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GRATIDÃO

A abundante colheita da gratidão

Da edição de agosto de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

Christian Science Sentinel


Novembro, época especial no Hemisfério Norte, de Ação de Graças pelas boas colheitas, os que vivem no Hemisfério Sul talvez estejam pensando mais nas chuvas de primavera do que nas abundantes colheitas do outono; mas todos estamos dando graças!

Às vezes, porém, as razões tradicionais para se dar graças são substituídas pelo desânimo diante do que parece ser um futuro sombrio. Muitas pessoas estão sentindo que a gratidão é um sentimento quase inadequado, quando comunidades inteiras estão tentando lidar com desastres naturais, questões ambientais (incluindo a busca por energia limpa), dificuldades econômicas, terrorismo, altos índices de criminalidade em nossas cidades, e as previsões contínuas de miséria e desolação.

Mas, há esperança. Com o reconhecimento da onipotência de Deus, a humanidade pode, pela oração, transformar situações adversas em motivos para se dar graças, assim como Cristo Jesus fez há mais de dois mil anos.

Tive o privilégio de ter professores na Escola Dominical que amavam e conheciam bem a Bíblia. Uma das lições que aprendi, foi o hábito que Jesus tinha de agradecer a Deus pelo que sabia já possuir, sob a forma de verdades espirituais e leis divinas, ao invés de objetos ou condições materiais. João, seu discípulo mais perspicaz, registrou que Jesus agradeceu a Deus por tê-lo ouvido, e acrescentou (ao que parece, quase que se desculpando) que sabia que Deus sempre o ouvia, mas que dissera isso em voz alta para convencer as pessoas à sua volta que ele realmente era o enviado de Deus para fazer a Sua obra. Em seguida, Jesus deu a prova disso ao ressuscitar Lázaro, que já estava sepultado havia quatro dias (ver João 11).

Não há nada mais esclarecedor do que estudar a Bíblia em busca das verdades espirituais subjacentes e permanentes

Da mesma forma, Jesus e outros profetas em épocas anteriores, aplicaram esses mesmos princípios aos problemas que enfrentaram. A demonstração da lei divina ficou evidente ao alimentar milhares de pessoas com poucos pães e peixes, acalmar tempestades de medo, resolver conflitos sem hostilidade, curar doenças e proporcionar a milhares de pessoas um novo começo na vida. Acima de tudo, Jesus predisse com confiança que qualquer um que nele cresse poderia fazer o mesmo. Certamente muitos de nós já comprovaram suas palavras, porque temos uma Ciência universal e eterna que incorpora os mesmos princípios, ou leis divinas, das bênçãos abundantes de Deus, agora e sempre.

Não há nada mais esclarecedor do que estudar a Bíblia em busca das verdades espirituais subjacentes e permanentes que confirmam e explicam essas leis, juntamente com a sabedoria e o ímpeto espiritual necessário para utilizá-los. Aqueles que têm um exemplar do livro Ciência e Saúde, e o pensamento aberto, encontrarão nas páginas do livro um tesouro de ideias e orientações inspiradoras. Uma, em particular, está incluída no primeiro capítulo, intitulado “A Oração”. Ao lado da nota marginal, “ingratidão na prece”, destaca-se uma pergunta corajosa: “Somos realmente gratos pelo bem já recebido? Então nos aproveitaremos das bênçãos que temos e assim estaremos aptos a receber mais” (Ibidem, p. 3).

Outra passagem útil reassegura ao leitor que: “A disposição de vir a ser como uma criancinha e de deixar o velho pelo novo, torna o pensamento receptivo à idéia avançada” (Ciência e Saúde, pp. 323–324). Como “uma criancinha”, você pode imaginar isso? A passagem continua: “A satisfação de deixar os falsos marcos e a alegria de vê-los desaparecer — eis a disposição que contribui para apressar a harmonia final” (Ibidem, p. 324).

A água, proveniente da bacia hidrográfica que nos servia, estava sendo usada rio acima em culturas que necessitavam de muita água, como nas culturas do algodão e do arroz

Isso aconteceu em nossa família há alguns anos, quando meu marido decidiu se aposentar de um emprego estável como engenheiro e se tornar um fazendeiro. Ele comprou um pedaço de terra na área conhecida como Região dos Lagos Baixos, que ficava na parte final do maior sistema fluvial da Austrália e, por algum tempo, tudo correu conforme o planejado. Plantamos um bosque de oliveiras e fizemos uma pequena marina para nosso “barco trailer”, no qual esperávamos conhecer os lagos em nosso tempo livre.

As oliveiras são resistentes, até mesmo resilientes, mas, quando cultivadas para fins comerciais, para a produção de azeite, elas necessitam de irrigação para se desenvolverem melhor. De repente, nos encontramos em meio a uma estiagem. A água, proveniente da bacia hidrográfica que nos servia, estava sendo usada rio acima em culturas que necessitavam de muita água, como nas culturas do algodão e do arroz. Os ânimos se acirraram e os meios de comunicação, bem como os que deveriam ser “grupos de apoio”, sugeriam que uma grande quantidade de água estava sendo desperdiçada. Todos os agricultores, situados nas margens do rio que estava secando (inclusive nós mesmos) começaram a se abalar por ressentimento e senso de injustiça.

A massa de água, que originalmente margeava nossa propriedade, tinha mais de um quilômetro de largura e dois metros de profundidade, por isso, após trabalhar durante os estimados sete ou oito anos, havíamos começado a nos preparar para uma grande safra. Mas então, os lagos começaram a secar e, quando chegou a época da colheita, não havíamos nem irrigado a área plantada, nem havia chovido, por quase um ano. Mesmo nas áreas mais úmidas do norte, os microprodutores calculavam que a produtividade menor não justificava sequer fazer a colheita.

Teria sido correto seguir nossas intuições, ou teria havido um elemento de vontade própria envolvido em tudo isso?

Nós realmente começamos a colheita, mas antes mesmo de completarmos uma única fileira, pareceu-nos que aquelas estimativas deprimentes estavam corretas. Meu marido estava operando o agitador mecânico, e eu seguia atrás dele, tirando os restos com as mãos. Depois de algum tempo, porém, ele seguiu em frente levando consigo sua frustração e o barulhento gerador.

Enquanto trabalhava, comecei a ruminar se toda aquela empreitada teria sido sábia. Teria sido correto seguir nossas intuições, ou teria havido um elemento de vontade própria envolvido em tudo isso? Parecia tão correto, embora a compra da terra tenha sido complicada e demorada, exigindo muita oração, paciência e confiança em Deus. Agora, eu podia sentir o ressentimento aumentando, não contra outras pessoas, mas contra o peso do cinismo envolvendo todo o negócio.

Afirmei na consciência o fato indiscutível de que as ideias espirituais nunca podem ser diferentes da Mente que as desenvolve. Elas são reflexos de sua fonte divina e, portanto, já estão completas, não necessitando de nada.

Nesse ponto, aceitei a solidão e a paz daquele momento como uma oportunidade para orar profundamente. Agradecendo a Deus pela compreensão para fazer isso, afirmei na consciência o fato indiscutível de que as ideias espirituais nunca podem ser diferentes da Mente que as desenvolve. Elas são reflexos de sua fonte divina e, portanto, já estão completas, não necessitando de nada. Como uma ideia composta, nunca poderiam estar em competição umas com as outras, nem supridas com um único componente que fosse em detrimento de outra ideia.

Entreguei-me ao senso do companheirismo de Deus

Em pouco tempo, rendi-me a esse toque do Amor divino, àquele sentimento que se obtém quando se reconhece o poder e a presença de Deus. Toda a tensão que eu acumulara foi eliminada, e orei: “Querido Deus, perdoa-me por ter duvidado da eterna proteção de Sua vigilância e solicitude para com todos. Ajude-me também a perdoar aqueles que talvez possam não estar tão convictos como eu de que realmente não existe qualquer outro poder além do bem. Ajude-me a olhar além das evidências e ver somente a verdade sobre Sua onipresença e amorosa provisão para todos”.

À medida que me entregava a esse senso do companheirismo de Deus, o sentimento avassalador de responsabilidade para resolver sozinha esse problema simplesmente se dissolveu. A familiaridade que tinha com o livro Ciência e Saúde continuou a me prover de ideias sanadoras. Havia usado a palavra evidência em minha oração alguns minutos antes, e me lembrei de uma conferência da Ciência Cristã em que a evidência fora o tema em questão. Alguém havia definido a palavra como informação que alguém examina, a fim de fazer um julgamento. Em seguida, um advogado havia acrescentado que a evidência para ser admissível em um tribunal de justiça tinha de ser testemunhada por pelo menos um dos cinco sentidos físicos. Bem, até aqui sem problemas, pois esse caso era passível de verificação por todos os cinco. Foi então que esta frase surgiu com clareza em minha mente: “Se mudares a evidência, [aquilo que estamos enxergando] desaparecerá aquilo que antes parecia real a essa crença errônea, e a consciência humana se elevará mais alto” (Ciência e Saúde, p. 297).

Não consegui resistir à tentação de saber quantas azeitonas eram necessárias para encher um balde

Aquilo foi o catalisador. Eu não desejava fazer um julgamento humano. Queria levar meu caso a uma instância superior, onde somente uma evidência espiritual era admissível. Esse despertar para a solução me animou e, quase imediatamente, comecei a cantar uma canção que conhecia bem: “Count Your Blessings” (Conte suas Bênçãos). Apesar do fato de que objetos materiais não são necessariamente bênçãos, não consegui resistir à tentação de saber quantas azeitonas eram necessárias para encher um balde. Depois de contar por uma hora, tinha obtido um total de 8.000. A partir daí, calcular o número de azeitonas na tonelagem esperada e o rendimento em azeite foi simplesmente teórico.

Entretanto, algo mais interessante estava acontecendo. Quando deixei de lado o pensamento sobre um mero número de 8.000 azeitonas e assimilei números inconcebivelmente infinitos, meu senso de limitação e restrição cedeu lugar a um discernimento de abundância, bem-estar, contentamento e paz; em suma, deu lugar a um sentimento mais elevado de gratidão. O problema se desvaneceu completamente na alegria da descoberta.

Um pouco mais tarde, meu marido veio me dizer que era hora de fazermos um intervalo para o almoço. Seu rosto estava radiante. No local onde ele estava trabalhando, as azeitonas eram maiores e de melhor qualidade, e em quantidade muito maior do que havia estimado. Poderíamos argumentar que as melhores azeitonas estavam lá o tempo todo, mas, se tivéssemos julgado pelas evidências predominantes, nunca teríamos iniciado a colheita, nem encontrado tal abundância.

Mudar genuinamente a evidência vai muito mais além do que a mera diferença entre uma perspectiva pessimista ou otimista

Isso tira um pouco do brilho do meu exercício matemático, mas o que importa? De maior significado foi o vislumbre prático que tinha agora daquilo que Eddy explicou há mais de cem anos no livro Ciência e Saúde, no qual escreveu sobre a necessidade de a humanidade olhar além da evidência do sentido material, de reduzir as coisas a pensamentos, e colher os benefícios decorrentes de tal ação mental (ver p. 269).

Para mim, isso foi uma pista importante sobre a forma como Jesus e outros reverteram situações devastadoras e as transformaram em motivos vibrantes de ação de graças. Mudar genuinamente a evidência vai muito mais além do que a mera diferença entre uma perspectiva pessimista ou otimista. Vai direto ao fundamento de ver as coisas a partir de um ponto de vista espiritual, em vez de material. O resultado dessa mudança de percepção é, invariavelmente, a causa genuína da alegria que brota espontaneamente do coração, e transborda em ações de graças. Essa é uma celebração na qual todos nós podemos participar juntos, todos os dias. *

Artigo publicado originalmente na edição Christian Science Sentinel.

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