A situação financeira era desesperadora. Fui demitido quando meu empregador decidiu terceirizar o trabalho que eu estava fazendo. Ao procurar emprego, logo me dei conta de que minha experiência com computação não acompanhara os avanços na minha área. Além dessa situação, havia o medo permanente de que eu tivesse um problema chamado de transtorno de déficit de atenção (TDA) de adulto. Com frequência eu ficava desatento e ansioso, e tinha certeza de que essa falta de concentração havia me custado vários empregos ao longo da vida. Confrontado por uma numerosa família, com contas a pagar e uma falta cada vez maior de autoestima, comecei a pensar em acabar com minha própria vida.
Então, liguei para uma Praticista da Ciência Cristã, uma pessoa que se dedica a curar por meio da oração. Com serena segurança, a praticista me lembrou das fiéis ovelhas citadas na Bíblia, no Salmo 23. Esse salmo fala a respeito de confiar no amor e na orientação de Deus, reconhecendo que Deus é como um pastor, e de habitar “na Casa do Senhor para todo o sempre”.
Comecei a pensar na possibilidade de que Deus tinha um lugar para mim também. Mas eu estava em um estado mental obscuro e ainda profundamente preocupado com o pensamento de que nunca sairia da pobreza. Surgiu um emprego e se foi porque eu não conseguia focar no trabalho. Minha ansiedade aumentou, mas a ideia de morar “na Casa do Senhor”, ou seja, no eterno amor, sob o cuidado e a inteligência de Deus, continuou a ser muito significativa e me ajudou a continuar.
Aparentemente de forma inesperada, uma semana antes do Natal, fui chamado para fazer um trabalho temporário em uma empresa de computação, localizada a quase 5.000 quilômetros de onde eu morava. Deixar a família e ir para o outro lado do país não parecia uma perspectiva atraente, mas me senti inspirado por Deus a seguir esse caminho.
O Amor divino foi o meu guia, meu Pastor protetor, conduzindo-me para fora dos pensamentos de depressão e do medo diário a respeito da subsistência.
Pedi dinheiro emprestado para pagar o combustível, pois precisava atravessar o país. Mas eu não estava preparado para o que me aguardava. O projeto para o qual eu fora contratado estava com seis meses de atraso, eu tinha de fazer o trabalho de uma equipe inteira de consultores e tinha somente dez por cento do conhecimento necessário. Além disso, demorariam várias semanas para eu receber meu primeiro salário.
Além de não ser bem sucedido profissionalmente, ainda tinha de lidar com os sintomas de TDA. Mas a praticista continuava a me mostrar meu verdadeiro valor. Como filhos de Deus, somos naturalmente obedientes a Deus, nosso Pai-Mãe, que nos criou capazes e com valor.
Às vezes, eu me ausentava do centro de remessa de mercadorias e ligava para a praticista, dizendo: “Não consigo voltar para aquele prédio. Não sei o que vou fazer a seguir”. Então, ela me lembrava do ponto de partida de onde eu precisava começar: com o reconhecimento de que existe uma única Mente, sendo Mente um dos nomes para definir a Deus. Como expressão dessa Mente, cada um de nós tem toda a inteligência, concentração e ideias úteis de que necessitamos.
Comecei a perceber que esse Amor divino, Deus, estava ali mesmo, cuidando de mim, dia a dia, a cada pensamento, mesmo diante de uma crise. Às vezes, eu me sentia muito tentado a admitir que eu era um patético fracasso e que deveria voltar para casa e tirar minha família de uma propriedade para a qual já se ia executar a hipoteca, e ir para a rua, como um sem-teto. Mas, ao mesmo tempo, recebia a inspiração que me ajudava a fazer o trabalho, ou seja, ideias que eram práticas e cada uma delas “mais cortante do que qualquer espada de dois gumes” (ver Hebreus 4:12), para atingir exatamente aqueles pontos que eu precisava ver e compreender espiritualmente. Surgiram soluções, às vezes espontaneamente, uma das quais realmente salvou de uma perda irreparável o sistema de computação da empresa.
Devagar, mas com segurança, fui dando um vagaroso passo após outro, da falta de conhecimento para a competência. Após cerca de cinco meses, fui efetivado na empresa. Quando eu já havia estado nesse emprego por seis anos, literalmente me tornei “um especialista” em alguns assuntos de tecnologia que não conseguia nem sequer descrever, muito menos compreender, quando iniciei essa jornada.
O Amor divino foi o meu guia, o meu Pastor protetor, conduzindo-me para fora dos pensamentos de depressão e do medo diário a respeito da subsistência. Sou grato ao dizer que fui capaz de pagar as prestações atrasadas da hipoteca, vender a casa e comprar outra maior para a família, que continuava crescendo. Mas minha maior gratidão é pela reforma que houve na minha consciência. Constatei que estou praticamente livre do medo, ao reconhecer que meu divino Pastor está aqui.
Deus nos conhece, dEle somos. E diariamente Ele nos leva “...para junto das águas de descanso; ...” (Salmos 23:2), dando-nos ideias e suprimento. O amor e o cuidado de Deus são nossos para sempre!