Eu havia acabado de sair do metrô, vindo de uma metrópole, para caminhar até onde meu carro estava estacionado. Sem mais nem menos, um homem veio por trás de mim, pegou-me pelo braço, e disse: “Você vem comigo”. Foi ao cair da noite, mas ainda estava claro. Será que esse homem havia me visto ali, antes? Não sei. Ele não estava com farda de policial, e era um completo estranho para mim. Tudo aconteceu muito rápido. Senti-me confusa e assustada. Não entendia o que estava acontecendo, e não sabia o que fazer. Caminhamos uma pequena distância; então ele se afastou. Corri para meu carro, bastante abalada. Não me lembro de ter orado durante os poucos minutos em que tudo acontecera, mas oh! como agradeci a Deus quando entrei no meu carro em plena segurança.
Assim que cheguei à porta de casa, liguei para meu marido, que estava no escritório, e contei o que havia acabado de acontecer. Sentimo-nos gratos e aliviados por eu ter chegado em casa em segurança e ilesa.
Apesar de não ter pensado em orar durante aquele episódio, a oração é um aspecto muito importante de cada um dos meus dias, e reconheço diariamente que vivo na presença de Deus. Também tenho plena consciência de que Deus é socorro sempre presente.
Mais tarde, quando estava jantando com amigos e falando sobre o acontecido, um deles comentou sobre os crimes que ocorriam naquela região, o que havia feito as pessoas se preocuparem com a segurança, mesmo à luz do dia. Claro que, a partir daí, passei a me dedicar muito mais a buscar proteção na oração, cuja base é a segurança proporcionada por Deus.
É muito bom sabermos que podemos compreender o que realmente constitui a segurança individual. Para nossa paz de espírito e liberdade de ação, é vital sabermos que jamais podemos estar separados de Deus, o Pai Todo-Poderoso, e de Seu constante desvelo para conosco. À medida que eu continuava orando com essas ideias, fui sentindo total confiança no cuidado e proteção que recebemos de Deus, e a sensação de medo deixou de me espreitar, até desaparecer. Nunca mais tornei a ver aquele homem.
Ao pensar mais detidamente a respeito de segurança pessoal, lembrei-me de uma experiência de Cristo Jesus, que sempre me deixa admirada. Lemos no Novo Testamento que uma turba furiosa levou Jesus ao topo de um monte, com a intenção violenta de jogá-lo de lá abaixo. O relato prossegue: “Jesus, porém, passando por entre eles, retirou-se” (Lucas 4:30).
Você pode estar pensando: “Mas isso acontecia com Cristo Jesus! Não é de admirar que ele pudesse escapar do perigo!” Mesmo assim, tanto você como eu podemos seguir o exemplo de Jesus; ele sabia, e comprovou, que o homem e Deus são um; e nós também, podemos discernir, compreender e nos tranquilizar com o fato de que somos um com Deus, enquanto seguimos com nossas atividades cotidianas.
A experiência de Jesus ante a multidão hostil indica o fato fundamental de que o homem, a imagem espiritual de Deus, nunca está separado dEle, o Espírito onipotente. E por ser filho de Deus — ou seja, a verdadeira identidade de cada homem e de cada mulher — o homem também reflete o amor do Pai o tempo todo. Como promete um versículo do Antigo Testamento: “...O amado do Senhor habitará seguro com ele; todo o dia o Senhor o protegerá, e ele descansará nos seus braços” (Deuteronômio 33:12). Quão bela é essa verdade, tão tranquilizadora, onde quer que estejamos!
Essas qualidades que garantem a segurança são sempre nossas, onde quer que estejamos.
A Ciência Cristã nos ensina que o homem real é espiritual, não material; não limitado pelas circunstâncias, nem à mercê de eventos humanos. O homem de Deus é abençoado com apoio incessante e proteção. Sua existência tem base na harmonia perfeita, que não pode ser invadida. E o homem não pode jamais, nem sequer por um momento, ser privado da presença do Pai e de Seus cuidados inteiramente amorosos. Mas para dar provas de que esses fatos espirituais têm uma aplicação prática, temos de aceitá-los em nosso pensar, reivindicar nossa herança divina, e acatar suas implicações em um viver cristão.
E quanto aos outros com quem convivemos, os ensinamentos da Ciência Cristã nos incentivam a adotar o ponto de vista de Jesus. E qual é esse ponto de vista? Como diz Mary Baker Eddy em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, “Jesus reconhecia na Ciência o homem perfeito, que lhe era visível ali mesmo onde os mortais veem o mortal e pecador” (pp. 476–477). O que realmente existe para ser visto no universo de Deus é o homem de Deus. E estar na presença de Deus é ver em todos com quem nos deparamos o homem perfeito, espiritual e sem pecado. Pensar de outro modo é acreditar que nós e os demais estamos excluídos do controle de Deus e do fato de que Ele é tudo. Essa postura mental não é um lugar seguro para se estar. Por meio do meu estudo da Ciência Cristã estou compreendendo melhor a importância de não aceitar a ideia de que meu próximo possa ser a potencial vítima de um crime, ou um malfeitor em potencial.
O que não significa que podemos ser displicentes ao realizar nossas atividades diárias, sem nenhuma cautela quanto a circunstâncias que ameacem nosso bem-estar. Durante todo o dia necessitamos estar atentos à orientação vinda de Deus, e seguir a liderança de Deus em todos os aspectos de nossa vida.
Por séculos as pessoas têm buscado e recebido de Deus a proteção, a qual encontraram ao confiar no cuidado assegurado por Deus. A Bíblia fala de alguns indivíduos que até mesmo “andaram com Deus” (Gênesis 5:22, 6:9). Essa própria expressão implica algo cotidiano, e para mim mostra um belíssimo senso natural de segurança, e do fato de que o homem é um e uno com Deus.
Mas andar com Deus significa muito mais do que buscar a Deus apenas em momentos de perigo. Significa reconhecer em Deus o Pai-Mãe sempre presente e Todo-Poderoso, que, de maneira ininterrupta, ama e orienta, sustenta e mantém Seus filhos e filhas. Significa viver na companhia de Deus.
Andar com Deus também envolve prestar atenção às Suas diretrizes e as seguir em tudo o que fazemos. O livro de Provérbios, ao falar da sabedoria, ou “o temor do Senhor”, nos assegura que “...o que me der ouvidos habitará seguro, tranquilo e sem temor do mal” (1:33). Ao confiar em Deus para nos guiar no desempenho de nossas atividades, nos libertamos da sugestão de que a sorte ou o acaso governem a nossa vida. E ao buscar a orientação vinda de Deus, de fato podemos dEle acolher inspiradas mensagens, ou seja, Seus anjos, como os descrevem as Escrituras e a Ciência Cristã. Esses anjos direcionam e acompanham nossas ações.
É reconfortante sabermos que o Pai nos orienta para discernirmos o que fazer ou não fazer. E por que podemos reconhecer a voz dEle? Repito: porque todos somos na verdade filhos e filhas de Deus. Somos criação dEle. Deus, a Mente que tudo sabe, possui as qualidades de que necessitamos na vida diária: a sabedoria, o discernimento e a percepção espiritual, e nós, por meio da reflexão divina, também as possuímos. Por conseguinte, essas qualidades que garantem a segurança são sempre nossas, onde quer que estejamos.
À medida que cedemos ao fato de que vivemos em Deus, o Amor divino, nos valemos, dia e noite, do apoio constante de nosso querido Pai. Ao reivindicar esse domínio dado por Deus, ficamos livres para desempenhar nossas responsabilidades sem medo, com liberdade e confiança. Todos podem alcançar a compreensão prática ensinada pela Ciência Cristã, de que temos nossa existência sempre na presença de Deus. Esse conhecimento equipa cada um de nós para conduzir nossa vida sem medo limitador e sem incertezas. E assim podemos vivenciar o cuidado e proteção que recebemos constantemente na presença eterna de Deus, e ter plena consciência dessa verdade.
