Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer
Original para a Internet

Deus me ensinou a amar minha mãe

Da edição de maio de 2020 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 16 de março de 2020.


O que significa verdadeiramente amar alguém? Será que faz parte do amor deixar passar os erros das pessoas, ou fingir que coisas erradas não estão acontecendo, só para manter a paz?  

Ao fazer-me essas mesmas perguntas, comecei a me questionar: Será que eu realmente amo de verdade? E nesse caso, será que sei como dar amor às pessoas?  

Jesus ensinou e demonstrou que Deus é o Amor, e a Bíblia o afirma claramente. Sendo Deus o Amor, então o amor verdadeiro é de Deus, e toda expressão de amor genuíno em nossa vida provém dessa origem divina. A graça de Deus nos faz capazes de demonstrar compaixão e de perdoar aos outros. Pode toda e qualquer pessoa ter acesso a esse tipo de amor e expressá-lo? Sim, pode. Consegui responder afirmativamente a essa pergunta, ao estudar e pôr em prática a Ciência Cristã. 

A Bíblia explica por que somos capazes de amar. “Nós somos de Deus...”, lemos em 1 João; e também: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus... Deus é amor” (4:6–8). Amar é ser aquilo que somos: “nascidos de Deus”, para expressar a nossa verdadeira identidade espiritual de filhos e filhas de Deus; e essa identidade inclui todas as qualidades do Amor divino. Assim, todos temos naturalmente a capacidade de amar.

Cada um de nós é filho amado ou filha amada de Deus, ou seja: a expressão espiritual de nosso Pai-Mãe, o Amor; e essa realidade é declarada logo no início da Bíblia, no primeiro capitulo do Gênesis, que afirma que Deus, que é o Espírito e é todo o bem, nos fez à Sua imagem e semelhança, e que somos muito bons. 

Mas o segundo capítulo do Gênesis, e os seguintes, representam o homem de modo exatamente oposto à imagem e semelhança de Deus, que é espiritual e perfeita. Adão e Eva são materiais, não espirituais, e logo pecam contra Deus, aceitando tanto o bem quanto o mal. Na narrativa, o amor é obscurecido pelo medo, pela frustração e pela carência. E ambos, o bem e o mal, se tornaram a história da humanidade em geral.  

Posteriormente, porém, Cristo Jesus demonstrou que todos são puramente bons, têm uma relação inquebrantável com Deus, e são capazes de expressar a pureza do amor de Deus. Quando Jesus restaurou a saúde, a santidade e a integridade mental de inúmeras pessoas, ele demonstrou que nossa identidade está intacta, é pura e espiritual, o reflexo de Deus.    

Mesmo agora, o Cristo sempre presente, a ideia de Deus, que Jesus expressou em seu ministério, está em ação, vindo à consciência humana para curar a doença e restaurar a harmonia, inclusive em nossas relações humanas. Essa cura acontece à medida que nos tornamos receptivos à transformadora presença do Amor divino e quando temos a boa-vontade para deixar para trás a raiva, o remorso e a dor emocional. 

Foi por experiência própria que aprendi tudo isso. 

Quando criança, eu me sentia alheado de minha família. A briga entre minha mãe, que era divorciada, e os pais dela, com os quais eu morava, era amarga e incompreensível para mim. Ao completar sete anos, fui morar em uma cidade distante, com meu pai e sua nova esposa. Mas minha relação com meu pai era frágil, e foi de mal a pior durante a minha adolescência. E os sentimentos de alheamento continuaram, porque quando, uma vez por ano, eu visitava minha mãe, ficava claro que ela estava adentrando um quadro de doença mental. Com o passar dos tempo, passei a ter cada vez menos contato com ela. 

Alguns anos depois, já adulto, recebi um telefonema, informando que minha mãe havia sido hospitalizada com vários problemas de saúde. Ela já não podia viver sozinha. Consegui uma vaga para ela em um lar perto de onde meu irmão e eu morávamos, e atravessei o país de avião para ir buscá-la no hospital. Minha mãe não era estudante da Ciência Cristã, mas àquela altura eu era Cientista Cristão ativo.  

Ao chegar ao hospital, o médico gentilmente me explicou que mamãe estava apresentando a mentalidade de uma criança de seis anos de idade, e iria regredir ainda mais. Orei, confiando em que, se era o plano de Deus que ela ficasse comigo, esse plano já era completo e não poderia ser interrompido. Ela saiu do hospital comigo, mas o voo para casa não foi fácil. Ela não conseguia ficar quieta, e quando não estava se rebelando, dormia deitada em três assentos, com a cabeça no meu colo.   

Como filho de Deus, eu necessitava, pura e simplesmente, amar.

Enquanto ela dormia, comecei a pensar a respeito de meu relacionamento com ela, e no fato de que eu passara toda a minha vida evitando confrontos familiares, mergulhado em autocompaixão. Décadas haviam transcorrido, mas as recordações do caos doméstico ainda eram um peso para mim. Orei de todo o meu coração, pedindo uma mensagem confortadora a meu verdadeiro Pai, o uno e único Pai-Mãe Deus.   

Imediatamente me ocorreram ideias inspiradoras. Percebi que meu esforço para ser resistente, buscando superar pela força de vontade os abusos vividos, havia sido, na verdade, insuficiente para vencer meu doloroso passado. Tornou-se claro para mim que eu necessitava do amor de Deus, a fim de ser capaz de realmente perdoar. Como filho de Deus, eu necessitava, pura e simplesmente, amar. Mas como? 

Recostando-me no assento do avião, a oração que me ocorreu foi: “Meu Deus, ensina-me a amar”. Nesse momento, senti toda a resistência desaparecer, e floresceu em mim o amor de Deus para com todas as pessoas. A graça de Deus me sobreveio, quando abri meu coração para recebê-la. Percebi que o que eu mais queria era deixar para trás o passado confuso. Pela primeira vez, senti que Deus me deu um amor genuíno pela minha mãe e por todos os membros da minha família, um amor vindo de Deus. O perdão inundou meus pensamentos, e chorei, aliviado.   

Logo a seguir, ouvi uma voz cheia de alegria: “Estou tão feliz por estar indo morar perto de você e do seu irmão!” 

Fiquei momentaneamente boquiaberto: “Mãe?”

O amor de Deus havia nos purificado aos dois. A partir de então, minha mãe passou a ser carinhosa, alegre e entusiasmada. O comportamento dela foi totalmente o contrário da regressão mental que o médico havia prognosticado. As visitas a ela nos finais de semana eram agradáveis, e, durante o ano de vida que lhe restou, ela foi sempre gentil e expressou gratidão.

Desde essa ocasião, valorizo esta verdade que Mary Baker Eddy compartilha conosco em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A oração que reforma o pecador e cura o doente é uma fé absoluta de que tudo é possível a Deus — uma compreensão espiritual acerca dEle, um amor isento de ego” (p. 1).

Aquela prece no avião, “Ensina-me a amar,” significava amor isento de ego, que incluía abrir mão do amor ao ego e de sentir pena de mim mesmo. Mamãe e eu fomos abençoados por aquela oração. Percebi que, por inspiração de Deus, mamãe finalmente encontrou a alegria de viver, e eu finalmente tive minha mãe de volta. Aliás, pela primeira vez em toda a minha vida o anseio que eu sentia, querendo receber amor de mãe, foi preenchido. 

Na verdade, Deus é o Amor, e todos nós, tanto individual quanto coletivamente, expressamos esse Amor. “Ensina-me a amar” foi a oração perfeita para mim naquele dia, e continua a ser, até hoje. Pois, conforme compreendi, não é apenas nosso querer ou a força de vontade que traz a cura; a cura vem quando cedemos a Deus, abrindo caminho para a resposta do Amor. Para mim, essa resposta incluiu não apenas a redenção para mim e para minha mãe, mas uma duradoura compreensão do que é o verdadeiro amor que cura, e também de como todos nós podemos viver esse amor.    

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / maio de 2020

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.