Graças ao estudo da Ciência Cristã, uma sólida compreensão foi estabelecida em nossa família, eliminando a apreensão, a dúvida e o medo com os quais havíamos sido criados.
Entretanto, há alguns anos, quando nos preparávamos para o funeral de meu pai, eu, como chefe da família, tive sérios desentendimentos com uma de minhas irmãs e com meu irmão mais novo. A atitude deles em relação a mim parecia muito injusta e fiquei seriamente ressentido com eles na ocasião e permaneci assim, mesmo depois de passado um ano. Durante esse período, havíamos nos falado muito pouco e não nos visitamos mais. Achava que eles estavam errados e que dependia deles voltarem a falar comigo, a fim de que os primeiros passos para a reconciliação fossem dados.
Durante aquela época, em uma determinada manhã depois de ter dormido serenamente a noite toda, acordei com um dente muito dolorido. Orei, como faço todas as manhãs, afirmando as verdades sobre a realidade da criação de Deus à Sua imagem e semelhança, sempre perfeita e harmoniosa. Em seguida, fui para o trabalho. Durante o dia, a situação não melhorou quase nada e a dor persistiu o dia todo. Mas, continuei a afirmar minha natureza espiritual e a impossibilidade de eu expressar qualquer coisa que não fosse o Amor divino, no qual não pode haver dor nem infecção.
À noite, contei à minha esposa o que estava acontecendo e lemos juntos a Lição Bíblica daquela semana, a qual consiste de passagens da Bíblia e de Ciência e Saúde. Isso me confortou. Então, fui dormir com a expectativa de que acordaria no dia seguinte em perfeita saúde.
Havia sentido dores de dente frequentes durante minha infância e recebera tratamento de muitos dentistas, que haviam receitado diferentes medicamentos. Mas, após ter conhecido a Ciência Cristã em 1994, e depois de uma cura maravilhosa que minha esposa teve, decidi confiar na cura espiritual, pois havia visto seu poder em ação. Depois disso, ainda tive mais algumas dores de dente, mas não muito sérias, que acabaram desaparecendo graças à oração, o que me fortaleceu na ideia de que Deus pode fazer tudo e que a matéria não tem nenhum poder real.
Entretanto, na segunda noite, após ter conseguido dormir apenas alguns minutos, acordei novamente em torno das onze da noite, com uma dor ainda maior. Decidi levantar e reler a Lição Bíblica, sempre na esperança de ter um pequeno alívio. A situação, contudo, ainda não havia melhorado.
“Ninguém nunca viu a Deus. Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e Seu amor é em nós aperfeiçoado.”
Por volta das seis horas da manhã, eu segurava a cabeça, incapaz até mesmo de pensar, e tentava saber o que mais podia fazer. Foi então que tive a ideia de abrir a Bíblia a fim de encontrar uma passagem por meio da qual Deus falaria comigo.
A Bíblia se abriu aleatoriamente na Primeira Epístola de João, na qual li: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus”. Fiquei tocado por essa passagem, que continua um pouco mais adiante: “Ninguém nunca viu a Deus. Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e Seu amor é em nós aperfeiçoado”. O final ajudou-me ainda mais: “Se alguém disser: ‘Eu amo a Deus’, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a quem não vê?” (1 João 4:7, 12, 20, Nova Versão King James).
Senti-me imediatamente instigado por essa passagem e decidi ver se eu realmente amava aqueles ao meu redor. Logo pensei em minha irmã, em meu irmão mais novo e no que haviam feito para mim, e percebi que seria muito difícil perdoá-los. Mas, naquele momento, soube que era exatamente isso o que tinha de fazer.
Comecei a perceber a necessidade de cultivar tolerância, perdão, benevolência, generosidade e humildade, a fim de praticar a cura em um sentido mais amplo
Portanto, comecei a pensar em coisas assim: “Eles foram criados perfeitos” e “Deus não conhece mal algum”. Mas, tudo isso parecia um pouco abstrato e meus pensamentos não estavam indo mais longe do que isso. Então, pensei no exemplo de José, o filho de Jacó, o qual fora vendido aos mercadores viajantes por seus irmãos mais velhos. Foi a ação errônea de seus irmãos que levou José a confiar completamente em Deus, de modo que pôde realizar uma grande missão para o benefício de muitas pessoas (ver Gênesis, capítulos 37, 39–47). Consequentemente, foi a fé no desdobramento divino que capacitou José a perdoar seus irmãos completamente, provando, como diz o Novo Testamento: “que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28). Fiz um paralelo com minha própria situação, e comecei a perceber a necessidade de cultivar tolerância, perdão, benevolência, generosidade e humildade, a fim de praticar a cura em um sentido mais amplo. Eu fora criado para expressar essas qualidades, elas fazem parte da minha natureza e da natureza verdadeira de cada membro da minha família e de todos.
Descobri que é no pensamento que a cura realmente ocorre, que somos criados para expressar as qualidades de Deus continuamente: amor, paz, alegria, tolerância, paciência, humildade.
Reconheci, então que minha atitude durante os preparativos para o funeral talvez não tivesse sido muito boa. Ao pensar assim, ouvi um barulhinho em meu queixo, e a dor cessou completamente
Naquele momento, uma grande alegria tomou conta de mim de uma maneira que até desejei cantar. Mas, logo, surgiu o medo de que a dor pudesse voltar. Orei em silêncio e, depois de 15 minutos, tive a certeza de que estava curado. Deus não deixa Sua obra pela metade. Saí da sala e fui até a cozinha, onde encontrei minha esposa e lhe disse, sorrindo: “Estou curado”. Quando ela perguntou o que havia ocorrido, expliquei-lhe como a cura acontecera. Nós nos regozijamos e, ao longo de todo o dia, lembrava-me a cada momento daquela maravilhosa cura.
Por que razão aquela passagem bíblica sobre o amor, minha disposição em reconhecer a revelação divina e, consequentemente, minha admissão de que meu irmão e minha irmã talvez não fossem os únicos culpados curaram-me instantaneamente? Porque descobri que é no pensamento que a cura realmente ocorre, que somos criados para expressar as qualidades de Deus continuamente: amor, paz, alegria, tolerância, paciência, humildade, em resumo, todas aquelas coisas que o Apóstolo Paulo chamou de “o fruto do Espírito” em sua Epístola aos Gálatas (5:22). Compreendi que discussões, ciúmes, ódio, são negações da obra de Deus. Por conseguinte, cada vez que nos engajamos nessas coisas e, principalmente, quando nos atemos a elas, estamos negando a atividade e a bondade de Deus em nossa vida.
Às vezes, afirmar simplesmente as verdades sobre a criação de Deus não é o bastante. No meu caso, havia mantido no pensamento que meu irmão e minha irmã eram imperfeitos, capazes de expressar algo diferente da bondade divina, e que eu mesmo estava sujeito à difamação e ao insulto. Mas, entendi que é necessário “limpar” nosso pensamento com frequência, não apenas para organizar, preservar e proteger o que é útil, necessário e interessante, mas também para nos livrarmos de tudo o que é inútil, ultrapassado, incômodo, infrutífero e falso.
Foi isso o que fiz naquela manhã. Todo ressentimento foi anulado. Depois disso, consegui restabelecer relações harmoniosas com minha família e o problema que havia nos dividido foi completamente solucionado. Quanto à dor de dente, a cura foi permanente! *
Artigo publicado originalmente na edição de 25 de julho de 2011 do Christian Science Sentinel.
 
    
