Suponhamos que você esteja tentando construir belas casas. Seus ideais são elevados, mas você não possui o conhecimento prático das normas e regulamentos de construção. Cada casa que você constrói desmorona por si mesma ou cai com a primeira tempestade. Depois de certo tempo você talvez desiste ou decide-se a aprender as normas de construção, custe o que custar!
A edificação do caráter moral assemelha-se à construção de uma casa. Talvez tenhamos as mais elevadas esperanças e a melhor das intenções; se, porém, não possuirmos a compreensão prática das leis morais e espirituais de Deus, constataremos que o caminho será difícil. Ao invés de desistirmos de nossos elevados ideais, disponhamo-nos a conhecer as leis de Deus, custe o que custar!
Tais leis existem. Auxiliam todo aquele que as compreende, e não há melhor lugar para as conhecermos do que na Bíblia. Esse é um livro repleto de leis morais e espirituais que têm aplicação prática. As leis de Deus não só nos indicam o que é certo e o que é errado; dão-nos também o poder de fazer o certo e evitar o errado.
Mesmo que sejam pouco praticadas ou compreendidas, muitas das leis contidas na Bíblia são bem conhecidas. A influência para o bem exercida pelos Dez Mandamentos e os ensinamentos de Jesus contidos no Sermão do Monte, por exemplo, é tamanha que mesmo obedecê-los em parte revolucionaria o mundo. Muitas pessoas, porém, consideram a obediência a essas leis básicas muito além de sua capacidade. Por quê? Muitas respostas poderiam ser dadas, mas elas se resumem no que S. Paulo explicou em sua epístola aos romanos: “No tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.” Romanos 7:22, 23;
Parece que apesar de sentirmos a bondade da lei de Deus, a mente humana é incapaz de assegurar-lhe obediência devido ao que S. Paulo chama de pendor da carne e sua lei de pecado e morte. Todo aquele que se deparou com a tentação ou lutou para fazer o que é certo sabe bem o que S. Paulo quer dizer nesse trecho. Nós queremos ser bons, mas parece haver uma parte contrária em nós que simplesmente não quer.
Qual é a resposta a essa fraqueza da mente humana? Volvermo-nos para a Mente divina, Deus, em busca da compreensão espiritual das leis bíblicas que vencem as assim chamadas leis do pecado e da morte. Eis o que S. Paulo nos recomenda: “Tende em vós a mesma mente que houve também em Cristo Jesus.” Filip. 2:5 (conforme a versão King James);
A Ciência Cristã ensina que a Mente que havia em Cristo Jesus é o Espírito, Deus, a Mente infinita, a única Mente. Isso não quer dizer que Jesus fosse Deus, mas significa que Jesus expressava e manifestava Deus em seu próprio ser, e esta expressão ativa de Deus é o Cristo, a idéia espiritual de Deus. O poder do Cristo é a própria lei. Trata-se da verdade sobre o homem — espiritual e perfeito — que vem à consciência humana para destruir toda falsa lei e todo falso testemunho que tente sugerir que o homem não é o filho perfeito de Deus. O poder do Cristo é sua lei, e minha lei, de salvação.
A Bíblia é o livro da lei de Deus. Sem ela o que é que conheceríamos do governo de Deus ou do Cristo? A Bíblia nos mostra de modo dramático como Deus revelou a Si mesmo e a Seu Cristo nas vidas de homens e mulheres. Todo aquele que buscou a Deus — cada patriarca, profeta e discípulo — revela alguma coisa a respeito de Deus e do Cristo que nós precisamos conhecer por se tratar de algo de valor inestimável para o nosso progresso espiritual. Conforme a Sra. Eddy explica: “Através de todas as gerações, tanto antes como depois da era cristã, o Cristo, como idéia espiritual — o reflexo de Deus — tem vindo com certa medida de poder e de graça a todos quantos estejam preparados para receber Cristo, a Verdade. Abraão, Jacó, Moisés e os profetas captaram gloriosos vislumbres do Messias, ou Cristo, o que batizou esses videntes na natureza divina, a essência do Amor.” Ciência e Saúde, p. 333;
Será então de admirar o fato de amarmos a Bíblia, que tão intimamente se relaciona com o nosso progresso espiritual? Quão importante é, pois, que deixemos que Abraão, Jacó, Moisés, Elias e os profetas auxiliem a preparar o caminho para o advento do Cristo em nós! Quão necessário é que conheçamos e amemos cada palavra e ato de Jesus em sua demonstração do Cristo como o Guia! E quão importante é para nossa igreja e para o mundo que busquemos e sigamos a vida permeada do espírito do Cristo, como foi expressa pelo Mestre, pelos apóstolos e pelos primeiros evangelistas cristãos!
Foi devido a seu profundo amor a Deus, sua identificação com os personagens bíblicos e a pesquisa dos textos bíblicos que a Sra. Eddy escreveu Ciência e Saúde. Longe de substituir a Bíblia, o livro-texto da Ciência Cristã é o resultado direto da compreensão espiritual da Bíblia, alcançada por nossa Líder. Ao encararmos a Bíblia como nossa Líder a via, nunca a acharemos maçante, obscura ou ultrapassada; ao contrário, irromperá em novidade de vida à medida que buscarmos seu significado eterno.
Do mesmo modo, nosso profundo estudo da Bíblia e de suas leis ilumina a nossa compreensão do Ciência e Saúde ao revelar seu cristianismo fundamental. A Sra. Eddy era cristã no sentido mais elevado desta palavra, e para que a compreendamos, e entendamos os seus livros, precisamos compreender os conceitos cristãos básicos — pecado, arrependimento, batismo, redenção, reforma moral, expiação, reconciliação, eucaristia, comunhão, oração, Espírito Santo, Cristo — para mencionar apenas uns poucos. Sem o sentido espiritual desses conceitos perdemos a Ciência Cristã e ficamos apenas com a metafísica fria e abstrata.
A Bíblia é um livro de leis — as leis de Deus. Se procurarmos essas leis e a elas obedecermos, o precioso amor de Deus nos salvará do pecado, da doença e da morte. Este é o grande propósito da Bíblia — que conheçamos a Deus e a Seu Cristo. Conforme diz a Sra. Eddy: “Jeusu deu a seus discípulos (alunos) poder sobre toda sorte de doenças; e a Bíblia foi escrita com o propósito de que todos os povos, em todas as épocas, tivessem a mesma oportunidade de se tornarem alunos do Cristo, a Verdade, e assim ficassem divinamente dotados de poder (conhecimento da lei divina) e dos ‘sinais que se seguem’.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 190.
