Quando eu era um jovem aluno do ensino médio, costumava, aos sábados, a tomar o ônibus para o centro da cidade, onde ficava a ACM (Associação Cristã de Moços), onde eu tinha aulas de natação. Certa manhã, durante o trajeto a pé do ponto do ônibus ao portão de entrada, percebi que um homem estava me observando. Ele me seguiu. Decidi que era melhor não correr, para não demonstrar medo, e comecei a orar como eu estava aprendendo na Escola Dominical da Ciência Cristã. Orei, afirmando que Deus está sempre presente, protegendo a todos os Seus filhos.
O homem chegou mais perto e me seguiu até o pé das escadas que davam para a porta por onde entravam os associados da ACM. Quando me virei para olhar para ele, ele tentou me agarrar de modo impróprio.
Com convicção e coragem, gritei: “Não toque em mim!” Ele deu um pulo para trás e eu corri pelas escadas e entrei na área das piscinas. Um adolescente falar de modo tão confiante e firme a um homem adulto deve ter sido uma grande surpresa para ele! Nunca mais vi aquele homem.
Fiquei tão grato por tudo o que eu havia aprendido na Escola Dominical sobre o bem e o poder de Deus, isto é, que Ele é “...nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmos 46:1). Também me senti grato pela convicção espiritual que me ajudou a reagir com sabedoria em uma situação difícil. Embora eu fosse apenas um adolescente, a pequena compreensão que havia adquirido na Ciência Cristã, ou seja, de que minha verdadeira e boa identidade espiritual tinha seu fundamento e segurança em Deus, nosso Pai-Mãe, me havia fortalecido e confortado. Eu não ficara apavorado nem inseguro, mas me sentira com o poder de defender minha identidade espiritual como filho de Deus. Sentindo-me totalmente apoiado pelo amor que Deus tem por Seus filhos, eu não tive medo.
Não é segredo que muitas situações na sociedade têm vindo à tona recentemente, nas quais crianças, mulheres e homens têm sido ameaçados, assediados e agredidos. Muitos têm sido forçados e coagidos de maneira violenta. Mesmo que nós não sejamos diretamente afetados por essas situações, é especialmente importante saber que podemos orar sobre essas questões com a máxima compaixão. Como é animador saber que a Ciência Cristã nos ensina que Deus, a Verdade e o Amor divinos, pode ser uma poderosa ajuda para as pessoas nessas circunstâncias.
Defender-se de assédios, sejam eles face a face ou pela Internet, é algo possível quando aprendemos a confiar em Deus e em Sua bondade, que traz harmonia e solução. Com a confiança e a força que encontramos na nossa própria inteireza e completude espiritual, outorgada por Deus, vem a capacidade e a coragem de permanecermos firmes e dizer “não” às circunstâncias que tentariam nos intimidar ou violar essa inteireza e completude. Confiar no fato de que Deus é bom e Todo-poderoso e que, como Seu reflexo, nós também somos bons, não é algo teórico. É real e prático e nos capacita a vivenciar nosso domínio e liberdade espirituais.
Quando Cristo Jesus foi confrontado por um pai cujo filho era “lunático”, ele energicamente repreendeu as crenças diabólicas que estavam afligindo aquele jovem: “E Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e desde aquela hora, ficou o menino curado” (ver Mateus 17:14–18).
Na Ciência Cristã, dizer “não” desse modo não é um exercício de vontade humana. É recusar-se a acreditar ou aceitar as falsas crenças e as alegações sobre o homem, que tentariam nos intimidar e amedrontar ou nos encurralar. Essa convicção espiritual é abrangente, dá-nos a certeza de que nenhum bem pode verdadeiramente se perder, seja nossa carreira e propósito, seja nossa posição no mercado de trabalho, quando permanecemos firmes naquilo que é correto. Deus não nos pune por defendermos nossos direitos divinos, nossa verdadeira identidade e nosso respeito próprio.
Ao se referir a Deus como a Mente divina, Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A Mente tem domínio sobre os sentidos corpóreos e tem o poder de vencer a doença, o pecado e a morte. Exerce tu essa autoridade outorgada por Deus. Toma posse de teu corpo e governa-lhe a sensação e a ação. Eleva-te na força do Espírito para resistir a tudo o que é dessemelhante do bem. Deus fez o homem capaz disso, e nada pode invalidar a capacidade e o poder divinamente outorgados ao homem” (p. 393).
Compreender nossa “autoridade outorgada por Deus” nos dá o poder tanto de resistir quanto de repreender o que tenta nos agredir. Nossa confiança no bem e no poder de Deus nos ajuda a entender que a tentativa do mal tem de cair por terra ante a supremacia de Deus. Lemos também em Ciência e Saúde: “Quando o erro te confronta, não omitas a repreensão ou a explicação que destrói o erro. Nunca respires uma atmosfera imoral, a não ser na tentativa de purificá-la” (p. 452).
Aprendi que, por meio de uma consciente compreensão da onipotência de Deus e de minha relação com Ele, eu tenho o poder para dizer “não” às situações adversas, confiante no amor de Deus e em Seu poder de nos proteger e resguardar.
 
    
