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Original para a Internet

Oração de rendição

Da edição de maio de 2020 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 16 de janeiro de 2020.


No Sermão do Monte, Cristo Jesus ensinou seus seguidores a orar de uma maneira inteiramente nova. Essa oração revolucionária é hoje conhecida como a Oração do Senhor. A primeira parte poderia ser chamada de oração de afirmação — afirma o que Deus é e como Ele nos governa. O restante poderia ser considerado como uma oração de petição, porque inclui humildes pedidos ao nosso Pai celestial, a fonte de bênçãos infinitas.

Ao final de sua carreira, pouco antes da crucificação, Jesus nos apresentou outro tipo de oração, que também começava com uma humilde petição: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!” Mas a oração termina com estas palavras admiráveis: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26:39). Essa poderia ser considerada uma oração de submissão, de rendição mesmo. Jesus certamente não estava se rendendo àqueles que planejavam crucificá-lo. Ele estava se entregando ao seu Pai celestial, Deus. E Jesus podia fazê-lo com confiança, porque ele compreendia a Deus como sendo o bem, o mais completo bem, e como sendo o Amor.

Jesus nos ensinou grandes lições, mas talvez nos sintamos relutantes em aceitá-las e colocá-las em prática, até que nos deparamos com desafios muito difíceis. A primeira vez que refleti sobre essas lições foi durante os 12 meses que passei em uma zona de combate nas províncias do norte no Vietnã do Sul. 

Numa noite quente de setembro, meu acampamento foi atacado pelo inimigo com vários disparos de morteiro. Tentei me esconder em um bunker próximo, como eu já havia feito anteriormente, mas não consegui ir além da porta da minha cabana. Uma bomba explodiu tão perto de mim que o cascalho e os estilhaços da explosão caíram nas paredes finas ao meu redor e no teto de zinco da cabana. Sem parar para pensar, virei-me, atirei-me ao chão e deslizei para debaixo da minha cama. Deitado de bruços, com os punhos cobrindo o pescoço, senti a terra tremer violentamente à minha volta, enquanto mais cartuchos continuavam a cair ao meu redor. Eu havia sido treinado pelo Exército a sobreviver a quase todas as situações. Mas, naquele momento, isso não me trouxe nenhum conforto nem proteção.

Ao longo dos meses anteriores, eu havia passado muitas horas em oração, tentando diminuir os pensamentos de medo da guerra que me rodeava, e para manter a porta do meu pensamento aberta para reconhecer o cuidado incessante do Amor divino. Era difícil fazer isso e exigia trabalho constante, mas orar sempre trazia conforto.

Eu estudava a Bíblia regularmente e lia de capa a capa Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, e também Prose Works, uma compilação de outras obras publicadas, da Sra. Eddy. Eu mantinha um diário com pensamentos inspirativos provenientes das minhas leituras, e a primeira anotação que escrevi foi: “ ‘Amai os vossos inimigos’ é idêntico a ‘Não tendes inimigos’ ” (Miscellaneous Writings 1883–1896 [Escritos Diversos], p. 9). Essa afirmação me ajudou a ver que eu tinha de abandonar a crença de que eu estava cercado por uma mente inimiga que trabalhava constantemente contra mim e contra a minha vida. Durante os 12 meses seguintes, continuei a substituir essa crença em uma mente inimiga por uma declaração firme de que nunca ninguém está separado do amor pleno de graça que Deus tem por todos.  

Então, em meio à violência daquela noite de setembro, de bruços ali no chão, senti algo bem no fundo do meu pensamento — uma imensa quietude, apesar daquele ataque estrondoso. Gosto de pensar sobre o que eu senti como se fosse o “esconderijo” mencionado no Salmo 91 e citado pela Sra. Eddy em um artigo incluído no livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos]: “O ‘esconderijo’, sobre o qual Davi fez versos, é inquestionavelmente o estado espiritual do homem à própria imagem e semelhança de Deus, aquele santuário interior da Ciência divina, no qual os mortais não entram sem luta ou experiências difíceis, por meio das quais eles abandonam o humano pelo divino” (p. 244).

É a humildade que abre a porta do nosso pensamento à contínua inspiração espiritual de Deus e nos permite confiar no Seu amor infinito.

Depois do ataque, saí com uma lanterna para ver os danos sofridos. Os primeiros cinco morteiros haviam atravessado nosso acampamento, e o quinto chegara diretamente na frente da minha cabana, que ficava na borda do conjunto de cabanas onde todo o meu regimento dormia. As nove rodadas restantes explodiram aproximadamente no mesmo lugar da quinta rodada, sem avançar mais. Embora houvesse alguns danos aos veículos e equipamentos militares, nenhuma das estruturas que abrigavam nossas tropas fora danificada, e não houve vítimas.

O que mais me lembro daquela noite foi a oração que me veio à mente. Foi uma oração sem palavras, uma humilde submissão à presença constante de Deus, que estava me amando e me protegendo, como também a todos ao meu redor.

Mais cedo ou mais tarde, a maioria de nós pode se deparar com uma situação na qual nossa única opção é nos render. Como eu aprendi naquela noite, isso não significa render-se a algum tipo de inimigo, ou a qualquer tipo de conflito ao nosso redor, mas ao poder de Deus. Tenho de admitir que, de início, esse tipo de oração não era algo fácil de aceitar, mas ficou claro naquela noite o quanto pode ser eficaz a oração de rendição.

Achei essa lição especialmente útil alguns anos mais tarde, depois de ter deixado o Exército. Eu estava trabalhando no meu jardim quando sofri uma grave lesão. Algo no meu joelho havia se rompido. Eu não conseguia andar e fiquei confinado ao leito. Entrei em contato com um Praticista da Ciência Cristã, que concordou em orar por mim. Depois de alguns dias, houve pouca mudança física. Eu disse ao praticista que eu estava lutando com o fato de que não podia imaginar como as duas partes da ruptura dentro do meu joelho voltariam a se juntar. Ele disse que não era necessário eu saber exatamente como a cura ocorreria, mas que simplesmente cedesse à obra perfeita de Deus.

Levei três dias mais para deixar completamente de me preocupar, ou seja, para render-me ao controle amoroso de Deus e me permitir sentir aquele lugar de quietude dentro de mim. Finalmente, compreendi que eu estivera imaginando, de forma voluntariosa, que eu tivesse autoridade e responsabilidade pessoal para supervisionar a realização da cura. Em vez disso, eu tinha de ver e reconhecer que a lei de Deus de perfeita harmonia estava em ação, e confiar nela. Quando fiz isso, fui imediatamente curado — senti um ajustamento no joelho, e a dor desapareceu — e a cura permanece completa e permanente há mais de quarenta anos.

Tive muitas oportunidades de alcançar um reconhecimento mais pleno desse esconderijo e maior confiança no dom da sagrada rendição. 

Constatei que isso é igualmente importante quer eu esteja orando por mim mesmo ou pelos outros. Caso eu seja tentado a acreditar que a cura vem de minha própria força, do meu intelecto ou personalidade, preciso ser humilde e compreender que toda cura vem de nosso Pai, que é Deus. A cura não vem sem alguma forma de rendição, e não há rendição sem humildade. É a humildade que abre a porta do nosso pensamento à contínua inspiração espiritual de Deus e nos permite confiar no Seu amor infinito.

Percebi que é de grande ajuda lembrar que Jesus, que mudou o curso da história humana, declarou, como ato de pura submissão: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; ... não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou” (João 5:30). Deus era o Princípio orientador e animador da sua vida. 

Todos nós, tal como Jesus, podemos humildemente aceitar o controle amoroso de Deus sobre Sua criação espiritual. Quando assim fazemos, encontramos tanto a disposição para ouvir os mandamentos de Deus, como nossa inerente capacidade de obedecê-los. Também encontramos a paz, a saúde e a liberdade que Ele deu a cada um de nós.

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