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Matéria de capa

Inspiração para os pais

Da edição de agosto de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

Christian Science Sentinel


Gosto muito de ter um tempo para estudo e oração, a fim de me sentir em contato com Deus, mas agora que temos um bebê e duas meninas, às vezes, fica difícil encontrar tempo para ficar em silêncio e pensar.

Mark Sweeney: Isso pode ser difícil, principalmente quando os filhos são pequenos. A tranquilidade, na verdade, pode se tornar cada vez mais uma atitude que devemos desenvolver. Só porque as pessoas à nossa volta estão agitadas, não significa que precisamos estar agitados também. A paz interior nos deixa receptivos ao amor de Deus e às mensagens que Ele nos transmite e isso pode acontecer a todo o momento. Morei na cidade de Nova Iorque por algum tempo e, enquanto esperava o trem na estação do metrô, espremido em meio a uma grande e frenética multidão, desfrutava dessa tranquilidade mental, uma paz interior que me permitia sentir a presença de Deus. Fazer isso por quatro ou cinco segundos pode nos alimentar por um dia inteiro. Portanto, essa tranquilidade, que é natural, é uma qualidade que podemos desenvolver, é algo que podemos praticar a fim de expressá-la cada vez melhor.

Como sou mãe, fico em casa cuidando da família e me sinto frustrada com todo o trabalho a ser feito, pois não tenho nenhum reconhecimento por toda a responsabilidade que isso envolve.

MS: O mundo pode não reconhecer o que a mãe, ou o pai, faz por seus filhos, no entanto, Deus reconhece. Se trabalharmos como agentes de Deus em nossa família, e isso em si mesmo já é tudo, talvez ninguém saiba realmente o que fazemos. Ninguém fará a menor ideia do trabalho que realizamos, muitas vezes, sozinhos. Entretanto, Deus nos abençoará. Como aparece na Bíblia: Você é o Seu filho ou Sua filha “bom [ou boa] e fiel”, em quem Ele “se compraz”.

Digamos que você tenha três filhos e que os dois primeiros sejam tranquilos, mas que o terceiro exija mais dos pais, mudando a dinâmica da família. Como podemos responder a isso pela oração?

MS: Somos todos diferentes porque Deus Se expressa em cada um de nós de forma única, mas nossa capacidade é a mesma porque está em Deus. Este mundo é como um laboratório, no qual aprendemos que Deus é nosso Pai e que temos o potencial da bondade de Deus em tudo o que fazemos. Aprendemos isso passo a passo, a cada dia, em cada experiência. Mas, cada um de nós talvez esteja em um estágio de desenvolvimento diferente nesse aprendizado.

Há momentos em que tento fazer com que meu filho, que é muito teimoso, faça algo correto, mas me deparo com tamanha resistência, que não sei o que fazer. Como posso encontrar a cura, tanto para mim quanto para meu filho?

MS: Às vezes, é importante retroceder, sair do caminho por assim dizer, e reconhecer apenas a presença do Pai divino, de Deus, no ambiente. Outras vezes, é igualmente importante retroceder e ficar quieto. Deixar que nosso Pai, Deus, nos instrua sobre o que dizer ou, talvez, sobre o que não dizer. É importante, também, ver a criança realmente como Deus o vê. Isso é oração. Quando estamos orando por nossos filhos, estamos contemplando-os como Deus os contempla, plenamente capazes, amando somente o bem, puros, pacientes. Sejamos gratos por essas qualidades, porque elas já estão presentes. À medida que fizermos isso, essa oração terá o efeito de transformar a voluntariosidade em força e persistência, em uma qualidade mais pura e mais benéfica.

Nosso único filho nasceu com Síndrome de Down. Não me culpo mais por isso e tenho tentado ardentemente vê-lo perfeito. Temos um belo relacionamento e anseio ver nosso filho como Deus o criou.

MS: Somos todos filhos de Deus. Nós, como Seus filhos, devemos estar dispostos a ser guiados. Jesus falava sobre ser tão dócil quanto uma criança, ou seja, estar disposto a ser conduzido. Acho também que isso significa que devemos estar dispostos a deixar nosso pensamento ser guiado e impulsionado a progredir. Portanto, diariamente, quando estiver orando pelo seu filho, não faça isso sozinho. Deixe nosso Pai lhe ajudar. Deixe Deus guiar seu pensamento, abrindo-lhe o caminho de tal maneira que você possa ver, cada vez mais, a verdadeira natureza de seu filho.

A Bíblia diz que tudo o que Deus faz dura eternamente. Deus criou seu filho à Sua imagem. Nenhum acontecimento pode mudar isso, nenhum pensamento de medo, nada pode mudar o que Deus fez, uma vez que não estamos separados dEle. Como concepções de Deus, permanecemos um com Ele. Deus não está apenas perto de nós, cuidando de nós, somos um com Deus porque Ele é onipresente. Consequentemente, é muito importante perceber essa união e, à medida que você e seu filho cuidarem de suas tarefas diárias, sentirão a presença de Deus. Sinta a sua própria união e a união de seu filho com Deus.

Ouvimos notícias sobre jovens que, inocentemente, fazem escolhas que colocam sua vida em risco. À medida que meus filhos crescem e começam a fazer escolhas independentes, como posso, em espírito de oração, ajudá-los a tomar decisões sábias?

MS: Não podemos estar com uma pessoa 100% do tempo. Você simplesmente não pode fazer isso. À medida que os filhos saem de casa, não podemos mais estar com eles. Entretanto, cada pai ou mãe tem realmente a oportunidade, quando ora pelos filhos, de analisar, apreciar e compreender a união de cada filho com Deus. Talvez possa parecer que eu esteja enfatizando muito esse ponto, mas ele é fundamental. Cada um de nós existe como o efeito dessa causa perfeita chamada Deus, e causa e efeito não se separam. Os pais humanos se separam de seus filhos. Mas, Deus, o Pai-Mãe divino, nunca se separa. O mesmo acontece conosco, como pais. Não estamos sozinhos, tentando ser bons pais, pois somos um com Deus, e expressamos a paternidade e a maternidade de Deus.

Como podemos orar por um filho que diz não acreditar em Deus?

MS: Não existe nenhuma maneira de alguém rejeitar a Deus.

Em uma família, o que nós somos fala muito mais do que as palavras que saem de nossa boca.

Os filhos podem dizer isso, mas só existimos porque somos a evidência da presença de Deus. Portanto, estamos sempre sob o amor e a lei de Deus. Não podemos nos afastar de Deus, não importa se alguém acredita nisso ou não. A presença de Deus é incontestável, sempre presente e constante, e nada pode mudar essa realidade.

Lembro-me de ter lido algo sobre um homem que estava assistindo a uma conferência. Estou parafraseando aqui, mas esse homem disse em essência: “Não posso realmente ouvir o que você está dizendo, porque o que você é está comunicando muito mais do que suas palavras”. Jamais me esqueci disso, porque, em uma família, o que nós somos fala muito mais do que as palavras que saem de nossa boca. As pessoas talvez possam rebater o que dizemos, mas elas não podem rebater o que somos. Portanto, à medida que vivemos como a expressão de Deus, momento a momento, estamos comunicando tudo o que é necessário comunicar. Se Deus está à frente do nosso pensamento, então, tudo o que fazemos é ser a transparência da presença de Deus, e isso constitui a perfeita paternidade e maternidade, porque o verdadeiro Criador, o Pai-Mãe, é Deus.

Sei que é necessária muita disciplina de pensamento para manter essa abordagem. Se apenas dedicarmos 15 minutos em um dia inteiro, mas que esse tempo possa equivaler a 15 minutos em que realmente sejamos uma transparência para Deus em nossa família, alegremo-nos, porque talvez amanhã consigamos chegar a 15 minutos e meio. O que realmente somos é o que comunica. À medida que fizermos isso, descobriremos que as oportunidades de comunicar as ideias da Ciência Cristã, ou sobre o que desejamos passar aos outros, surgirão.

Estou preocupada sobre as escolhas que minha neta tem feito, pois estar com o namorado se tornou mais importante do que ir para a faculdade ou conseguir um emprego. Gostaria que minhas próprias experiências pudessem ajudá-la a evitar as consequências das escolhas equivocadas que fiz quando eu era adolescente e estudante de faculdade.

MS: Penso que todos nós, não somente os pais, esperamos que as pessoas aprendam com os erros que cometemos, o que nem sempre acontece. Podemos falar à exaustão, mas simplesmente falar, na maioria das vezes, não resolve. Isso não significa que não deveríamos conversar com nossos filhos, mas, em certas ocasiões, tentar convencer alguém de que suas escolhas são errôneas faz com que se agarrem ainda mais às suas decisões. Claro, há ocasiões em que um filho talvez possa estar tomando uma decisão destrutiva, usando drogas ou se engajando em alguma atividade perigosa; como pais, temos a obrigação de interferir e parar o que quer que seja prejudicial.

Entretanto, nesse caso, sua neta está aprendendo o mesmo tipo de lição que talvez você deveria ter aprendido, apenas de uma maneira diferente. Reconhecer sua união, como também a de sua neta, com Deus, irá ajudá-la mais do que qualquer conversa que vocês possam ter. Nessa união, tudo é completamente bom e correto. Sozinha, a jovem está apenas envolvida nos acontecimentos, mas, unida a Deus, todo o bem é possível. Portanto, ore com essa ideia. Você conseguirá dar à sua neta muito mais do que imagina.

Quando criança, nunca me disseram que eu era amado. Quando me tornei adulto, achei que deveria sempre dizer aos meus filhos que eu os amo e ainda o faço. Atualmente, ensina-se às crianças a abraçar e a beijar as pessoas no momento em que são apresentadas a elas e que as crianças devem dizer a essas pessoas que as amam. Será que isso não é ir longe demais, na direção oposta, vulgarizando o real significado?

MS: Como nos sentimos quando dizemos “amo você” é o que importa. Se demonstrarmos amor, dissermos “amo você” e sentirmos realmente esse amor, então ele provém de Deus e não é de pouco valor. Existe muito do amor de Deus em nós para ser demonstrado. Não ficaremos sem esse amor. Esse fato também vale para as pessoas que se sentiram mal amadas quando crianças, ou, até mesmo, quando adultos. O amor com que as pessoas nos amam é sempre o amor de Deus. É importante compreender bem isso. Pensemos na lua, como ela reflete a luz do sol. A lua não cria sua própria luz, ela apenas reflete a luz do sol. Da mesma maneira, cada um de nós apenas reflete o amor de Deus. Em realidade, não criamos nosso próprio amor, apenas amamos todos com o amor de Deus. Não importa se um pai ou uma mãe tenham expressado ou não esse amor a você, pois o amor de Deus está sempre presente. Se analisarmos nossa vida com atenção, veremos evidências disso. Jamais devemos olhar para o passado e pensar nele como tendo sido sem amor. Isso simplesmente não é verdade. A cada momento estamos expostos à luz do Amor. Não importa a maneira como as pessoas se comportam ao nosso redor. Somos puros, e podemos vivenciar apenas a bondade e o amor de Deus em nossa vida. Isso é tudo o que está presente aqui e em toda parte e reconhecer esse fato traz bênçãos.

Você poderia, por favor, compartilhar algumas ideias de como equilibrar o trabalho e a criação dos filhos?

MS: Não vejo necessidade de colocar ora o chapéu de pai, ora o do trabalho. O que quero dizer é que não separo minha vida em diferentes papéis. Simplesmente penso sobre mim mesmo, de forma constante, como uma transparência para Deus. Se eu puder fazer isso, então o trabalho e a vida familiar se misturam; eles são independentes, mas se mesclam e não competem entre si. Portanto, pensem sobre si mesmos nesses termos. Há tanto a desfrutar quando somos uma transparência para Deus! Essa é uma ideia muito útil. Pode ser que às vezes pensemos: “Bem, Deus nos dá nossa identidade e talvez umas poucas qualidades, mas depende de nós sairmos sozinhos e fazermos alguma coisa com essas qualidades”. Mas a realidade é bem melhor do que isso. Somos de fato um com Deus, como a Sua expressão, e não há realmente separação entre o trabalho e a criação dos filhos ou nossa vida social ou qualquer outra coisa que façamos. Há apenas a ocupação de sermos os agentes de Deus, 24 horas por dia. Essa é uma boa maneira de vivermos a vida! *

Entrevista originalmente publicada na edição Christian Science Sentinel.

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