Quando meu pai faleceu, há alguns anos, um grande sentimento de pesar me invadiu, pois acreditava que não havia dito para ele que eu o amava.
Meus pais eram separados, morávamos afastados e, além de termos pouco contato, nosso relacionamento acalentou algumas mágoas, relacionadas á separação conjugal de meus pais.
Quando me informaram que ele adoecera, procurei me aproximar para cuidar dele, mas senti que ainda nutria mágoa dentro de mim, o que dificultava nosso diálogo. Como Cientista Cristã, procurei orar para superar o ressentimento, mas não tive a oportunidade de conversar com ele, de forma a anular todo e qualquer mal-entendido entre nós antes de seu falecimento, fato que me deixou muito triste.
Não soube lidar com a dor e entrei em depressão. Passava horas chorando, angustiada pelo sentimento de não ter curado aquele problema de relacionamento.
Certo dia, contudo, ao folhear um exemplar de O Arauto da Ciência Cristã, li um testemunho cujas ideias me chamaram a atenção. A história discorria sobre um pai que não se relacionava muito bem com os filhos. Ele tinha muita dificuldade de dialogar com eles porque lhe faltavam as palavras certas; ele nunca conseguia dizer o que na verdade queria. O testemunhante se mostrava muito ansioso para resolver o problema de relacionamento. Até que, por meio da oração, teve a inspiração de deixar que os anjos falassem por ele. A partir de então, ele conseguia dialogar melhor com os filhos e passou a conviver harmoniosamente com eles.
Lembrei-me de que Mary Baker Eddy descreve "anjos" como: "Pensamentos de Deus que vêm ao homem; intuições espirituais, puras e perfeitas; a inspiração da bondade, da pureza e da imortalidade, neutralizando todo o mal, toda a sensualidade e mortalidade" (Ciência e Saúde, p. 581). Refleti sobre essa descrição de "anjos" como "pensamentos que vêm de Deus" e percebi que não precisava sofrer pela ausência física de meu pai, pois como expressão da Vida divina e espiritual, a qual todos como filhos de Deus reflectimos, meu pai continua a viver e a ser receptivo ás ideias divinas. Eu poderia confiar em que os anjos estariam transmitindo a ele constantemente as mesmas ideias de amor e de paz que haviam preenchido minha consciência. Além disso, também reconheci que, na realidade divina, meu pai e eu nunca havíamos deixado de estar unidos na harmonia de Deus. Somente o Amor divino nos tocou e continua a nos unir e governar, agora e eternamente.
Essa oração fez com que a tristeza se dissipasse e senti um grande alívio no coração. Desde aquele momento, estou completamente curada e livre do sentimento de pesar e da depressão. Como é libertador saber que a comunicação vem de Deus para cada um de nós, e transcende todos os limites de espaço e de tempo!
