sentíamos sob ataque. Quando examinei meu próprio pensamento, percebi que não estava com medo do ódio, mas temia que os vizinhos pudessem nos tirar a alegria que sentíamos em nossa casa. A situação que eu precisava enfrentar não dizia respeito a eles e à sua maneira de pensar, mas dizia respeito ao meu próprio medo. Eu sabia que tinha de lidar com o medo, em espírito de oração, até que desaparecesse. Compreendi que Deus só poderia abençoar e que nada poderia se enfurecer contra o bem, que é concedido por Deus. Ative-me ao fato de que, durante muitos anos, meu marido e eu havíamos orado com muita sinceridade para realmente compreender que o lar é uma ideia espiritual. Ele existe na consciência e não pode ser violado nem ameaçado. Portanto, nosso lar só poderia permanecer intacto, imperturbado e protegido. Em pouco tempo, toda a situação foi resolvida harmoniosamente e até incluiu um bilhete de desculpas dos vizinhos, lamentando seu comportamento para conosco.

Quão importante é começar corretamente em nosso empenho para curar, começar com uma visão clara, consistente, sem nenhuma névoa no pensamento. Fazemos isso reconhecendo a perfeição de Deus que inclui cada um de nós, assimilando no pensamento a totalidade e a plenitude de toda a criação espiritual de Deus, regozijando-nos diante da totalidade do universo e compreendendo que fazemos parte desse incomparável estado perfeito do ser. Descobri como é útil nutrir verdades como essas na consciência. À medida que deixava o pensamento se elevar, descobria que podia parar de formular pensamentos "eu mesma" e, ao ficar atenta, tornava-me ciente da Verdade se revelando. Esse é um lugar sagrado para se conhecer, para se estar e para dar testemunho. Esse é o "esconderijo do Altíssimo", como diz o Salmo 91. Nesse lugar sagrado não existem problemas para se resolver, nenhuma doença para se curar, nenhum mal ou pecado do qual se livrar. Esse lugar é onde ocorre a cura, não porque tentamos "aplicar" essas verdades a uma situação, mas porque qualquer outra coisa, que não a verdade, isto é, seja qual for a forma ou nome que o mal queira assumir simplesmente se dissipa da consciência e desaparece, porque é o nada.

Sempre haverá oportunidades de vermos além da névoa e, se formos sinceros, as verdades que buscamos nos serão reveladas.

Nesse lugar de consciência científica do divino, não há nenhuma névoa. Se estivermos pensando que é por nossa culpa que temos um problema, que nosso pensamento seja de algum modo "mau", então estamos supondo que exista mente separada de Deus. Se pensarmos que nossa situação é causada por outra pessoa, ainda assim estamos nos separando de Deus e de todo o bem que o Espírito transmite. Em realidade, não existe nenhuma mente separada que possa pensar de modo incorreto. Ninguém pode ter uma mente que seja responsável por qualquer mal. Não somos responsáveis por aquilo que bate à porta da consciência, mas somente pelo que fizermos a esse respeito.

Ao mantermos essas verdades à frente de nossas orações, cada um de nós pode confiar em que será inspirado, guiado e que nosso crescimento metafísico será cada vez mais eficaz. Sempre haverá oportunidades de vermos além da névoa e, se formos sinceros, as verdades que buscamos nos serão reveladas. Essa é uma jornada jubilosa que acrescenta profundidade e amplidão aos recursos espirituais de todos, proporcionando-nos visões cada vez mais belas do universo do Espírito. Por sua vez, essa visão cristalina, desobstruída, propicianos a oração mais profundamente satisfatória, que produz resultados seguros e curas consistentes.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / outubro de 2010

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.