O conceito de gratidão tem um lugar especial em meu coração. Mas, nem sempre foi assim. Eu costumava ter só um pouquinho daquela gratidão quando me era conveniente.
Cresci em uma família grande e todos frequentívamos a Escola Dominical da Ciência Cristã, bem como as reuniões de testemunhos das quartas-feiras na igreja, onde ouvíamos os relatos de cura dos membros e frequentadores. O que percebi enquanto crescia foi que os estudantes de Ciência Cristã gostam de concluir seus testemunhos dizendo: "Sou muito grato"! Pelo menos era essa a impressão que tinha.
Por esse motivo, desenvolvi uma certa aversão ao uso das palavras grato ou gratidão e passei a desdenhá-las quando os outros as usavam. Achava que aquelas palavras não tinham nenhuma originalidade! Portanto, quando eu dava testemunhos, propositadamente usava outras palavras que se aproximassem do significado de gratidão, palavras que expressassem minha apreciação ou meu reconhecimento. Obviamente, eu não percebia a gratidão pelo que ela na verdade significava, mas apenas como mais uma palavra no dicionário. Não tinha uma compreensão profunda a respeito do que o poder da gratidão pode fazer, e o que isso significa para aqueles que vivenciam a cura. Entretanto, tudo isso mudou drasticamente para mim no último ano do ensino médio, durante a década de 1980.
Não tinha sequer um minuto para buscar inspiração
Gostava de jogar basquete em quadra coberta durante a aula de Educação Física, correndo e arremessando a bola com desenvoltura, dando o melhor de mim em cada jogada. Entretanto, apesar das frequentes idas ao bebedouro, sempre sentia um terrível superaquecimento no corpo, o que resultava em dores de cabeçã, garganta seca e respiração ofegante.
Certa tarde, após um jogo particularmente exaustivo, esses sintomas se tornaram muito acentuados. Não nos deram muito tempo no vestiário para trocar de roupa e seguir para a próxima aula, o que me deixou preocupado em não conseguir chegar a tempo à sala de aula. Não havia sequer tempo de buscar inspiração na Bíblia ou em Ciência e Saúde, como estava acostumado a fazer em casa. Também não havia um telefone disponível para ligar para meus pais ou para um Praticista da Ciência Cristã, a fim de solicitar ajuda (nos anos 80 ainda não havia telefones celulares). Por isso, apoiei-me totalmente em Deus e, atento, procurei ouvir a ideia sanadora que tanto necessitava naquela situação.
Tivera curas suficientes na Ciência Cristã para saber que Deus era "...socorro bem presente nas tribulações" (Salmos 46:1), e que poderia confiar nEle nesse caso também. Então, veio-me à mente uma inspiração. Havia lido na Lição Bíblica daquela semana, no Evangelho de João, a passagem em que Jesus desperta seu amigo Lázaro dos mortos (ver João 11). O que me impressionou nesse trecho foi que Jesus deu graças a Deus na porta do túmulo, antes de pedir que Lázaro saísse. Aliás, percebi que o fato de ter agradecido com antecedência foi como ele curou a Lázaro.
Comecei a ser grato por tudo, com todas as minhas forças
Quando as pessoas dão graças a Deus, reconhecem a Deus como a causa de todo o bem, e dão testemunho de Sua criação perfeita e espiritual, a perfeição já presente. Jesus comprovou que Lázaro nunca estivera verdaderiamente morto, apesar da evidência em contrário, mas que ele era uma ideia espiritual de Deus, a qual nunca nasce, nunca morre, e está eternamente sob os cuidados de seu Criador. Ele percebeu a criação espiritual de Deus, como declara Ciência e Saúde: "Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes" (p. 476).
Exatamente ali, naquele momento em que estava em pé junto ao meu armário, recebi esta mensagem angelical: "Se por meio da gratidão Jesus podia ressuscitar alguém dentre os mortos, então, eu também deveria tantar ser grato". Portanto, comecei a agradecer por tudo, com todas as minhas forças. Agradeci pela habilidade de refletir as qualidades de Deus na quadra de basquete com agilidade, graça e precisão. Agradeci pelo amor de Deus e por Ele estar exatamente ali comigo. Também dei graças por ter sido criado espiritualmente, não sujeito às leis mortais, materiais, as quais contradizem a realidade espiritual e que afirmam: "Se Bert joga basquete em quadras cobertas, ele deve sentir-se superaquecido". Basicamente, eu estava, de forma ativa, dando testemunho da criação espiritual de Deus.
Parei de me sentir incomodado quando as pessoas dizem: "sou grato"
Vocês nem imaginam o que aconteceu! A dor simplesmente desapareceu. Minha respiração voltou ao normal. A cura foi tão rápida, que ainda me restou muito tempo até a próxima aula.
Depois disso, nunca mais tive medo de jogar basquete em quadras cobertas e não apenas no ensino médio. Joguei basquete em ginásios cobertos a cada fim de semana durante dois invernos na década de 1990, sem nenhuma recaída.
No entanto, houve um outro efeito colateral dessa cura que preciso contar. Como vocês podem imaginar, nunca mais me senti incomodado com as pessoas que dizem: "sou grato". Agora, conhecia bem demais o poder da gratidão para depreciar um pouco essa repetição, uma vez que sabia como é bom se sentir livre da imposição das leis materiais e como é empolgante dar testemunho da criação espiritual de Deus.
Aprendi que as pessoas não estão repetindo sem pensar uma palavra apenas porque outras pessoas a usam, quando dizem com toda sinceridade: "Sou muito grato". Essas pessoas se apoiam sobre um ponto elevado do pensamento, e que as levou a demonstrar, em parte, a criação perfeita de Deus, a constatar Seu poder, e a compartilhar essa alegria com os outros. Agora, quando dou testemunhos nas reuniões de testemunhos das quartas-feiras, aposto que vocês já sabem o que vou dizer, com muita naturalidade, aquelas mesmas palavras que antes me entediavam: "Sou muito grato"! *
