A Ciência Cristã demonstra que a cura espiritual é natural. A despeito do problema que enfrentamos, por mais grave que pareça ser ou por quanto tempo pareça estar se manifestando, nunca se faz necessário esperar até que Deus esteja disposto a ajudar. Por toda a eternidade Deus só está consciente de Si mesmo e de Seus filhos perfeitos. À medida que nos tornamos receptivos a essa verdade e a aplicamos específica e profundamente a qualquer dificuldade, a cura é imediata.
Aquilo que parece ser uma cura demorada ou difícil é, muitas vezes, pelo menos em parte, o resultado de nossa relutância em ceder à verdade que está sempre instantaneamente à disposição. Estar livre da limitação é o status divino do homem. Se, então, acontece regularmente que a dúvida excede a esperança, o medo inibe a alegria, ou a crença em cura demorada desafia nosso direito à harmonia sempre presente, é porque algo deve estar faltando ao nosso trabalho metafísico. E é possível que o elemento ausente seja a gratidão.
A oração que não contém gratidão pelo amor de Deus, é estéril. O fato de se deixar de expressar gratidão pode surgir de incompreensão acerca de sua natureza mais elevada. Gratidão é apreço pelo bem. Como estado mental que favorece a cura, no entanto, a gratidão não é algo que praticamos somente em épocas de necessidade com o objetivo de provar que merecemos receber ajuda divina. A gratidão legítima não é a serva do humor. Ao contrário, deve permanecer conosco sempre; e cada momento de nossas vidas deve comprovar que assim o é. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras a Sr.a Eddy escreve resumidamente: “A gratidão é muito mais do que uma expressão verbal de agradecimento. Os atos exprimem mais gratidão do que as palavras.” Ciência e Saúde, p. 3;
A gratidão tem mais profundidade do que o mero alívio emocional por nos havermos livrado do infortúnio. É mais substancial do que a análise de uma folha de balanço mental que nos leva a concluir que o bem em nossas vidas supera o mal. Concebida espiritualmente, a gratidão consiste numa constante manifestação de agradecimento pela inteireza da criação divina, pela totalidade do Espírito e a conseqüente nulidade da matéria. Portanto, não importa o que os sentidos físicos estejam retratando, podemos expressar gratidão ao incluir no tratamento metafísico nosso reconhecimento pela perfeição que Deus continuamente mantém em nosso ser espiritual e real. Essa afirmação auxilia a elevar nosso pensamento bem acima da crença mortal medrosa de que a matéria existe e necessita de melhora.
A gratidão apressa a cura porque ilumina e reforça nossa convicção de que o homem só pode ser aquilo a que Deus deu origem, isto é, só pode ser Sua idéia perfeita. Enfatiza, também, nossa compreensão acerca de Deus como a fonte de todo o bem, removendo assim o sentido pessoal que tentaria levar-nos a pensar em nós mesmos como pessoalmente responsáveis por curar a nós ou a outrem.
Em suma, a gratidão compreendida espiritualmente é a precursora da solução bem sucedida de qualquer problema. Se nos aquietarmos e agradecermos a Deus pelo fluxo ilimitável de bem que Ele nos concede — mesmo quando somos confrontados pelo que parece ser uma situação das mais difíceis — estaremos dando um passo firme no sentido de disciplinarmos nosso pensamento a fim de eliminarmos o egoísmo, a vontade humana e a predeterminação inconseqüente. É então, e somente então, que somos capazes de ouvir silenciosamente a orientação divina. Além disso, a alegria e a certeza que acompanham a gratidão auxiliam-nos a vislumbrar com mais profundidade e alcance o bem que Deus está concedendo a cada uma de Suas idéias.
Cristo Jesus destacou com freqüência a natureza curativa da gratidão, especialmente quando ressuscitou a Lázaro. Quando Jesus chegou a Betânia, onde Lázaro vivera, a situação, aos olhos dos sentidos mortais, parecia irremediável. Lázaro estava morto.
Mas, como é que Jesus correspondeu à situação? Postou-se diante do túmulo e agradeceu a Deus. No relato bíblico desta cura lemos: “E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.” Então ele disse: “Lázaro, vem para fora,” e Lázaro saiu da sepultura “tendo os pés e as mãos ligados com ataduras” João 11:41–44., mas curado e vivo.
A morte de Lázaro pôs Jesus perante o rei dos terrores; mesmo assim, esse erro não teve poder de abalar a compreensão do grande Mestre acerca da Vida onipresente ou para obscurecer sua gratidão. Lázaro nunca podia estar separado de seu Pai, a Vida. Jesus despertou a Lázaro, bem como em certa medida fez ressurgir de suas crenças empobrecidas as testemunhas oculares dessa poderosa demonstração. Não foi isso evidência da verdadeira gratidão — gratidão não imbuída de dúvida ou em luta com vã esperança, mas apoiada pela convicção, e segura de seu sucesso?
O abordarmos a demonstração com gratidão auxilia-nos a eliminar o medo de falhar; e quando se remove o medo de falhar, o sucesso não pode estar longe. É evidente que poderão ocorrer ocasiões quando parece difícil ser grato. Aqueles que aparentam ter sido prejudicados por dificuldades físicas que parecem lentas em ceder, aqueles que pensam estarem presos à pobreza, aqueles acossados por situações desarmoniosas na família, situações aparentemente sem solução, aqueles que se confrontam com a mentira malévola do ódio racial ou de qualquer outra das miríades de invenções da mente mortal, poderão achar ser um desafio muito grande dar graças a Deus. Na verdade, expressar gratidão sob tais circunstâncias pode, à primeira vista, parecer como se mal e mal passasse de mero exercício intelectual.
Mesmo quando expressa com lábios inseguros, mas que reconhecem os fatos espirituais do ser — Deus perfeito, homem perfeito — a gratidão volve o pensamento rapidamente em direção à cura. Ela faz com que alcancemos nosso primeiro objetivo: compreender melhor a Deus — não apenas acumular matéria ou acomodá-la. Bem pode acontecer que nossos passos nessa direção sejam trêmulos; mas a gratidão adquire um ímpeto que lhe é próprio. Nossa convicção tornar-se-á mais forte a cada novo passo.
Se estamos expressando gratidão pela harmonia com que Deus o Amor divino, nos cerca, o erro não tem lugar em nosso pensamento onde possa sussurrar suas sutis reivindicações ou gritar suas mentiras destrutivas. Quando estamos livres dessas obstruções, a cura não é apenas possível, mas inevitável.
 
    
