Na primavera do ano passado, uma árvore de abricós plantada em meu quintal me surpreendeu. Depois de cinco anos sem produzir nenhum fruto, a árvore apareceu coberta por uma profusão de delicadas flores cor-de-rosa. Poucos meses mais tarde, colhemos em abundância deliciosos abricós. Isso me fez pensar a respeito da descrição bíblica das árvores que davam fruto “cuja semente estava nele” (ver Gênesis 1:11, 12).
A semente que produziu a árvore de abricós continha, dentro de si mesma, todos os elementos necessários para a completa expressão do “abricó”. Entre outras coisas, o formato das folhas, a fragrância das flores, até mesmo a cor e o sabor da fruta, tudo aquilo que faz parte da identidade específica da árvore, encontrava-se na semente. Quando plantamos uma semente, confiamos no fato de que, quando ela germinar e der flores, nós não teremos de pintar as pétalas com a cor apropriada, nem teremos de borrifá-las com a devida fragrância, porque tudo já está lá, esperando para se manifestar.
Não poderíamos deduzir, então, que há basicamente uma identidade individual, já completa, contida na natureza, e que é isso a que a Bíblia se refere como a “semente [que] estava nele”? Não poderia isso se referir à verdade intrínseca de que todos os aspectos da identidade já estão presentes em cada um de nós? Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras oferece uma explicação espiritual sobre a criação de Deus. Sua descrição do homem inclui a declaração de que o homem é a “ideia composta que inclui todas as ideias corretas” (p. 475). A autora do livro, Mary Baker Eddy, está se referindo aqui, não ao homem mortal cuja existência poderia ser descrita como partindo de uma “semente” material, mas ao homem verdadeiro, espiritual. Nossa identidade espiritual como ideia composta é encontrada na completude total do homem por ser a ideia espiritual de Deus. As implicações desse fato espiritual básico são enormes.
Para mim, isso significa que, não importa quais forem as circunstâncias individuais, podemos compreender que nós realmente já temos aquilo que necessitamos. Isso se deve ao fato de que nossa identidade já é completa em si mesma, como o reflexo divino que inclui todas as “ideias corretas”. Uma das maneiras pelas quais a Sra. Eddy descreve a “semente em si mesma” em Ciência e Saúde é: “A semente que está em si mesma é o pensamento puro que emana da Mente divina” (p. 508). O que flui da Mente divina é força, amor, inteligência, saúde, e muito mais. Como isso é reconfortante para nós! Onde quer que estejamos, seja qual for o desafio do dia, nós estamos equipados para lidar com êxito com qualquer problema, pois nossa identidade espiritual já é completa.
Vários anos atrás, tive a oportunidade de assimilar e comprovar esse fato espiritual. Quando meu marido faleceu repentinamente, fiquei preocupada, pois não sabia como eu administraria as finanças. Éramos uma família com duas fontes de renda e dependíamos das duas para pagar as contas. Orei para saber o que iria fazer daí em diante. Uma coisa que me ficou muito clara foi que, como filha de Deus, eu já incluía a “ideia correta” de suprimento. Além disso, pude compreender que o suprimento em minha vida diária era simplesmente a expressão exteriorizada da minha compreensão do amor que Deus tem por mim.
À medida que o ano passava, eu me mantinha confiante nesse fato espiritual. No final do ano, fiquei contente ao constatar que os meus ganhos haviam sido idênticos à nossa renda conjunta do ano anterior. Não houvera nenhuma mudança externa em meu trabalho, mas entrara mais renda. O amor de Deus fora abundantemente manifestado em minha experiência.
Não importa quais sejam as circunstâncias individuais, podemos compreender que realmente já temos aquilo de que necessitamos.
Também podemos constatar que nossa identidade já inclui tudo o que necessitamos na área da saúde. A Sra. Eddy escreve: “A ação recuperadora do organismo, quando sustentada mentalmente pela Verdade, prossegue com naturalidade”. Ela também explica: “...na Ciência é preciso compreender a lei ressuscitadora da Vida. Essa é a semente que está em si mesma, produzindo fruto segundo a sua espécie e da qual fala o Gênesis” (Ciência e Saúde, pp. 447, 180). O homem de Deus inclui a “ideia correta” da saúde completa.
Se estivermos passando por um problema de saúde, podemos compreender que, quando o enfrentamos espiritualmente, não temos de ir a lugar algum nem obter algo especial a fim de encontrar a saúde. Na oração, precisamos somente reconhecer que já incluímos a saúde como uma “ideia correta”. Tudo o que é necessário para expressar a saúde de forma plena já está presente e manifestado no homem e, à medida que reconhecemos esse fato, a saúde é manifestada em nossa experiência atual.
Em outras palavras, em realidade, a saúde não é algo que pode ser perdido e que tem de ser recuperado por meio de alguma ação externa. Ela nunca foi perdida, embora possa parecer aos nossos sentidos materiais que ela esteja sendo escondida pelos sintomas. A saúde é um fato sempre presente na nossa existência espiritual e nós já a incluímos. Ela apenas precisa ser reconhecida, embora isso talvez exija, às vezes, muita persistência.
Esse fato a respeito da criação de Deus, ou seja, de que a criação já é completa em si mesma, pode também ser constatado em outras áreas. Tomemos a igreja, por exemplo. A ideia espiritual de Igreja, sendo uma ideia de Deus, também já inclui tudo o que é necessário.
Às vezes, podemos ser tentados a pensar que não temos os recursos para fazer uma demonstração completa de igreja. Com relação a uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, talvez pensemos que não temos pessoas suficientes para compor o quadro de atendentes na Sala de Leitura ou que faltam os fundos necessários para patrocinar uma conferência.
Ao compreender que a ideia de Igreja já inclui tudo o que é necessário para sua plena expressão, podemos ver essas “ideias corretas”, a substância real da igreja, aparecerem.
Levando esse conceito a um nível mais amplo, verificamos que há implicações relevantes para o planeta inteiro. Pensemos em uma parte da definição metafísica que a Sra. Eddy dá para a palavra terra: “...uma indicação da eternidade e da imortalidade que, como a esfera, não têm começo nem fim.
“Para o senso material, a terra é matéria; para o senso espiritual, ela é uma ideia composta” (Ciência e Saúde, p. 585).
Esse senso espiritual de terra nos dá um forte indício daquilo que é possível quanto à sustentabilidade do planeta. À medida que reconhecermos o poder do fato espiritual de que os recursos infinitos de Deus reabastecem constantemente todas as Suas ideias espirituais, inclusive a terra, com todas as “ideias corretas” que elas necessitam, veremos soluções se desdobrando para a miríade de problemas que nos confrontam.
Na medida em que orarmos individualmente, mantendo em mente o fato espiritual da completude da terra, cada vez mais veremos emergir soluções para o nosso planeta, as quais podem incluir mudanças ou ideias que não são aparentes agora. Então, seremos testemunhas da “ação recuperadora” do sistema acontecendo ”com naturalidade”.
Quando a realidade espiritual da “semente que está em si mesma” for reconhecida, veremos essa realidade expressa em todos os aspectos de nossa vida, ou seja, em nossos assuntos diários, em nossas igrejas e em nossa terra. A Sra. Eddy proclama: “...Deus é onipotente, supremo” (Ciência e Saúde, p. 17). Os ingredientes que fluem de Deus, isto é, perfeição plena, glória, saúde, fruição, estão todos ali, dentro da semente. Temos a jubilosa oportunidade de nutrir essa semente de glória espiritual completa e de testemunhar seu desdobramento.