Eu decidira limpar nosso viveiro de peixes. O primeiro passo era encher duas grandes tinas com a água do viveiro e transferir para ali os peixes e as plantas.
Quando levantei a segunda tina, cheia da água do viveiro, senti uma pontada na base da coluna, mas consegui continuar. No entanto, quando estava quase terminando de esvaziar o viveiro, eu me virei para despejar um balde de água e, dessa vez, a dor foi muito mais intensa.
Desabei no chão e não conseguia me mover nem me levantar. Fiquei deitada no chão por algum tempo, até conseguir me arrastar para dentro de casa.
Fui criada na Ciência Cristã e tive muitas curas no passado, contudo, naquele momento não me passou pela mente confiar em Deus ou orar. Fazia algum tempo meu pensamento se afastara da Ciência Cristã e eu havia adotado uma maneira de pensar que, no passado, teria sido inaceitável para mim. Isso acontecera aos poucos e sem que eu realmente percebesse.
Chamei o pronto-socorro e o médico me avisou que possivelmente teria de ficar de cama por até dez semanas e que, no mínimo por quatro semanas, eu deveria guardar repouso. Ele receitou medicamentos e disse que eu deveria fazer um exame de ressonância magnética para avaliar a extensão da lesão.
A essa altura, meu marido chegou em casa e pediu ao farmacêutico local aviar a receita. Mas, ali na cama, incapaz de me mover, decidi que não queria confiar em drogas nem em médicos. Eu desejava confiar exclusivamente na Ciência Cristã.
Entretanto, após tomar essa decisão, fiquei aflita, sem saber por onde começar. Percebi que, ao longo dos anos, eu aceitara no meu pensamento e na minha vida muitas coisas que não condiziam com a Ciência Cristã, e agora me parecia impossível tentar me volver a Deus.
Então, lembrei-me de uma conferência da Ciência Cristã que ouvira certa vez. A conferencista contara que, durante uma turnê, soube que sua filha tinha recebido o diagnóstico de pleurite. Essa mãe perguntou à filha por que não havia recorrido a ela para pedir ajuda em oração, e a jovem respondeu que não estava vivendo de acordo com a Ciência Cristã e achava que não merecia a cura. A conferencista retrucou que Deus não a via como uma filha doente nem como uma filha pecadora. A mãe orou e a filha foi curada nessa mesma noite.
Essa ideia de que qualquer pessoa pode ser curada, sem exceção, deu-me confiança para pedir ajuda e mandei uma mensagem a uma Cientista Cristã da minha família. Durante muitas horas compartilhamos ideias com base nestas afirmações do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy: “Os acidentes são desconhecidos para Deus…” (p. 424) e “…a Ciência não conhece nenhum desvio da harmonia nem retorno à harmonia…” (p. 471).
Na manhã seguinte, constatei que podia levantar e caminhar quase que normalmente, contudo, subir e descer escadas era doloroso e eu não conseguia me curvar. Uma ideia significativa para mim foi que eu não podia ser impedida de seguir em frente e que a direção de Deus é infalível (ver Ciência e Saúde, p. 424). Reconheci que ultimamente estivera muito impaciente, ao invés de ouvir e obedecer a essa orientação divina.
Procurei a palavra impaciência no dicionário e vi que um dos significados é “inquietação causada pela … ausência de um bem esperado”. Isso realmente chamou minha atenção e perguntei a mim mesma: “Será que sou grata pelo bem que já tenho?” Eu sabia que não era.
Percebi que precisava superar essa ingratidão, e o ressentimento que vinha nutrindo por injustiças que eu achava ter sofrido. Comecei a ver que as pessoas com quem me ressentia expressavam, em realidade, muitas belas qualidades que eu deixara de notar, devido à minha raiva. Ao fazer uma lista dessas qualidades, vi aquelas pessoas em sua verdadeira luz espiritual, como a própria expressão de Deus, e a mágoa se dissipou.
Também percebi que, no fundo, tinha medo de futuros efeitos colaterais dessa lesão, pois havia aprendido muita coisa sobre tais lesões, em um treinamento de massagem corretiva que eu tivera no passado. A essa altura, me deparei com este trecho de um artigo do The Christian Science Journal, intitulado “Healing the ‘incurable’ ” de autoria de Geoffrey J. Barratt (a tradução: “Curar o incurável” foi publicada nO Arauto da Ciência Cristã on-line, em 4 de janeiro de 2015): “A cura espiritual não é o resultado de uma batalha entre poderes opostos, ou seja, o poder de Deus batalhando contra o suposto poder do mal e tendo êxito em apenas alguns casos. Na Ciência, todo o poder está do lado da Verdade, sem nenhuma restrição. E não há absolutamente nenhum poder do lado do erro. Para anular a alegação de incurabilidade, precisamos ter a certeza de que estamos dando total ênfase ao poder da Verdade, e de que não estamos concedendo nenhum resíduo de poder à desarmonia”.
Ficou claro para mim que o poder de Deus não depende pessoalmente de mim. Deus é Todo-poderoso agora, e não existe nenhum outro poder que se oponha a Ele. Não há dois poderes, um bom e um ruim, mas um só: a Verdade divina. Não existem duas criações, somente uma, e essa única criação é continuamente espiritual, completa e harmoniosa.
Senti o medo se dissipar, e também o último desconforto nas costas. Faz um ano que isso ocorreu e não tive nenhuma dor, depois disso.
Três dias depois que aconteceu essa cura, retornei ao viveiro dos peixes e terminei de limpá-lo. Uma semana depois, carreguei e enchi um veículo com meia dúzia de grandes caixas de livros. A partir daí, tenho feito outras atividades, tais como ajudar a mudar de lugar um órgão da igreja e uma pesada cômoda, aplicar gesso em paredes e pintá-las, sem sentir nenhuma dor.
Eu me regozijo muitíssimo com essa cura. Mas estou ainda mais feliz por ter sido curada da amargura que levava comigo, do ressentimento e da ingratidão que haviam afetado meu pensamento, privando-me da felicidade, do progresso espiritual e do amor pelo próximo.
Dianne Dallas Selover
Melbourne, Austrália