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A canção de meu pai

Da edição de novembro de 2010 dO Arauto da Ciência Cristã


No ano passado, próximo ao Dia de Açāo de Graças, minha família precisou levar meu pai para uma instituição da Ciência Cristã na Califórnia, a qual presta assistência à saúde. Uma doença de longa data passou a exigir mais cuidados do que minha mãe podia proporcionar-lhe em base permanente. Todos ficamos mais tranquilos por ver meu pai com mais conforto e sob os amorosos cuidados dos dedicados enfermeiros da Ciência Cristã. A mudança também serviu como um chamado à ação para que todos em nossa família orassem mais diligentemente a respeito do falso quadro que se apresentava. Sabíamos que meu pai é uma ideia de Deus, expressando poder e autoridade, e não um homem idoso ou uma vítima indefesa.

Após aproximadamente dois meses, um de meus irmãos ligou e disse que a saúde de meu pai estava se debilitando. Minha residência fica cerca de 800 quilômetros de distância da Califórnia e quando contei à minha esposa, ela se ofereceu para cuidar dos nossos filhos, caso eu desejasse ir visitá-lo. Considerando as exigências de seu trabalho, essa era uma oferta generosa, pela qual fiquei muito grato.

Permaneci quase uma semana na Califórnia, e visitava meu pai durante muitas horas a cada dia. Muitas vezes pudemos ter boas conversas, li para ele conferências e vários artigos dos periódicos da Ciência Cristã, e tive muitas oportunidades de orar enquanto ele descansava. Foi uma ótima visita para nós dois e útil para minha mãe e meus irmãos.

Não poderia haver nenhuma ausência das qualidades que apreciávamos em meu pai

Alguns dias após ter voltado para casa, minha mãe ligou para me dizer que papai havia falecido durante a noite. Para minha surpresa, a primeira coisa que senti não foi tristeza, mas uma gratidão imensa pela Lição Bíblica daquela semana, cujo tema era "Homem". Parecia feita sob encomenda para mim, pois abordava a sugestão material de morte, e incluía magníficos exemplos de personagens bíblicos, como Enoque e Jesus, que venceram a morte. Entretanto, a história que realmente me inspirou foi a de Elias e Eliseu (ver 2 Reis, capítulo 2). Eliseu era discípulo de Elias e, pouco antes da partida de seu mestre, ele pede o poder espiritual de Elias para continuar sua própria experiência. Tendo em vista que ele permanece com Elias e testemunha sua ascensão "ao céu num redemoinho", seu pedido é concedido. Então, será que Eliseu senta-se e chora a perda de seu mestre? De maneira nenhuma. Ele já está ocupado demais desenvolvendo seu próprio registro de curas espirituais, que incluem a ressuscitação do filho da sunamita, a cura da lepra de Naamã, a demonstração de suprimento de "pães e peixes" centenas de anos antes de Jesus e a interrupção de uma guerra sem fazer uso de violência.

O exemplo de Eliseu me ajudou a compreender que o bem é contínuo. Não houve nenhuma interrupção no cuidado de Deus depois que Elias deixou a cena. Da mesma forma, em minha família, não poderia haver nenhuma ausência das qualidades que apreciávamos em meu pai.

Entretanto, muito embora o pesar não tivesse encontrado nenhum espaço em meu pensamento, ainda havia algumas coisas com as quais precisava lidar. O primeiro desafio era como a notícia do falecimento de meu pai seria recebida pelos meus filhos e meus sobrinhos. Preocupava-me o fato de que a assim-chamada doença de "longa data", a qual não havia sido curada, talvez pudesse levantar dúvidas naqueles jovens sobre a eficácia da cura pela Ciência Cristã. Muitas vezes eu fora inspirado pela cura de pólio de minha mãe quando ela era jovem, e esperava que uma cura relevante como essa servisse como um baluarte em defesa dos assaltos da nossa cultura materializada. Muito embora todos nós tivéssemos vivenciado inúmeras curas, o falecimento de meu pai poderia vir a ser um argumento de que os desafios mais extremos estejam além do escopo da cura espiritual.

Muito embora todos nós tivéssemos vivenciado inúmeras curas, o falecimento de meu pai poderia vir a ser um argumento de que os desafios mais extremos estejam além do escopo da cura espiritual.

Disse-lhes que cada um de nós é como uma maravilhosa e perfeita canção composta por Deus, a Mente

No entanto, uma conversa que tive recentemente com minha mãe ajudou-me a dispersar essa visão incorreta. Ela me contou sobre uma cura que meu pai tivera cerca de dez anos atrás. Ele sofria periodicamente de um problema doloroso que o impedia de comer, beber líquidos de qualquer espécie ou mesmo de se deitar confortavelmente. Em certa ocasião, esses sintomas persistiram por vários dias. Meu pai temia que a gravidade desse ataque fosse fatal. Somando-se a esse desconforto, meus pais não conseguiam contatar nenhum dos praticistas da Ciência Cristã com os quais estavam acostumados a se comunicar. Finalmente, ligaram para uma praticista que morava do outro lado dos Estados Unidos. Ela sugeriu que meu pai se deitasse e declarasse em voz alta todas as verdades espirituais sobre as quais pudesse pensar. Ele fez como ela o instruíra e em seguida adormeceu. Quando acordou na manhã seguinte, disse para minha mãe: "Sinto-me ótimo, vamos tomar o desjejum"! Ficara óbvio para ambos que o estado mental havia mudado e o medo havia se dissolvido. Aqueles sintomas nunca mais voltaram a incomodá-lo. Sou muito grato pelo fato de a Ciência Cristã ter capacitado meu pai a conhecer meus filhos, que ainda não haviam nascido na ocasião em que essa cura ocorreu.

Outro desafio era como dar essa notícia para meus filhos. No ano passado, um vizinho, que era como um avô para nossos filhos, faleceu. Foi uma ocasião difícil para toda nossa família e eu estava preocupado e ansioso por termos de passar tão cedo novamente por tudo aquilo. Entretanto, enquanto orava sobre isso, obtive algumas ideias de como eu poderia expressar minha confiança na existência contínua de meu pai.

Fiquei maravilhado não só com o poder dessas ideias, mas também com a assertividade por meio da qual elas me foram transmitidas, com o uso de uma única palavra.

Disse a eles que cada um de nós é como uma canção maravilhosa e perfeita composta por Deus, a Mente. Essa Mente infinita seleciona notas e ritmos de uma coleçāo ilimitada de boas ideias e cada canção é tão única quanto perfeita e harmoniosa. O que parece que vemos com nossos sentidos físicos é uma transcrição distorcida da partitura daquela canção sobre o papel. Algumas vezes, parece nítida, outras não, mas essa é sempre uma visão limitada. Talvez o papel fique amassado e a tinta borrada. Se alguém destruir o pedaço de papel com a partitura, será que esse é o fim da canção? Será que perdemos a canção "Jingle Bells" se alguém queimar o papel na qual a música foi escrita?

Essa mensagem veio sob a forma de um sonho

Essa analogia foi muito útil para minha família. Quando cada um de nós lembrava e apreciava as qualidades especiais que meu pai trouxera à nossa experiência, não havia lágrimas.

A essa altura, já dera vários passos de progresso em minha compreensão, mas houve outra mensagem angelical que me veio antes que eu realmente a "Captasse". Essa mensagem veio sob a forma de um sonho que tive uma ou duas semanas mais tarde. No sonho, eu estava na igreja cantando um hino, quando percebi que meu pai estava de pé ao meu lado. No início, achava que meus olhos estavam me enganando. Mas quando o observei cantando, sorrindo e desfrutando o hino, fiquei convencido de que ele era real. Estendi meu braço para tocar o dele e, quando o fiz e vi que seu braço era sólido, o agarrei firmemente e me regozijei de que ele havia voltado.

Naquele instante, fui fortemente ejetado do sonho e acordei de imediato. Enquanto estava na cama e ponderava sobre o significado do sonho, percebi que ainda havia vestígios da velha imagem de meu pai em meu pensamento. Ao invés de me agarrar e me ater àquela imagem física, era hora de eu "revestir-me do novo homem" (ver Efésios 4:24) e acalentá-lo como uma ideia inteiramente espiritual. Mas como podia fazer isso? Essa meta ainda parecia um pouco abstrata para mim. Então, parei de pensar sobre isso e voltei a dormir.

Quando acordei de manhã, tentava me lembrar qual o hino que nós havíamos cantado no sonho. Só consegui me lembrar de uma única palavra: "strife" (luta). Usando a Concordância, o programa de busca computadorizado da Ciência Cristã, pesquisei todos os hinos do Hinário da Ciência Cristã que continham aquela palavra. Para minha surpresa, havia somente dois, e ambos eram de autoria de Mary Baker Eddy. Aqui estavam duas grandes ideias para atualizar, ou transformar, a imagem que eu tinha de meu pai:

"Tu, raio gentil do vivo Amor
E Vida imortal!
Verdade infinita,–tão acima estás
De toda luta mortal..."
(Tradução literal de uma estrofe
do Hino 23)

Certamente podia considerar meu pai e apreciá-lo como um "raio gentil do vivo Amor". Além disso, que consolo ser lembrado especificamente de que sua Vida é imortal.

O segundo hino diz em parte:
"Ó, vem da luta libertar
Quem esperança tem,
E com amor o saciar;
O Amor é Vida, o bem.
De paz nos fala ao coração,
No encontro e na separação"
(Hino 30)

Essas letras me fizeram lembrar que a vida depende de uma única coisa: o Amor. Sei que o amor não é interrompido nem para mim nem para meu pai e, portanto, tampouco o é a vida. A comunicação dessas ideias me pareceu tão pessoal e terna, que fiquei convencido de que ela veio do reino do Amor onde a "paz nos fala ao coração". Fiquei maravilhado não só com o poder dessas ideias, mas também com a assertividade por meio da qual elas me foram transmitidas, com o uso de uma única palavra.

Meu pai teve três filhos, mas ele estava sempre muito ciente de que Deus, a Mente, era nosso verdadeiro Pai. Quando pondero a maneira pela qual fui conduzido ao longo de toda essa experiência, guiado para fora do pesar, aconselhado a como ajudar nossos filhos e encorajado a buscar uma perspectiva espiritual, sinto as mãos firmes, porém gentis, do meu Pai divino sobre meus ombros. Até mesmo o inimigo mais temido da humanidade, a morte, não pode nos privar desse relacionamento inseparável e inquebrantável com Deus.

Sou grato pelo que meu pai me ensinou sobre a Ciência Cristã e sou inspirado por sua devoção inabalável a essa Ciência ao longo de provações bem difíceis. De fato, ele é uma canção maravilhosa.

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