A superstição pode assumir inúmeras formas ao redor do mundo, desde a crença em boa ou má sorte, aceita em muitas culturas (observe-se, por exemplo, a proliferação de loterias em vários países) ao feng shui na China e em outros países; ao vodu no Haiti e candomblé no Brasil; à feitiçaria na África e em outros lugares. O que todos esses sistemas têm em comum é que eles se apoiam em crenças, que revelam aquilo em que a mente humana acredita, e não o que Deus, a Mente divina, sabe.
Deus, o Ser divino, precisa ser todo harmonioso para existir e ser eterno. Para ser harmonioso e eterno, Deus é composto exclusivamente de boas qualidades, tais como: alegria, liberdade, inteligência e sabedoria. Caso esse Ser se constituísse do bem e do mal, da harmonia e da discórdia, da luz e da escuridão, seria um reino dividido em si mesmo e contra si mesmo e não poderia permanecer (ver Marcos 3:24). Portanto, somente as boas qualidades constituem o Ser divino, que expressa sua variedade infinita de boas qualidades em sua criação. Cada indivíduo é uma expressão única dessa gama infinita de boas qualidades.
Talvez você possa imaginar o Ser todo harmonioso como semelhante a uma parede, que permanece eternamente, estendendo-se infinitamente para o alto e em cada direção, tanto quanto você consiga ver. A noção de algo oposto a Deus supõe que nessa parede infinita do bem possa existir um pontinho feito à lápis de algo dessemelhante de Deus. Mas é claro que esse pontinho não está lá. Se o bem e o mal fossem ambos reais e estivessem em guerra um com o outro, o universo não teria nenhum princípio moral para sustentá-lo. Sendo assim, o Ser não pode estar dividido contra si mesmo, e nada pode se opor a ele. A Bíblia enfatiza que Deus é infinito e provamos essa infinidade quando obedecemos ao Primeiro Mandamento (ver Êxodo 20:3).
Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, cunhou o termo mente mortal para descrever esse suposto ponto de lápis como algo separado de Deus. Ela compreendia que a crença em algo à parte de Deus pretende ser capaz de explodir e se transformar em um universo material, no qual haveria eras de evolução estelar e planetária, uma terra habitada por gente e histórias de nações e povos que nascem, vivem e morrem. Nesse falso sonho, as pessoas teriam mentes, modos de pensar, culturas e sistemas de crenças separados de Deus. Mas, percepções, experiências e pensamentos humanos limitados não são reais, no sentido de que são conhecidos apenas por um errôneo senso mental e jamais conhecidos pela Mente que é Deus.
Se o bem e o mal fossem ambos reais e estivessem em guerra um com o outro, o universo não teria nenhum princípio moral para sustentá-lo. Sendo assim, o Ser não pode estar dividido contra si mesmo, e nada pode se opor a ele.
Porque a Ciência Cristã é o Consolador que Jesus prometeu em João 14:16, ela ensina que, embora a vida humana não seja “real” em um senso absoluto, ela não deve ser abandonada. Ao contrário, devemos apreciar o bem que nela existe. Esse senso limitado de vida é para ser redimido, purificado e elevado, até que as pessoas compreendam que somente a Vida divina, Deus, reina supremamente.
De certo modo, a percepção de que exista vida na matéria, separada de Deus, constitui-se, em si mesma, uma superstição, ou seja, uma crença sustentada pela mente humana e não pela realidade conhecida pela Mente divina. Entretanto, dentro da crença geral e da superstição de vida na matéria podem ser encontrados sistemas de pensamentos supersticiosos específicos, conhecidos como astrologia, feitiçaria ou candomblé. Mas esses sistemas são apenas crenças, conjuntos de pensamentos que parecem ter evoluído e existido ao longo das épocas.
Essas falsas perspectivas são visões do mundo que devem ser postas de lado e substituídas pelo que é verdadeiro. Nós nos defendemos da superstição, reconhecendo a nulidade de qualquer mente separada de Deus e que possa acreditar nesse tipo de pensamento, acreditar que possa ser afetada por eles ou temê-los, como também que possa temer as pessoas que pensam e agem de acordo com esses sistemas.
Onde parece haver fé no feng shui, a crença chinesa de que a posição relativa dos objetos dentro de casa ou de outras construções afeta a energia e a saúde daqueles que interagem nesses edifícios, existe, em realidade, uma única Mente que supre a todos com saúde e com “a energia divina do Espírito” (ver Ciência e Saúde, p. 249).
Às vezes, a mente humana abriga superstições que não são direcionadas contra alguma pessoa. Portanto, algumas atitudes ou até mesmo palavras são vistas como algo que traz boa ou má sorte. Por exemplo, muitas pessoas na China pensam que o número quatro é um número de azar, devido ao fato de que em cantonês ele soa como a palavra morte. Por outro lado, 28 é um número de sorte, pois soa como “fácil prosperidade”. Mas, outras vezes, a superstição leva à práticas violentas, como por exemplo, em certos locais da África, em que partes do corpo de albinos são usadas para trazer boa sorte (para saber mais sobre algumas providências que estão sendo tomadas no sentido de impedir essa prática, acesse o site http:// tinyurl.com/6wtckh6).
Mas a prática da vontade pessoal é destruída pela compreensão de que, na verdade, não existe nenhum pontinho na parede. Em realidade, nada existe à parte de Deus todo-harmonioso. O perigo mental assenta no fato de uma pessoa se permitir ser enganada a aceitar como real a visão do mundo, mantida por algum sistema de crença.
É importante observar que a compreensão de Deus como o bem infinito não é um sistema de crença; essa compreensão é a própria realidade.
Aqui, é importante observar que a compreensão de Deus como o bem infinito não é um sistema de crença; essa compreensão é a própria realidade. Quando nos atemos a essa realidade, destruímos qualquer conjunto de crenças em particular e não somos afetados por elas, mesmo que haja alguém desejando-nos o mal, com base nessas crenças. As crenças malignas são aniquiladas, quando amamos a Deus e amamos Sua imagem e semelhança, ou seja, a cada um e todos em seu único e verdadeiro ser. Embora seja sábio estar alerta aos pensamentos ao nosso redor, nós nos protegemos ao familiarizar-nos com o bem e o amarmos.
Eis um exemplo: um amigo meu recentemente aceitou um proeminente cargo em um país africano. Muitos o advertiram de que ele poderia ser alvo de ataques de feitiçaria por parte daqueles que o invejavam. Embora estivesse ciente disso, ele seguiu em frente, sentindo-se protegido.
Entretanto, certo dia, no trabalho, sem nenhuma razão aparente, ele sentiu como se uma corrente elétrica passasse por seu corpo, fazendo com que seu lado esquerdo tremesse e com que sentisse como se estivesse sendo paralisado. Inicialmente, ele entrou em pânico, mas então recuperou o autocontrole para orar. Ele pensou sobre passagens da Bíblia que descrevem a perfeição de Deus, reconheceu que Deus é a única Mente, que Ele é o bem sem igual e que comunica somente o bem.
Portanto, meu amigo raciocinou que tanto ele quanto as iniciativas que havia implementado na organização estavam a salvo. Reconheceu que esse tipo de experiência provinha das crenças generalizadas da feitiçaria aceitas pela sociedade em que ele estava vivendo. Ele obteve um grande senso de paz ao saber que, na verdade, não havia nenhuma mente maligna que pudesse afetá-lo. As anormalidades em seu corpo cessaram e nunca mais retornaram (ver a edição francesa dO Arauto da Ciência Cristã, [Le Héraut de La Science Chrétienne], de novembro de 2011, p. 6).
Falando sobre a cultura e a sociedade nas quais muitos vivem, não poderia a medicina ocidental ser considerada uma prática cultural, como uma disciplina apoiada em uma crença humana? Cada vez mais pacientes e, até mesmo, mais médicos têm questionado a objetividade científica da medicina convencional. Em Healing Logics: Culture and Medicine in Modern Health Belief Systems (Lógicas da Cura: A Cultura e a Medicina nos Sistemas de Crenças sobre a Saúde na Atualidade), uma antologia que inclui escritos de médicos antropologistas líderes em sua área, a editora, Erika Brady, caracteriza a biomedicina contemporânea como uma forma altamente evoluída da medicina popular, uma estrutura social que tem se tornado o padrão do ocidente (ver p. 6).
A infinidade de Deus e de Sua bondade nos proporciona uma confiança inabalável no fato de que a superstição e a feitiçaria são nulidades.
Embora Ciência e Saúde ensine que devemos amar e apreciar os motivos daqueles que praticam a medicina convencional, o livro também mostra que os diagnósticos, prognósticos e a cura da doença por meio de cirurgia, dieta ou medicamentos são mercadorias da crença humana. Mas, muito além de todas as crenças culturais, a compreensão da infinitude de Deus e da perfeição de Sua imagem e semelhança, compreensão que está disponível a todos, cura no verdadeiro sentido.
A percepção de que exista vida na matéria separada de Deus é, em si mesma, uma superstição, uma crença aceita pela mente humana, e não a realidade conhecida pela Mente divina.
Jesus curou e venceu a superstição e as práticas supersticiosas mais eficazmente do que qualquer outra pessoa. Junto ao tanque de Betesda estava deitado um homem que havia estado doente durante 38 anos. O relato do Evangelho de João diz que, quando Jesus perguntou a ele se queria se curar, o homem respondeu que, quando a água do tanque era agitada, não havia ninguém para colocá-lo dentro do tanque, antes dos outros. Em outras palavras, esse homem tinha fé na superstição de que entrar no tanque com a água agitada antes dos outros o curaria. Mas, por meio do amor do Cristo, Jesus curou o homem imediatamente. Mais tarde, Jesus o viu no templo e lhe disse para não pecar, senão uma coisa pior poderia ocorrer a ele (ver João 5:1–14).
É evidente que isso não significa que devemos ver uma pessoa doente como um pecador. Muito pelo contrário! Todos refletem a bondade infinita de Deus, enquanto que tanto a doença quanto o pecado têm como sua base a mente mortal. Estaríamos enganados se supuséssemos poder ficar curados simplesmente por dizer algumas palavras, como “abracadabra”, ou mediante algumas outras técnicas supersticiosas fundamentadas naquilo que é mortal. Encontramos a saúde ao compreendermos nossa unidade com a perfeição moral infinita de Deus, e ao vivermos consistentemente com essa perfeição.
A infinidade de Deus e de Sua bondade nos proporciona uma confiança inabalável no fato de que a superstição e a feitiçaria são nulidades, totalmente incapazes de afetar tanto nós como quem quer que seja. Verdadeiramente, isso é algo que devemos não apenas acreditar, mas compreender! *
Artigo publicado originalmente na edição de 30 de abril de 2012 do Christian Science Sentinel.
 
    
