Certo dia, quando fui receber no aeroporto um amigo que estava chegando do exterior, meu telefone tocou. Era outro amigo, ligando para dizer que o dinheiro que eu transferira para ele não havia entrado na sua conta. Já havia se passado uma semana. Eu disse: “Como assim?” Eu já tinha recebido o comprovante da transferência. Fazia dois anos que esse amigo e eu usávamos essa conta bancária para as transferências, e ele sempre recebia o dinheiro enviado.
Nós dois fomos ao lugar mais próximo de onde residíamos, de onde se faziam essas transferências (nós moramos na República dos Camarões) para descobrir o que havia acontecido. Depois disso, meu amigo me ligou para contar que recebera a informação de que houvera um problema na transação, pois eu havia cometido um erro ao digitar o número dessa conta.
Entrei, então, em contato com o gerente da filial na qual eu estivera, e pedi-lhe que revisasse o extrato das transações daquele período. Ele me pediu que eu fosse lá na sexta-feira à tarde. Era terça-feira e meu amigo precisava do dinheiro para começar a produção de um projeto urgente de trabalho.
Esforcei-me ao máximo para manter a paciência e compreender que a paciência é uma qualidade de Deus, a Mente divina, que cada um de nós reflete, pois somos a imagem e semelhança de Deus. Lembrei-me desta afirmação de Mary Baker Eddy: “O que mais necessitamos é orar com o desejo fervoroso de crescer em graça, oração que se expressa em paciência, mansidão, amor e boas obras” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 4). O título marginal é: “Súplicas eficazes”. Compreendi que, ao expressar mais paciência e confiança em Deus, minhas orações seriam mais eficazes.
À medida que orava, eu enfrentava e rejeitava a crença errônea de que somos governados pelo tempo. Por ser estudante da Ciência Cristã, eu sabia que o tempo consiste em “medições mortais” (Ciência e Saúde, p. 595), e que a Mente divina não conhece o tempo, não conhece calendários, atrasos e prazos, assim como o reflexo da Mente, o homem, também não conhece. A Mente é eterna, ilimitada, “...a Mente mede o tempo de acordo com o bem que se desdobra” (Ciência e Saúde, p. 584).
Na sexta-feira à tarde, fui ao escritório do gerente para ver a lista das transferências mais recentes e vi que eu tinha, de fato, digitado errado o número da conta. Perguntei ao gerente o que precisava ser feito para reaver o dinheiro. Ele me disse que a empresa não era responsável e que eu precisava tratar do assunto diretamente com a pessoa que recebera o dinheiro.
Naquele exato momento, neguei silenciosamente que a Mente divina ou sua ideia, o homem (o nome genérico usado na Ciência Cristã para todos os homens e mulheres) tivesse cometido um erro, ou mesmo que pudesse cometê-lo, porque a Mente é imutável e infalível, e o homem reflete essa Mente perfeita hoje e sempre. Por compreender esse ponto, eu não poderia sofrer.
Liguei, então, para o número de telefone relacionado à conta que recebera o dinheiro. Uma mulher atendeu e expliquei-lhe o que havia acontecido. Ela desligou, sem dizer nada. Liguei várias vezes novamente nos trinta minutos seguintes, insistindo em que a transferência fora um erro, e pedi-lhe que fizesse a gentileza de devolver o valor. Por fim, ela acabou desligando seu telefone e eu não consegui mais entrar em contato com ela.
Saí do gabinete do gerente e fui para o meu escritório. Percebi que, como Cientista Cristão, que se esforça para seguir os passos de Cristo Jesus, eu precisava identificar de modo espiritual e científico todos os envolvidos no caso. Afirmei que o homem de Deus é espiritual, expressa cooperação, honestidade e compaixão, e não pode prejudicar ninguém, nem ser vítima de nenhuma espécie de erro. Nenhum homem ou mulher pode ser um canal ou um veículo para o magnetismo animal — a crença de que haja uma mente oposta a Deus que possa pensar ou dar início a uma ação contrária à natureza de Deus. Há uma única Mente, uma influência divina governando o homem e essa Mente, que é o bem na sua totalidade, é suprema.
À medida que orava, também reconheci a verdade sobre a comunicação. Reconheci que todo o verdadeiro pensamento origina-se na Mente divina única, a qual é imortal. Portanto, não existem pensamentos mortais a serem comunicados, porque eles não têm origem. Toda a verdadeira comunicação é de Deus para o homem. Essa é a única intercomunicação que existe e ela abençoa a todos.
No esforço de seguir o exemplo de Jesus, persisti em ver somente a semelhança de Deus na mulher que recebera a transferência por engano e em reconhecer que a verdadeira identidade dela é pura, inocente, impecável e incorruptível. Percebi que essas verdades, com as quais estava orando, aplicavam-se a ela e a todas as pessoas.
Duas horas depois a mulher me telefonou, dizendo que devolveria o dinheiro nos próximos dias. Agradeci-lhe pela compreensão.
Depois desse telefonema, afirmei que a Mente infinita é a causa única e produz harmonia, não produz atrasos, nem obstruções, interrupções ou contratempos.
Cinco minutos depois, a mulher transferiu o dinheiro para a minha conta e, em seguida, grato pela resolução harmoniosa, fiz a transferência para o meu amigo.
Essa experiência fortaleceu minha compreensão a respeito da base espiritual para a oração na Ciência Cristã e me mostrou a importância de sempre identificar espiritual e cientificamente o homem.
Prosper Moueke
