A primeira comunidade cristã cresceu com rapidez. Os doze apóstolos e outros adeptos da fé estavam tão imbuídos de inspiração que atraíram grande número de homens e mulheres para que se juntassem a eles na adoração de Deus conforme o ensinamento de Cristo Jesus. Não havia ainda decorrido muito tempo após a ascensão do Mestre e já a congregação alcançava proporções tais que tornaram impossível os Doze desempenhassem pessoalmente todos os seus encargos — pregar, ensinar, dispensar a caridade aos pobres e cuidar das demais tarefas necessárias que se relacionavam com o grupo. Além disso, houve queixas de parcialidade na dispensação da caridade, acentuando as diferenças entre os cristãos que falavam o grego e os que falavam o aramaico.
Finalmente os Doze apelaram aos outros membros da igreja em Jerusalém para que elegessem dentre eles dignitários que pudessem assumir algum trabalho administrativo. Explicaram a situação e disseram: “Irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria.” Atos 6:3; Consta então que “o parecer agradou a toda a comunidade” e fez-se uma eleição. Entre outros, já não tão lembrados, escolheram Estêvão, a quem a Bíblia descreve como “homem cheio de fé e do Espírito Santo”, e Filipe, que deixou-nos o exemplo de um missionário cristão alerta. (Foi ele receptivo ao Espírito divino e expôs com tanta eloquência os ensinamentos de Cristo Jesus ao eunuco etíope, que este aceitou-os e foi batizado. V. Atos 8:26–38.)
Não poderíamos dizer que foi essa a precursora das eleições que neste século se realizam em todas as filiais da Igreja de Cristo, Cientista? Foi empreendida democraticamente e por meio de oração, como deveriam ser feitas as eleições de hoje. Em muitos aspectos, é um modelo para a ação contemporânea.
Deduz-se da Biblia que a eleição foi concluída fácil e rapidamente. É evidente que havia abundância de candidatos com boa vontade para exercer os cargos. Muitos participantes do grupo, animados de zelo cristão, estavam prontos a trabalhar dedicadamente para a causa. E os apóstolos especificaram as qualidades espirituais que deviam ser encaradas ao proceder-se à escolha — integridade, sabedoria e a inspiração do Espírito Santo. E quando a eleição terminou e os sete homens haviam sido escolhidos, eles comprovadamente receberam apoio total. Os doze apóstolos — os que tinham maior experiência na comunidade cristã — confirmaram a eleição seguindo o antigo costume de orar e impor as mãos sobre os sete. Com esse gesto, poderíamos dizer, demonstraram reconhecer esses indivíduos em particular como tendo, de ora em diante, poder e autoridade para executar certos deveres, e indicaram que lhes davam apoio no seu trabalho.
O episódio todo, tão importante e contudo tão simples e sem tropeços, acha-se compreendido em apenas seis versículos bíblicos. Mas, aparentemente, satisfez a todos, pois a narração continua, dizendo: “Crescia a palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos.”
Hoje em dia, quando os membros de igrejas filiais, sociedades e organizações universitárias da Ciência Cristã preparam-se para votar a escolha de dignitários que irão levar avante as atividades da igreja de suas localidades, bem podem eles considerar as lições que aquela primeira eleição oferece.
Naquela época, havia sete cargos vagos. Mas vê-se claramente que não houve problema. Seria hoje diferente a situação? Haveria mais cargos a preencher do que trabalhadores de boa vontade? O espírito de Deus estava ativo entre os cristãos primitivos, fortalecendo a sua esperança e fé, revitalizando-os com o amor à verdade, robustecendo-os com o desejo de partilhá-la com o mundo.
Podemos saber que o espírito de Deus está sempre ativo. Esse é um fato científico que atua em todas as épocas, e podemos sentir os seus efeitos agora com tanta certeza como o sentiram os cristãos de outrora. Se sentimos a tentação de crer que há falta de membros dispostos a preencher os cargos — a assumir responsabilidades e trabalhar com desprendimento na proclamação da Palavra de Deus — podemos inverter a sugestão de pobreza espiritual e de inatividade em nosso quadro social. A Ciência Cristã insiste no fato de que Deus, o Amor divino, está contínua e abundantemente vertendo o Seu espírito de amor nas afeições de Seu povo. Ao sabê-lo com profunda convicção, uma igreja filial provará que entre os seus membros encontrará abundância de amor pela Ciência Cristã e pelo mundo. Então haverá muitas pessoas dispostas a servir como for preciso para cumprir com o propósito da igreja e pregar o evangelho à humanidade.
Com tantos candidatos dispostos a preencher os cargos, a escolha poderá ser feita com sabedoria na mesma base em que os sete foram escolhidos pelos primeiros cristãos. Os critérios corretos para a escolha não são a idade, o sexo, a raça ou o tempo de filiação, mas a espiritualidade, a sabedoria e a honestidade, ou a boa reputação — como João Ferreira de Almeida o traduz.
Como podemos avaliar uma boa reputação? Ela é muito mais do que ter fama de quem não incomoda. Nos escritos da Sr.a Eddy há ampla orientação nesse sentido. Por exemplo, ela perguntou numa carta aos membros de A Igreja Mãe: “Vós vos congregais em unidade de pensamento, preferindo-vos uns aos outros e demonstrando o Princípio divino da Ciência Cristã? Aproveitastes as horas passadas, carregando-as de testemunhos dignos de serem levados ao céu? Aprendestes que o pecado é inadmissível e indica uma mentalidade estreita? Mostrais amor aos que vos odeiam e vos perseguem?” Miscellaneous Writings, p. 147; E num artigo intitulado “Fidelidade” ela diz: “Os que forem conscienciosos alcançarão êxito. Seguem com fidelidade: por entre má ou boa fama, trabalham para a realização do bem: pela paciência, herdam a promessa.” Ibid., p. 340.
Dignitários da igreja que foram eleitos pela sua fama de fidelidade sob condições difíceis, paciência, amor, demonstração do Princípio divino e pureza, são, certamente, dignos de qualquer cargo que exercem. Merecerão copioso apoio dos demais membros, desde o mais novo até o mais maduro. Podem esperar desempenhar seus deveres, sejam estes quais forem, com sabedoria e distinção, demonstrando o poder do Espírito Santo no trabalho de igreja, de modo que ela prosperará.