Em épocas de incertezas e divisões políticas, as pessoas querem estabilidade. Querem saber que as instituições que dão o suporte à sua vida, como o governo, repousam em uma base mais segura do que os ombros de homens e mulheres bem intencionados, porém imperfeitos.
Há séculos, o profeta Isaías previu um governo que não era formado por pessoas falíveis, mas sim, por Deus, o infalível Todo-poderoso, todo o bem. Ele disse que esse governo divino seria representado pelo Filho de Deus nascido no mundo e que “o governo [estará] sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Como muita gente, eu antes pensava na profecia de Isaías como uma descrição de uma época futura em que somente Deus governaria o mundo e já não haveria nenhum governo humano. Mas o estudo da Ciência Cristã me ajudou a compreender que, embora presidentes e primeiros-ministros entrem e saiam de seus cargos, o verdadeiro poder e autoridade em nossa vida sempre foi e sempre será a Mente divina única e eterna, que guiou e inspirou os profetas bíblicos e foi representada plenamente por Cristo Jesus.
Ninguém jamais teve uma consciência tão clara quanto Jesus, em relação ao fato de que seu divino Pai era Deus, não uma pessoa ou pessoas, e de que Ele é que governa tudo. Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “como no céu, assim também na terra — Deus é onipotente, supremo” (p. 17). Pôncio Pilatos, o governador da Judeia, asseverou a Jesus que tinha autoridade total sobre sua vida, dizendo: “…Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” Ao que Jesus respondeu: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada…” (João 19:10, 11). Naquelas circunstâncias, parecia que o que estava ocorrendo era o contrário. Mas três dias após a crucificação, Jesus ressuscitou do sepulcro, ileso; e várias semanas depois ele ascendeu, mostrando que nenhum poder humano tinha autoridade ou capacidade para anular a vontade do Pai ou o governo do Pai sobre Seus filhos.
Como o homem mais livre de ego e o mais poderoso que o mundo já viu, e que acalmou tempestades com uma palavra, curou doentes e pecadores e ressuscitou mortos, Jesus declarou: “Eu nada posso fazer de mim mesmo…” (João 5:30). Ele sabia que o poder não era dele, mas emanava da humilde obediência à vontade de Deus. Ele reconhecia o governo soberano e eterno de Deus, expressado em justiça, misericórdia, sabedoria e compaixão. À medida que nos tornamos mais conscientes da autoridade e do poder divinos que atuam aqui e agora, nós também vemos seu efeito harmonizador em nossa vida.
Vi que o governo sempre havia estado sobre os ombros de Deus, o Princípio divino do universo.
Isso ficou muito claro para mim há alguns anos, quando um projeto de arquitetura que eu estava gerenciando teve sérios problemas e meu relacionamento com o cliente se deteriorou rapidamente. Achei que suas exigências haviam se tornado injustas, tanto para mim quanto para os trabalhadores que haviam sacrificado tanto tempo e esforço para entregar um bom projeto. Ele pensava que as soluções que nós estávamos propondo não faziam jus às suas expectativas e investimentos financeiros. Nossas posições divergentes sobre o assunto pareciam inconciliáveis, e uma batalha judicial parecia inevitável, à medida que a disputa se tornava hostil.
Temeroso diante disso tudo, pedi a ajuda de um Praticista da Ciência Cristã para que orasse por mim, a fim de resolver esse conflito. Imediatamente, vi que eu tinha de decidir quem ou o que estava no governo dessa situação. Se fosse opinião ou ego humano, a conclusão satisfaria apenas uma das partes. Eu sabia que, na realidade, há somente uma Mente, ou Ego — a Mente divina — e que o homem, a imagem e semelhança de Deus, reflete essa Mente em sabedoria, altruísmo e generosidade. Orei para ver mais claramente que essa Mente era a única a governar, suprindo a todos com ideias espirituais que levariam a uma solução que fosse justa para todos, sem deixar ninguém de fora — nem eu, nem os funcionários nem os clientes.
Embora essa disputa tenha exigido a contratação de assistência jurídica, a orientação da Mente ficou clara durante todas as deliberações que se seguiram. Quando meu pensamento cedeu a essa Mente, que é desprovida do ego humano egoísta, houve progresso. Ao desejar verdadeiramente ver a vontade de Deus ser feita, e não a minha, observei com grande expectativa os advogados de ambas as partes trabalharem pelo bem de seus clientes, apoiando-se na lei e não na emoção humana ou na opinião pessoal.
O que estava acontecendo era muito mais do que a ajuda jurídica. Por meio das orações do praticista, bem como das minhas, o que crescia no meu pensamento era a compreensão espiritual sobre o meu cliente, como um filho amado e amoroso de Deus, governado pelo Princípio divino. Essa é a lei imortal da justiça de Deus, por meio da qual Cristo Jesus demonstrou que todos os filhos de Deus estão protegidos. Vi que, de fato, como filho de Deus, tenho a mesma mente que governou Cristo Jesus — sou o reflexo da Mente divina. Nessa Mente não há pensamentos opostos, somente a unidade de propósito. Paulo pregou: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus…” (Filipenses 2:5) e pude sentir a paz de ver por mim mesmo que todos nós “temos a mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16).
Quando ocorreu a mudança, de uma base material para uma base espiritual de pensamento, vi que o governo sempre havia estado sobre os ombros de Deus, o Princípio divino do universo.
Como resultado, chegamos rapidamente a um acordo. As necessidades de cada uma das partes foram atendidas simultaneamente. A cura dessa disputa foi tão completa, que o cliente me ligou depois para saber se eu estaria interessado no projeto seguinte dele. Ele disse que, apesar das nossas diferenças, ele me respeitava. Embora eu não me sentisse pronto a aceitar a oferta, eu também passei a respeitá-lo, o que teria sido inconcebível para mim, semanas antes.
Em uma época de tribalismo político, quando as diferenças de opinião são constantemente anunciadas na mídia, é muito tentador acreditar que o governo é incapaz de trabalhar em conjunto para resolver os problemas que enfrentamos como nação ou povo; que só poderemos resolver os problemas que o país está enfrentando, se o candidato que nós apoiamos for eleito ou reeleito. Mas será que é com uma pessoa específica na função, que o bom governo começa ou termina? Isaías profetizou, referindo-se ao governo de Deus, como demonstrado por Jesus: “…para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre…” (Isaías 9:7).
Em outras palavras, o governo nunca esteve em nossos ombros, ou nos de qualquer outra pessoa. Ele repousa, neste exato momento, na sabedoria e no poder do Todo-poderoso Deus. Quando nos recusamos a crer que o poder repousa sobre as opiniões e personalidades humanas, e reconhecemos o governo de Deus no universo, temos a certeza da estabilidade e da paz que esse governo traz para a nossa vida.