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Matéria de capa

Relacionamentos renovados pelo Amor

Da edição de agosto de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã


Antes que eu tivesse completado três anos de idade, todos os homens importantes em minha vida já haviam falecido: meu pai, meu avô materno e meu avô paterno. Minha mãe me contou que eu ficara tão desolada, que quando tomávamos a balsa para atravessar o Estreito de Mackinac, na região nordeste de Michigan, nos Estados Unidos (antes da construção da ponte), eu olhava para os homens de aparência bondosa e gentil, e que estavam sentados ou em pé próximos de nós, e lhes perguntava com a voz de uma criança de três anos: “Você quer ser meu pai”? Minha mãe e minha avó ficavam envergonhadas e, com certeza, muito tristes também.

Logo após completar cinco anos, minha mãe, que voltara a estudar para concluir o curso superior, ia se casar com alguém que ela havia conhecido na faculdade. Eu seria a dama de honra no casamento. Vocês bem podem imaginar como eu estava feliz pelo fato de que teria um pai morando conosco! Infelizmente, contudo, logo depois que nosso pequeno grupo familiar se estabeleceu, a natureza infeliz e falsa desse homem começou a vir à tona. Eu era o alvo favorito para seus comentários sarcásticos e mordazes, bem como de muitos abusos.

Aos olhos do mundo, tínhamos uma vida de causar inveja: um lar maravilhoso, um chalé à beira do lago, férias empolgantes, um grande círculo de amigos, belas roupas e muitas coisas boas para desfrutar. Mas, enquanto crescia, as relações dentro da família eram tão difíceis e voláteis, que eu literalmente fugi para a faculdade, levando tudo o que me pertencia e que podia carregar comigo.

Quando jovem adulta, casei-me e, enquanto esperava meu segundo filho, meu marido me abandonou. Nos primeiros meses, ainda me sentindo desiludida e traída, dependia da ajuda de amigos amáveis, um dos quais havia me emprestado um exemplar de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Durante minha fase de crescimento, ouvira falar da existência da Ciência Cristã, mas minha família não tinha uma visão muito positiva a respeito dela. Entretanto, depois que meu amigo me emprestrou Ciência e Saúde e comecei a estudá-lo, vivenciei algumas curas físicas, entre elas uma de ferimentos, após cair da escada e, mais tarde, a cura de uma grave queimadura na mão. Então, voltei-me novamente para a Ciência Cristã. Li e estudei a Bíblia, juntamente com Ciência e Saúde e, aos poucos, um lampejo de luz sanadora despontou, depois que comecei a compreender que Deus atenderia às minhas necessidades.

Voltei a estudar com o objetivo de fazer uma pós-graduação e finalmente conseguir sustentar meus filhos. Animada pelo estudo espiritual, fui também a uma Sala de Leitura da Ciência Cristã, por recomendação de um Praticista e Professor da Ciência Cristã que eu havia conhecido alguns anos antes, e comprei cada livro, panfleto e concordância recomendados pela bibliotecária. Saí de lá com duas sacolas pesadas de livros, em meio a amáveis palavras de encorajamento e abraços das outras mulheres que lá estavam, como também o alegre aceno de um senhor que se encontrava na área de estudo da Sala de Leitura.

À medida que orava, a orientação e a provisão de Deus continuavam a se manifestar.

Durante esse período, encontrava consolo em meu estudo espiritual, porém, a situação com minha mãe e seu esposo continuava a ser de desconfiança. A possibilidade de pedir-lhes ajuda financeira para mim e para os meus filhos era impensável. Na verdade, eu havia recusado qualquer contato com eles. Embora minha situação parecesse frágil, uma vez que o processo do meu divórcio estava apenas começando, devido ao fato de não ter outros familiares com quem pudesse contar, sem trabalho e com duas crianças dependendo de mim, o meu estudo do livro Ciência e Saúde e de outros escritos da Sra. Eddy, deram-me a coragem para confiar em Deus. Sentia muita gratidão, porque durante esse período meu próprio lar era calmo, aconchegante e sempre cheio de pura alegria.

À medida que orava, a orientação e a provisão de Deus continuavam a se manifestar. Meu primeiro ano de volta ao mercado de trabalho, trouxe para nossa vida a presença de uma adorável senhora, que passou a cuidar de nossa casa. No segundo ano, fui readmitida por um antigo chefe, para um cargo em um novo local, com o dobro do meu salário anterior. Minha gratidão simplesmente transbordava!

Durante todo esse tempo, continuava a ler Ciência e Saúde e outras publicações de Eddy, e começava a perdoar meu marido. Duas ideias realmente calaram fundo em mim naquela ocasião. A primeira foi uma passagem do capítulo “O Matrimônio”, a qual diz: “A falta de justiça uniforme é um mal gritante causado pelo egoísmo e pela desumanidade do homem” (p. 64). Essas ideias realmente abriram meus olhos para ver que, na verdade, o homem, incluindo o meu marido, não é egoísta! De fato, meu marido era um homem verdadeiramente generoso e honesto e, em oração, pude acalentar sua honestidade e natureza espiritual íntegra.

A segunda ideia que se destacou para mim foi a definição de homem em Ciência e Saúde, a qual começa assim: “A ideia composta que expressa o Espírito infinito; a imagem e semelhança espiritual de Deus...” (p. 591). Sabia que essa definição, e não um quadro material imperfeito, constituía minha identidade real, como também a do meu marido.

À medida que abandonava o ciúme e o ressentimento, deixando que o Cristo brilhasse, melhorou a maneira pela qual eu via meu marido e mudanças maravilhosas aconteceram em nosso relacionamento. Ele não somente aumentou a pensão alimentícia das crianças e passou a visitá-las mais regularmente, mas também concordou em aumentar substancialmente minha parte na pensão alimentícia, o que me permitiu comprar, entre outras coisas, uma casa em um bairro mais próximo da escola das crianças e de amigos. Orar com uma praticista para compreender a ideia espiritual de lar, e com a ajuda de seu marido, um corretor de imóveis que também é Cientista Cristão, realmente nos colocou em nosso lugar certo para aquele momento.

Tudo o que estivera me preocupando com relação à perda, à traição, ao abuso e ao coração quebrantado desvaneceu-se totalmente.

Quando passei a ver meu ex-marido (nosso divórcio já se concretizara nessa época) como o homem de Deus, expressando a paternidade e a maternidade de Deus, ele passou a cumprir com todas as obrigações financeiras e foi mais além. Atualmente, nossos filhos trabalham com ele, e nós dois permanecemos amigos. Essa foi uma verdadeira demonstração do poder sanador e restaurador do Cristo, que harmoniza os relacionamentos humanos.

“Os anos que foram consumidos pelo gafanhoto” foram realmente “restituídos” (ver Joel 2:25) naquela situação, “completamente e em abundância”, mas eu ainda não estava em paz com minha mãe e seu marido.

Compreendera que Deus me amava total e completamente, e esse amor substituíra por completo o sofrimento

O tempo passava e eu continuava a assimilar as ideias sanadoras que constam dos escritos de Eddy. Enquanto minha confiança e compreensão aumentavam, orei em momentos distintos com o apoio de diferentes praticistas; tornei-me membro dA Igreja Mãe e da igreja filial que frequentava e fiz o Curso Primário de Ciência Cristã. Pouco antes de meu filho mais velho se formar no ensino médio, e depois que eu estivera orando com uma praticista para “restaurar os quebrantados de coração” (ver Ciência e Saúde, p. 366), eu finalmente senti que, após 13 anos, eu poderia ligar para minha mãe e retomar o contato com ela. Ela e seu marido estiveram presentes na colação de grau do meu filho, mas, nesse retorno ao convívio familiar, descobri velhos padrões de crença e do antigo comportamento agressivo vindo à tona. Eu tinha novamente de manter distância de minha mãe e de seu marido. Ainda não conseguia chamá-lo de padrasto, mas, ressentida, referia-me a ele pelo seu primeiro nome.

Em uma noite de primavera, há mais ou menos três anos, assisti a uma palestra proferida por um Praticista e Professor de Ciência Cristã, cujo tema era “Como dissolver a vontade própria, a justificação própria e o amor-próprio”. Enquanto ouvia, comecei a compreender que estivera me apegando àqueles conceitos errôneos quando pensava em minha mãe, em meu pai adotivo e em meu passado. Saí uma pessoa diferente daquela palestra e comecei o que agora considero como a fase final dessa cura em nossa família. Em casa, fiquei absorvida na leitura da cópia impressa da palestra e em vários outros artigos escritos pelo palestrante. 

Na Bíblia, os discípulos descrevem como lhes ardia o coração, quando Jesus lhes ensinava as Escrituras (ver Lucas 24:32), e essa é a única maneira que posso descrever meu despertar para a Verdade. Fiz contato com aquele palestrante que, como praticista, apoiou-me por meio da oração durante vários meses. Tudo o que estivera me preocupando com relação à perda, à traição, ao abuso e ao coração quebrantado desvaneceu-se totalmente. Compreendi que Deus me amava de forma plena e completa e esse amor substituiu inteiramente o sofrimento que havia sentido por vários anos. Descobri meu “Papai”, que é Deus eternamente, e comecei a ver meu pai adotivo como refletindo as qualidades divinas de Pai.

Compreendi que Deus me amava de forma plena e completa e esse amor substituiu inteiramente o sofrimento que havia sentido por vários anos.

Depois disso, consegui visitar meus pais com alegria e perguntar a meu pai, sim, “meu pai!”, como ele estava passando, com real interesse e gentileza em minha voz. Tive a certeza de quão completa fora essa cura quando, certo dia, nós três almoçamos juntos e depois fomos ao cinema. Fiquei muito surpresa quando meu padrasto mencionou que era o aniversário de casamento deles. Eu havia bloqueado por completo essa data. Mas, ficou claro que poderíamos começar de novo e tivemos nossa primeira conversa sobre assuntos que eram interessantes para nós dois, sem raiva, sarcasmo ou ridicularização. Cada visita subsequente nos tornava mais brandos. O pesadelo dos anos anteriores “desvanece[u-se], voltando ao seu nada inicial” (ver Ciência e Saúde, p. 365). Mediante a graça de Deus, fui completamente libertada de quaisquer vestígios de ódio ou ressentimento de meu pai. O mais importante foi compreender que um passado de abusos nunca havia me tocado, ou seja, nunca havia tocado minha única e real individualidade, o reflexo de Deus. O mau comportamento nunca fora de meu pai, igualmente um reflexo de Deus, nunca o havia tocado nem podia defini-lo. O reflexo de Deus está sempre intacto e é sempre íntegro.

Finalmente, a última parte da cura se efetuou. Antes de partir para uma viagem, parei para ver meus pais e saí para uma caminhada matinal com minha mãe. Enquanto estava na sala de estar me despedindo, gritei para meu pai, que estava trabalhando em seu escritório: “Tchau pai! Amo você”. Houve um momento de silêncio e, depois, ele respondeu: “Muito obrigado. Também amo você”. Essa fora a segunda vez que meu pai dissera que me amava. Eu havia determinado fazia muito tempo que essas palavras jamais sairiam de meus lábios. Mas, ali estava eu, com meu “coração de criança”, agora curado, são e cheio de gratidão. Em seguida, saí para minha viagem.

O amor genuíno que sinto por minha mãe e meu padrasto, mediante a graça de Deus e a Ciência Cristã, fez com que eu enxergasse além do erro e avistasse a verdade sobre cada um de nós. Essa é a única identidade verdadeira e a única vida real. *

Artigo publicado originalmente na edição Christian Science Sentinel.

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