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Feminilidade espiritual e o sonho-de-Eva

Da edição de maio de 1979 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando as mulheres se defrontam com o preconceito é aconselhável que identifiquem o alvo dele. O que é que realmente está sendo atacado? Será a verdadeira feminilidade, que reflete Vida e Amor, e que é inseparável da verdadeira masculinidade? Estarão sendo criticadas as qualidades de fidelidade, intuição espiritual, sabedoria, beleza, ternura e bondade?

Onde quer que se manifeste ódio contra mulheres, preste atenção! O único alvo a ser atingido é Eva.

Essa figura bíblica alegórica representa a visão materialista da mulher como sendo meramente a fêmea. Esta exemplifica todas as qualidades que deitam a perder o céu. (Dentro do Éden tenta o marido a desobedecer a Deus; fora dele, tem problemas com os filhos.) Eva aparece no segundo — e falso — relato da criação no Gênesis. A Sra. Eddy descreve-a assim: “Segundo essa crença, a costela tomada de Adão tornou-se uma mente maligna, chamada mulher, que ajuda o homem a fazer pecadores mais rapidamente do que ele sozinho os pode fazer. Será ela uma auxiliadora para o homem?” Ciência e Saúde, p. 533;

Como Eva é uma imagem primitiva enraizada nas formas mais retrógradas do pensamento mortal, o preconceito contra as mulheres pode rapidamente fazer brotar emoções primárias. Quando isso ocorre, a mulher que vive no século vinte poderá pensar que sua cultura, educação e seu conhecimento são inúteis. O hábito irracional e primitivo de identificá-la somente em termos de sexo haveria de prendê-la ao sonho-de-Eva; a mulher que pensa, porém, e que é Cientista Cristã, protege-se. Como? Recusando identificar-se com o alvo.

Sabe que ela não se constitui do que é físico. Webster em seu dicionário da língua inglesa diz que a palavra “fêmea”, aplicada a animais e plantas, bem como a seres humanos, dá a idéia de sexo, ao passo que “mulher” destaca as qualidades essenciais.

As qualidades femininas bem como as masculinas refletem Deus. A Ciência Cristã convida-nos a abandonar a praxe das teorias da evolução, físicas e desenvolvidas com o tempo, e compreender nossa perfeição, espiritual atual como semelhança de Deus. No decurso da história, a verdadeira feminilidade nunca foi atingida pela falsa classificação. Mulher é uma idéia, e as qualidades femininas existem intatas na Mente, Deus, para que todos as percebam, compreendam e expressem de forma inigualável e individual. Essas qualidades espirituais não podem ser destruídas. A cegueira do sentido animal poderá arremessar dardos contra o falso e opressivo conceito de mulher que ele próprio entretém, mas a identidade espiritual da mulher não está aí para ser atingida.

Ao contrário, ela poderá recolher-se ao “esconderijo do Altíssimo”  Salmos 91:1;. Na intimidade de seus próprios pensamentos a respeito de Deus e dela mesma, na profundidade da calma interior, ela pode empregar a compreensão espiritual para separar-se do alarido mortal das crenças a seu respeito. Onde quer que se encontre, poderá fazer uso do incomparável poder da oração silenciosa. Não importa quantos séculos de crenças errôneas a precederam, a remoção do peso dos equívocos que o mundo comete com relação às mulheres pode começar com a forma dela própria pensar a respeito de si mesma. A auto-identificação correta conduz à libertação.

A mulher poderá perguntar-se: “Estou me identificando como um ente espiritual e estou vivendo as qualidades femininas de Deus — bem como Suas qualidades masculinas — ou estou fazendo o jogo de Adãoe-Eva? Não posso esperar que os outros me vejam livre da animalidade a menos que eu primeiramente assim proceda.” Toda mulher que procura o reconhecimento de sua identidade deve enfrentar e vencer Adão e Eva.

A verdadeira feminilidade não brinca com o amor. O amor espiritual é a fragrância do ser real. Com essa compreensão a mulher não brincará de gato e rato com o homem, não fará o jogo da sedução e da caça. O amor faz parte intrínseca de sua espiritualidade — ela ama com o desejo de abençoar e curar. Ao olhar-se no espelho da Ciência Cristã, reconhecerá que é bela porque reflete a beleza de Deus. Para ela não serve o conceito limitado de beleza da mente mortal, acorrentado ao sexo.

A beleza física desvanecente talvez vá perseguir o pensamento mortal com a imagem de seu fim inevitável. A beleza do reflexo divino, porém, não está presa a tal limitação. O reflexo do bem eterno não envelhece. Podemos deixar que o ouro de nosso verdadeiro valor, como expressões individualizadas de Deus, brilhe para ser reconhecido e amado por todos os que prezam a realidade.

O pensamento mortal sempre relacionou a mulher com a criação porque é ela quem dá à luz. A iluminação espiritual mostra-nos que a criação pertence a Deus, manifestando-se aos seres humanos sob a forma de revelação e luz. Para o sentido material, a criação é um mistério, envolvendo processos mentais irracionais e incompreensíveis que a qualquer momento poderão ameaçar o delicado controle do pensamento e comportamento equilibrados. Quando as mulheres, bem como os artistas, pensam estar sintonizadas em circuitos fechados de ímpetos interiores de criatividade, é-lhes muitas vezes difícil controlar repentes de emoções, humor, e matizes indefinidos, e muito fácil condescender com eles como provas de temperamento artístico criativo. Estados depressivos mensais, desejos de alimento especial durante a gravidez, ou a massa acumulada e não vencida de temores durante a menopausa são enfrentados com resignação por muitas mulheres, que se identificam com a perspectiva materialista da criação.

Saber que Deus, e não o homem, é o criador, auxilia-nos a disciplinar o humor e as emoções, fazendo com que estes se harmonizem com a invariável e gloriosa calma divina. O surgimento misterioso de estados de ânimo incompreensíveis não expressa a inteligência estável e constante da Mente e não se constitui em passaporte válido para o espírito criativo. É-nos dada a capacidade de eliminar o capricho, o humor, a comiseração própria e a autocomplacência, características essas que não são nem agradáveis, nem atraentes, nem tampouco pertencentes à verdadeira feminilidade. Sabendo que a estabilidade da criação está com Deus, deixaremos de confundir as mudanças temperamentais com os incomparáveis ritmos divinos.

O homem que compreende a feminilidade proveniente de Deus sabe que pode confiar na mulher que expressa qualidades espirituais. Nem a masculinidade, nem tampouco o senso de identidade dele podem estar ameaçados, nem pode ela apropriar-se deles. Por que? Porque ela não o verá como Adão e ele não a verá como Eva.

Adão, que aparece com Eva no Gênesis, forma um sonho mortal da vida como sendo corporalidade sexual. Desde o início, essa ilusão desmantelou a coesão da humanidade. Enquanto a prática diária das qualidades divinas faz com que o lar fique mais próximo do céu, a parceria mortal não regenerada pode transformar o lar numa verdadeira selva. Encarar a humanidade como irremediavelmente dividida em Adões ferozes e Evas ardilosas estabelece um perpétuo estado de desconfiança.

É Adão quem crê que a mulher é Eva, e a prova mais clara de que a mulher aceitou o sonho-de-Eva está em seu desejo de lutar contra Adão. Senhoras, acalmem-se! Antes que lutem contra os homens, ao invés de lutarem nas senhoras mesmas contra as falsas qualidades que perturbam o seu relacionamento com os homens, antes que esgotem nervos e força de vontade na tentativa de se igualarem ao dinamismo masculino, ou cheguem à vulgaridade para defenderem uma causa, antes que adquiram seus direitos e percam sua identidade, parem e pensem.

É o seu oponente simplesmente Adão? Não percam tempo com ele! Por que? Porque Adão não é o homem. A Sra. Eddy esclarece a situação quando separa Adão do verdadeiro conceito de homem: “Adão, sinônimo de erro, representa uma crença de que haja uma mente material.” Ciência e Saúde, p. 529;

A característica fundamental do cristianismo é a compreensão inspirada de que “Deus é amor”  1 João 4:8.. A perspectiva inigualável de Cristo Jesus acerca do homem como sendo o filho amado de Deus mostra a um mundo faminto que o amor de Deus faz com que a cura se torne possível. A maior violação da identidade da mulher é rebaixar a visão que ela acalenta acerca do homem — do ser real — às dimensões inferiores e características materiais de Adão e Eva. Lutar contra Adão ao invés de amar o homem pode obscurecer a cura. Quanto melhor é orar para reconhecer o homem, e recusar a amargura, porque esta pertence apenas ao sonho-de-Adão-e-Eva.

Se o despojar-se de Eva ameaça alienar o sentido de identidade da mulher, é necessário que a feminilidade espiritual seja vista com maior clareza. Pude comprová-lo quando tive uma cura mediante tratamento pela Ciência Cristã. Durante o desenrolar dessa experiência pareceu-me dolorosamente necessário encarar e negar as características de Eva que eu inconscientemente estivera vivendo e expressando. Perda de consciência tornara-se freqüente. Ao orar com o auxílio de uma praticista, tornou-se evidente que esses momentos de inconsciência freqüentemente ocorriam logo após descobrir de novo uma característica de Eva que eu necessitava eliminar.

Foi-me bondosamente explicado que apesar de eu haver percebido a irrealidade dessas falsas características, não percebia com muita clareza as qualidades reais de minha verdadeira identidade espiritual, as quais necessitavam ser manifestadas em lugar das outras. Eu estava aparentemente desaparecendo no nada, juntamente com as características de Eva que estava eliminando. Quando compreendi esse fato, os desmaios diminuiram; e, depois da cura, o temor de que eles reaparecessem foi finalmente vencido com me habituar a identificar-me com as qualidades divinas da verdadeira feminilidade. Foi-me então possível identificar quaisquer sugestões opostas como intromissões.

Quando o comportamento de Eva é substituído pelo viver espiritual, os problemas saem porta a fora, e ganha-se segurança e dignidade. E o que é mais importante, uma nova identidade vem à luz, identidade que é tanto cheia de amor como digna de ser amada. Ao demonstrarmos essa identidade livramo-nos dos estereótipos e dos velhos temores e descobrimos novos horizontes. Os problemas que enfrentamos como Eva são solucionados ao despertarmos para a inteireza espriritual.

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