As crianças gostam muito de imaginar os presentes que irão ganhar no Natal. É sempre agradável a promessa de que ganharão presentes. Às vezes, elas sabem de antemão qual será o presente e, outras vezes, é uma surpresa, mas a antecipação faz parte da alegria dos preparativos. Entretanto, pode haver um pouco de frustração quando chega esse dia especial. Mas suponhamos que houvesse um presente que continuasse sendo oferecido, dia após dia, ano após ano, e que sempre fosse novo e viçoso? Um presente apropriado para todas as ocasiões da vida de uma pessoa, especialmente para os momentos em que mais necessitasse de consolo e força? Um presente que lançasse fora o medo? Um presente que trouxesse a cura? Ele valeria seu peso em ouro!
Esse presente de fato existe, embora o ouro não possa comprá-lo. Não está nos sites de compra da Internet. Não podemos comprá-lo pelo correio. Não precisa ser embrulhado, não se desgasta, não sai da moda, nem precisa de reposição. Entretanto, ele frequentemente pega as pessoas de surpresa e sempre as abençoa.
Esse é o presente prometido por Jesus aos seus seguidores. Eis aqui como ele fez essa promessa: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade..." (João 14:16, 17). A palavra grega traduzida como Consolador (parakletos) significa advogado ou auxiliador, mas certamente também inclui o sentido extremamente verdadeiro de consolo humano que a vinda do Cristo traz.
Tentamos nos convencer de que o Consolador talvez seja o presente de Deus para os outros, mas não para nós?
Jesus trouxe esse consolo para muitos que necessitavam de cura, durante seu breve ministério de três anos de duração. Mas ele sabia, o tempo todo, que esse consolo provinha de uma fonte mais elevada do que ele próprio. Jesus explicou isso ao povo, mas mesmo seus discípulos achavam difícil compreender plenamente o relacionamento de Jesus com Deus, seu Pai. Jesus era uma estrela tão brilhante na vida deles, que ficava difícil perceberem que essa luz não provinha do próprio Jesus, mas era a luz refletida do Cristo.
Mas agora chegara a hora de deixá-los e Jesus os estava preparando para que eles mesmos recebessem esse poder em medida plena, ou seja, o Consolador, ou o Espírito Santo, como ele o chamava, para que pudessem levar avante sua obra. Por conseguinte, embora orando por seus discípulos e pelo ministério deles, ele também estendeu sua promessa até nós hoje, seus seguidores dos tempos modernos, assegurando-nos que o presente que seu Pai daria, o Consolador, estaria disponível a todos: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra" (João 17:20).
Algumas vezes, aqueles que anseiam por consolo são céticos a respeito de sua própria capacidade de se conectarem com algo tão maravilhoso como o Consolador. Talvez isso soe bom demais para ser verdade. Entretanto, penso frequentemente: teria Jesus prometido algo que não fosse verdadeiro? Se ele prometeu que seu Pai mandaria o presente, será que o Pai deixaria de cumprir a promessa? Ou estamos imaginando que esse presente tem de ser ganho, mas nós não somos merecedores dele? Estamos tentando convencer a nós mesmos de que o Consolador talvez seja o presente de Deus para os outros, mas não para nós? Esses temores são completamente estranhos à natureza de Deus e, consequentemente, à nossa própria natureza como Seus filhos. Esse presente não tem de ser ganho, pois ele já foi dado diretamente da fonte do próprio Amor divino. Tudo o que precisamos fazer é aceitá-lo com gratidão.
O Consolador está conosco momento a momento, diariamente
Então, como reconhecemos esse Consolador? Com que se parece? Maria Louise Baum expressou lindamente em seu poema que está no Hinário da Ciência Cristã (Hino 174) o consolo e a ternura que esse Consolador nos traz. O primeiro verso diz:
"Deus nos conforta tal qual a mãe aos filhos Consolo é paz, tumultos faz cessar, Coragem viva, esperança amiga, Tão terno amor, que traz a paz ao lar."
Essa é certamente uma bênção para todos os lares na época de Natal, mas não apenas em dezembro! Á medida que a compreensão da vindo do Consolador cresce em nosso coração, descobrimos que a ideia do Natal aos poucos se desprende gentilmente de uma determinada data e época, e torna-se um acontecimento contínuo. O Consolador está conosco momento a momento, diariamente. É o grandioso presente de Deus para nós, e que surge de inúmeras formas. Começamos a reconhecer esse aparecimento, à medida que o acolhemos, pois esse presente é nossa experiência atual, em tempo real, do amor permanente e eterno de Deus. Uma parte do segundo verso desse mesmo poema diz: "O presente do Amor é eterno" (traduzido da letra original em inglês).
Os apelos da sociedade parecem nos roubar o tempo que dedicaríamos á oração
Quando um presente é dado, ele tem de ser recebido. A porta da hospedaria estava fechada para José e Maria na história da natividade. O proprietário, cuja estalagem estava cheia, aparentemente não reconheceu a importância desses visitantes. Talvez tivesse visto neles nada além do que sua mundanalidade permitia fazê-lo, embora seu espírito humanitário o tivesse levado a lhes oferecer um estábulo. Se bem que talvez pudéssemos entender sua maneira de pensar, quando consideramos que, algumas vezes, nos parece igualmente difícil ouvir e enxergar além do materialismo de nossa época.
A profundidade e a extensão da necessidade humana nunca se mostram mais pungentes do que na época de Natal; mas parece que não importa quanta boa vontade humana seja expressa, não importa o quanto contribuímos para a caridade, não importa quantas boas açōes sejam feitas, isso tudo jamais será suficiente. Mesmo para aqueles que regularmente se volvem à oração para tratar dessas questões, os apelos da sociedade parecem nos roubar o tempo que dedicaríamos à oração, exatamente no momento em que ela é mais necessária.
Durante muitos anos, venho sentindo o desejo de dedicar um tempo mais específico para a oração na época de Natal. Sinto que orar profundamente para que a cura, inerente ao Consolador, alcance aqueles em necessidade, é uma comemoração natalina sem igual. Existem dois companheiros especiais que nunca deixam de estar comigo nesse período. Um é um pequeno livro intitulado What Christmas Means to Me and Other Christmas Messages [O que significa o Natal para mim e Outras Mensagens de Natal], que contém escritos de Mary Baker Eddy sobre o Natal. À medida que leio e pondero sobre as ideias que ela compartilha nesses artigos, sinto como se estivesse conversando com ela a respeito de tudo, desde a vida em família até questões espirituais que desafiam o pensamento convencional.
Para mim o ponto mais claro da ilustração é visto nos braços da mãe
Uma imagem que me toca profundamente a cada Natal, encontrase em uma ilustração que adorna o poema de Mary Baker Eddy, Christ and Christmas [Cristo e o Natal]. Esse livro especial é o meu outro companheiro. A chave para o seu simbolismo pode ser encontrada no que Mary Baker Eddy chamou de "Tradução Científica da Mente Mortal", em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 115). Ali ela classificou três "graus": físico, moral e espiritual, para descrever estados ascendentes e estágios do pensamento, desde a depravação até a elevação rumo à compreensão espiritual. Nas ilustrações do poema Christ and Christmas, as áreas claras simbolizam para mim as qualidades espirituais relacionadas no segundo e terceiro graus, enquanto que as áreas escuras indicam as qualidades negativas relacionadas no primeiro grau.
Uma gravura que ilustra o poema mostra uma típica cena de Natal. Uma enorme árvore enche metade da sala, e é tão alta que seus galhos superiores ficam fora do ângulo de visão. A sala contém um mar interminável de pessoas, amigos e familiares, esperando para serem recepcionados e receberem presentes, como uma infindável lista de Natal! A árvore está decorada com muitos presentes, embora a quantidade talvez não seja suficiente para todos. Para mim, o ponto mais claro da ilustração é visto nos braços da mãe, que demonstra amor e afeto to sendo derramados à multidão de necessidades na época de Natal. O amor e a alegria das crianças pequenas estão representados pela luz. Mas, acima de tudo, essa ilustração me fala da impossibilidade de se atender àquela multidão de corações ansiosos, mesmo com o ato do dar mais generoso, altruísta e incansável, por mais abençoado que seja. Não há nenhuma estrela na gravura, como em algumas outras ilustrações, indicando que essa não é a representação mais elevada da vinda do Cristo à humanidade.
A penúltima ilustração mostra um vulto batendo em uma porta, enquanto dentro da casa acontece uma festa. O mensageiro angelical é notado apenas por duas crianças pequenas olhando pela janela. As frases que acompanham o poema dizem: "A Verdade clama esta noite: Apenas Me deixe entrar! Nada de ritos religiosos para Mim"!
É no doce e sagrado âmago da oração que a eterna realidade do ser espiritual aparece
Ao afastar o pensamento do foco matérial do dia 25 de dezembro e da época de Natal, esse poema nos leva ao lugar na consciência onde as coisas profundas acontecem. É no doce e sagrado âmago da oração que a eterna realidade do ser espiritual aparece. É o local em que sentimos a presença sanadora do Consolador.
Ao escrever para o The Ladies Home Journal (uma publicação para as donas de casa da época), em seus últimos anos de vida, Mary Baker Eddy falou abertamente a respeito de sua visão sobre o Natal: "Visto com os sentidos materiais, o Natal comemora o nascimento de um bebê humano, material, mortal, um bebê nascido em uma manjedoura, em meio aos rebanhos e manadas de uma vila da Judeia. Essa origem simples do menino Jesus está muito aquém do meu senso do eterno Cristo, a Verdade, que nunca nasceu e jamais morre. Eu celebro o Natal com minh'alma, meu sentido espiritual, e assim comemoro a entrada, na compreensão humana, do Cristo concebido no Espírito, em Deus e não em uma mulher, como sendo o nascimento da Verdade, o alvorecer do Amor divino, irrompendo sobre as trevas da matéria e do mal, com a glória do ser infinito" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 262).
Lembro-me de amigas minhas muito queridas, cujas vidas foram abençoadas pelo toque do Consolador
Quase dois milênios após Jesus ter dado à humanidade sua demonstração incomparável do eterno Cristo, a descoberta de Mary Baker Eddy da Ciência divina trouxe o eterno Consolador à atenção e compreensão da humanidade, verdadeiramente um presente sem fim para todos os homens, mulheres e crianças. Tal como indicou Mary Baker Eddy em seu livro Ciência e Saúde: "Nas palavras de S. João: 'Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco'. Esse Consolador, no meu entender, é a Ciência Divina" (p. 55). A promessa do presente se cumpriu.
Lembro-me de amigas minhas muito queridas, cujas vidas foram abençoadas pelo toque do Consolador, o presente prometido da Ciência divina. Uma delas esperava um bebê, cujo nascimento já havia passado do tempo, e ela estava orando com a ajuda de uma Praticista da Ciência Cristã. Ela foi levada ao hospital e providências foram tomadas para induzir o parto. Mas a medicação que a equipe médica ministrou a ela produziu um efeito perturbador, tanto sobre ela como sobre o bebê; portanto, eles interromperam a intervenção cirúgica. Logo depois, ela foi envolvida por um senso de paz e alegria. Dentro de duas horas o bebê nasceu naturalmente, e a parteira expressou gratidão por um nascimento tão maravilhoso. A mãe conta que reconheceu que a grande sensação de calma naquela sala de parto se deveu à presença do Consolador, cuidando de todos eles.
Outra amiga tinha um emprego temporário em uma fábrica, no turno da noite. Certa vez, durante seu trajeto para o trabalho, ela ouviu no rádio uma entrevista com um ex-colega de escola, muito bem sucedido profissionalmente, e pensamentos de fracasso e miséria, a respeito de sua própria vida, a dominaram. Ao se volver a Deus em desespero, ela sentiu, de repente, a presença do Consolador com tanta firmeza, que aqueles sentimentos autodestrutivos instantaneamente desapareceram e ela se sentiu em paz e plenamente feliz consigo mesma. Ela descreveu que se sentiu inteiramente amada.
Ninguém jamais é deixado sem um presente de Deus
Uma terceira amiga encontrou em uma loja de uma instituição de caridade um exemplar de Ciência e Saúde, o livro que contém a explanação completa do Consolador, a Ciência divina. O livro falou diretamente ao anseio de seu coração e a conduziu à Ciência Cristã e às atividades da Igreja de Cristo, Cientista, com todas as suas provisões para o crescimento espiritual. Ela escreveu: "Sinto-me renovada como se uma nova vida e uma nova força tivessem sido instiladas em mim. Sinto-me verdadeiramente como nascida de novo. A cura que ocorreu foi profundamente marcante. Sinto-me como uma nova criatura e sou extremamente grata por isso". Ela vivenciou o toque do Consolador ao buscar a cura quando, certa noite, sentiu uma intensa dor na perna. Seu pensamento se encheu de luz e ela reconheceu que essa era a evidência da presença de Deus. A cura foi instantânea e permanente.
Este verso, que encerra o poema de Maria Louise Baum, direciona o pensamento à ternura do Amor divino. Ninguém jamais foi deixado sem esse presente de Deus. A irresistível ternura do Consolador envolve a todos, sem exceçāo: "Presença santa, que cala meus anseios,
Desejo conhecer o amor de Deus. No céu estou, se Tua graça veio Morar no coração dos filhos Teus".
