Finalmente chegou a notícia que eu tanto esperava, e chegou muito atrasada. Fui informado de que eu não tinha sido aceito para o emprego ao qual me candidatara.
Fiquei muito feliz.
Aparentemente, isso não fazia sentido. Eram tempos incertos para mim. Eu não tinha dinheiro no banco e não tinha casa própria, e era muito importante eu trabalhar para me sustentar.
Mas no fundo, entretanto, havia algo mais acontecendo. Eu estava me deparando com uma nova maneira de pensar a respeito da certeza. Eu não tinha ficado muito entusiasmado com a função para a qual me candidatara, portanto, estava orando para saber se havia tomado a decisão certa ao buscar esse emprego. A oração foi respondida em um doce senso de segurança que me veio uma noite, em palavras muito específicas: a certeza está em Deus. Para mim, isso significava que eu não precisava ter a certeza humana daquilo que era certo. Eu só precisava saber que Deus tinha certeza e que eu podia confiar nessa certeza divina.
Isso não significa que Deus conheça e organize os detalhes de nossa vida, mas que a solução certa vem à luz, à medida que nos tornamos conscientes do amor de Deus, com o qual cada um de nós tem uma relação duradoura, porque somos a expressão do Amor que é nosso Criador. Como filhos espirituais do Amor, expressando tudo aquilo que Deus é, não temos lacunas em nossa vivência do bem. Constatei, repetidas vezes, que perceber esse fato espiritual e aceitá-lo, trouxe às dificuldades humanas as soluções necessárias.
Foi o que aconteceu nesse caso. Minha alegria com a carta de não aprovação veio de um senso seguro de que não se tratava de algo humano que havia falhado, mas sim da certeza de que Deus estava indicando que havia uma oportunidade melhor à frente, o que ocorreu pouco tempo depois. Logo em seguida recebi uma oferta de emprego. Fui contratado e treinado para uma função para a qual eu não havia me candidatado — uma função que utilizava e desenvolvia habilidades que depois disso sempre gostei de desempenhar.
Venho pensando sobre esse vislumbre de um senso mais elevado de certeza, à medida que se aproxima a data oficial para o Reino Unido se separar da União Europeia, depois de ser membro dessa União durante várias décadas. Com as guerras comerciais e o conflito no Oriente Médio também nas manchetes neste último ano, parece que uma das palavras mais comuns na mídia hoje em dia é “incerteza”. Se a certeza de algo talvez pareça um sonho distante, quanto mais ter a certeza de que somente o bem existe.
Mas é perfeitamente correto ter confiança no bem de Deus. Temos um exemplo em um episódio inspirado, que mostra o equilíbrio espiritual diante de mudanças que perturbam. É o relato bíblico sobre Gamaliel, doutor da lei mosaica, cujos conhecimentos eram altamente respeitados. Quando os membros do tribunal judeu, do qual ele era a maior autoridade, estavam determinados a matar os primeiros discípulos dos ensinamentos de Jesus, algumas palavras de Gamaliel acalmaram a fúria sectária. Ele disse, a respeito dos apóstolos: “...dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus...” (Atos 5:38, 39).
A profunda fé que Gamaliel tinha na influência de Deus sobre os eventos aquietou aquela certeza cheia de presunção do ego pessoal da mente humana, e salientou aquilo de que podemoster certeza, ou seja, de que a Mente divina, Deus, inevitavelmente prevalece.
Esse senso espiritual de certeza é visto na Ciência Cristã, que foi descoberta por Mary Baker Eddy quase dois milênios mais tarde. A Ciência Cristã revela que Deus é o bem, que o bem espiritual não está sujeito às circunstâncias, e que os relatos de cura de Jesus mostraram como o discernimento espiritual do bem divino traz mudanças práticas para melhor. À medida que cedemos a essa compreensão espiritual, nosso senso material de incerteza dá lugar ao Cristo — a ideia espiritual do bem incessante de Deus, que impulsionou de maneira tangível as palavras e as obras de Jesus. A saúde substitui a doença, ficamos livres de algum pecado e a calma dissipa a crise.
À medida que nossa certeza no bem de Deus cresce com essas experiências, já não depositamos confiança nas incorretas formas humanas de confiança: no sentido material, em vez de no senso espiritual de autoconfiança; na fé cega em dogmas religiosos; e na confiança inquestionável em filosofias políticas. O livro de Isaías (ver 46:5–10) elucida como aquilo que foi prometido pela Deidade foi constantemente se cumprindo, enquanto foi ficando evidente que a fé nos ídolos materiais é inútil. E explica porquê, nas palavras do Criador: “...eu sou Deus, e não há outro”.
Isso indica que Deus é um e único, e que Deus é tudo, é o Espírito, e essa é a certeza mais importante de toda a nossa vida. Consequentemente, nossa verdadeira natureza existe para sempre, para além do fluxo e refluxo do pensamento e da ação materiais, em que se acredita que a fragilidade é inevitável, resultando em doença e tristeza, vulnerabilidade e carência. Como criação de Deus, somos espirituais e nosso meio ambiente único é a realidade espiritual de Deus. Nossas percepções errôneas, de que a vida e a mente sejam materiais, cedem lugar à Ciência da realidade divina da vida. O resultado é a “prova da cura — o senso doce e seguro de que Deus é o Amor”, como afirma Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 569). Esse é um senso de certeza do qual precisamos muito!
O referendo de 2016, em que foi votado que Reino Unido se retiraria da União Europeia (conhecido como Brexit), foi descrito como “uma decisão que ocorre uma só vez em toda uma geração”, e teve impacto tanto global como local. Como diz uma mensagem da Sra. Eddy à sua Igreja em 1902: “Os atores do mundo mudam as cenas do mundo…” Porém, essa mensagem também descreve uma mudança mais profunda, da qual o mundo constantemente tem necessidade. Ela diz: “…A cortina da vida humana deveria ser levantada para que se veja a realidade, para que se veja aquilo que supera o tempo; para que se veja o dever realizado e a vida aperfeiçoada, onde a alegria é real e permanente” (Mensagem para A Igreja Mãe para 1902, p. 17).
Somos todos “atores do mundo”, capazes de desempenhar nosso papel, que consiste em mudar para melhor as cenas do mundo, levantando a cortina para a realidade divina que já está presente, já em operação. A certeza que buscamos está sempre no Espírito, e ao aceitarmos e darmos provas da continuidade do bem, encontrada no infinito e eterno controle que Deus tem, trazemos à luz a segurança divina que pertence a toda a humanidade.
Tony Lobl
Redator-Adjunto
