O Natal significa muito mais do que a simples comemoração de um aniversário. Marca o advento singular de valores eternos que penetram no tempo constituído de dias e meses e anos, de sêculos e de milênios, a que chamamos a história humana.
Em seu livro Retrospecção e Introspecção a Sr.a Eddy escreve: “É bom saber, caro leitor, que nossa história material, mortal, é apenas um registro de sonhos, e não da existência real do homem, e o sonho não tem lugar na Ciência do ser.” Ret., p. 21; Na medida em que o mundo em geral, e cada um de nós individualmente, capta o verdadeiro significado do Natal começamos a despertar desse registro de sonhos que, tal como um disco de fonógrafo que esteja arranhado, continua a repetir sem parar as suas falhas e fracassos. Por meio do Cristo que cura e salva, despertamos da doença, da fraqueza e da frustração e da gama toda de materialismo autoderrotante para a luz do dia do viver espiritual útil e pleno.
“Noite de paz! Noite de amor!” — essas palavras de um querido cântico natalino significam para muitos a essência do Natal. Quão cheia de paz e de amor aquela primeira noite de Natal realmente foi, é algo problemático. A estalagem em Belém estava lotada. Pastores ouviram o chamado e a saudação dos anjos. Magos se apressaram pelos caminhos do Leste. Os animais talvez estivessem indóceis devido aos estranhos acontecimentos que ocorriam no estábulo, ou gruta, onde Maria e José vigiavam à beira da manjedoura.
Mas é certo que essa foi uma noite santa. Ela assinalou o momento em que a experiência e a consciência humanas foram iluminadas por uma percepção inteiramente nova de Deus e de Sua relação com os homens. A vinda desse Cristo, a Verdade, visto naquela noite como o ser humano recém-nascido, Cristo Jesus, fez muito mais do que inaugurar uma nova era na contagem dos anos. Foi muito mais do que outro acontecimento na história. Daquela noite em diante, a terra passou a ser um lugar inteiramente diferente do que era até então. Por trás da humanidade progressista havia um novo impulso, havia a plenitude do Cristo revelada à presente era como a Ciência do Cristo, ou Ciência Cristã.
Desde os primórdios, o povo hebreu havia considerado Deus como o criador todo-poderoso, um ser distinto e à parte de Sua criação. Contudo, Ele havia sido também para eles um Pai querido e chegado, um Pai que os punia e amava, o Deus da história. Agora, nessa primeira época do Natal, algo novo aconteceu. Para os que estavam espiritualmente alerta — alerta em grau suficiente para percebê-lo — o criador, ainda reconhecido como um ser distinto e à parte de Sua criação, foi visto a penetrar a história com uma nova profundidade e dimensão. Acabava de nascer uma criança que trinta anos mais tarde poderia dizer: “Quem me vê a mim, vê o Pai.” João 14:9;
Na vida e nas obras de Cristo Jesus, o poder do Espírito divino abriu uma janela através da qual todos podem ver a fonte eterna do ser e a sua substância. Essa janela desde então nunca mais foi fechada e nunca poderá sê-lo. O Cristo ideal, a verdadeira idéia de Vida e de filiação espiritual perfeita, vagamente percebido no início da história hebraica, tornara-se agora claro e evidente: estava presente para despertar a humanidade tirando-a do sonho da história material a fim de empreender cura, salvação e redenção.
Em Ciência e Saúde a Sr.a Eddy escreve a respeito dessa ocorrência singular e espantosa: “Jesus era o mais alto conceito humano do homem perfeito. Ele era inseparável do Cristo, o Messias — a idéia divina de Deus, fora da carne. Isso habilitou Jesus a demonstrar o seu dominio sobre a matéria. Anjos anunciaram aos Magos de outrora essa aparição dual, e anjos sussurram-na, pela fé, ao coração faminto em todas as épocas.” Ciência e Saúde, p. 482;
Lemos no livro de Malaquias: “Provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênção sem medida.” Malaq. 3:10; Graças a essa “aparição dual” no primeiro Natal, graças a essa janela do céu que habilitou os homens a verem com clareza na vida de Cristo Jesus a natureza de sua origem e substância verdadeiras, é que bênçãos sem medida choveram sobre a humanidade. Qualquer que seja a limitação que possa ter parecido existir, ela só ocorreu em nossa demora de aceitar tais bênçãos. O Natal é a época em que podemos abrir mais do que nunca o nosso pensamento e o nosso coração para recebê-las na plenitude do Cristo de que estão imbuídas.
No coração dessas bênçãos acha-se a revelação científica e espiritual à humanidade, essa revelação que mostra Deus perfeito e homem perfeito, o Espírito eterno e a sua idéia individual indestrutível, indissoluvelmente ligados pelo amor.
Na mensagem de Natal à revista The Ladies' Home Journal, a Sr.a Eddy escreveu a respeito dessa união entre Deus e Sua idéia, o homem: “Deus cria o homem perfeito e eterno à Sua própria imagem. Conseqüentemente o homeme é a imagem, a idéia, ou a semelhança da perfeição — um ideal que não pode decair de sua união natural com o Amor divino, não pode decair de sua pureza sem mácula e sua perfeição original.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 262. Essa é a boa nova, a mensagem de cura e salvação, da época santa a que chamamos o Natal.