Duas ciladas divergentes podem confrontar o Cientista Cristão que procura lidar com os problemas que ameaçam a humanidade. Uma pode ser chamada garrulice teológica, ou seja, a rejeição casual de fenômenos perturbadores com o pensamento: “Ora, isso não é real — não é nada, porque Deus não criou o mal. Então por que preocupar-se?”
A outra reação talvez possa ser chamada de honesta perplexidade, um sentimento de estar soterrado pelas avalanches de adversidades e desastres. “Os problemas são grandes e tão complexos”, tal maneira de pensar diria. “Não consigo entendê-los, por isto cuidarei o melhor que puder de minha vida e ficarei aguardando o que der e vier.”
Sem dúvida, o leitor não se deixou enganar pela falácia de ambas as respostas. Tomemos a primeira: é fato que a Ciência Cristã ensina a totalidade de Deus, o bem, e a conseqüente irrealidade do mal. Portanto, qualquer problema — tome ele a forma de doença, de animosidade pessoal, de opressão nacional, de tensão étnica, de dominação política, de violência ou de desastre natural — sempre pode ser reduzido, no pensamento, a sua nulidade e falta de poder inerentes. Este, na verdade, é o método científico infalível de destruir o mal A Sra. Eddy descobriu-o e o expôs no livro-texto, Ciência e Saúde. Toda cura inclui o discernimento da natureza ilusória do erro.
No entanto, para triunfar nas confrontações atuais e futuras que o erro apresenta, é preciso mais do que a mera enunciação de verdades abstratas. Porque as manifestações do mal no presente século parecem mais agressivas e complexas, é preciso uma maior cautela quanto aos meios pelos quais o erro age, uma análise mais profunda e uma maior compreensão da Verdade. Acima de tudo, é preciso aplicar com maior sagacidade os fatos específicos da Ciência que desfazem os conceitos específicos e errôneos apresentados pelos sentidos materiais. A Sra. Eddy escreve: “A doença e o pecado aparecem hoje sob formas mais sutis que no passado. Eles progridem e se multiplicarão em formas piores, até que seja compreendido que a doença e o pecado são irreais, desconhecidos da Verdade, e nunca pessoas verdadeiras ou fatos reais.” Não e Sim, p. 31;
No decorrer do avanço progressista moral e espiritual da humanidade, tanto o bem como o mal tomaram novas dimensões. A mente carnal, dardejando por ocasião do surgimento da Ciência do Cristo nesta época e resistindo à destruição inevitável do mal que ela pressagia, invoca formas mais complexas e mais audazes do erro. Essas novas fases brotam das profundezas do pensamento mortal e tendem a entorpecer as pessoas ou a enganá-las. Muitas vezes os erros estão ocultos por natureza e as pessoas e as nações, inconscientes da origem mental dos distúrbios que ocorrem, caem presas deles.
A magnitude das ameaças gigantescas que surgiram no século vinte — aniquilamento nuclear, deterioração do ambiente global, desintegração econômica desenvolvimento de sociedades mediante manipulação genética, conforme o descreveu o autor inglês Orwell — não é o único desafio que temos de enfrentar. A sutileza com que o mal parece se impor é uma ameaça de igual tamanho.
As manifestações de tal sutileza podem incluir a atração de um número cada vez maior de pessoas às drogas escravizadoras como uma fonte de “expansão da mente”. Ou o interesse mais amplo não só dos que praticam a medicina, mas também de pessoas religiosas, na manipulação da mente humana como uma ajuda terapêutica. Ou a insidiosa sugestão da mente mortal de que o relaxamento dos padrões morais leve à “liberdade” e à “libertação”. Mesmo a crença atualmente tão em voga, de que a própria complexidade da situação desafia a solução, é um meio astuto de induzir ao desânimo e ao desespero.
Pera detectar e desarraigar as novas fases do mal é preciso um maior conhecimento espiritual; mas não há necessidade de nos sentirmos engolfados mentalmente. Já possuímos mais compreensão espiritual do que as gerações anteriores tinham, e muito mais do que já pusemos em ação sobre as necessidades do mundo. A profecia bíblica e cientificamente cristã diz-nos que o mal se levantou não porque somos ignorantes da Verdade, mas porque a Ciência veio ao mundo e nós conhecemos de fato a Verdade.
Reconhecendo nosso lugar no cumprimento da profecia, podemos, portanto, aprofundar com maior zelo nosso estudo da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy. Podemos aprender a aplicar com precisão e diretamente essas verdades, tal como uma epístola dos primórdios do cristianismo insta: “Procura apresentar-te a Deus, aprovado....” 2 Tim. 2:15; Ou, como a tradução de James Moffatt o diz: “Faze o melhor possível para deixar Deus ver que és pelo menos um obreiro íntegro, que não precisa ter vergonha da maneira como trata a palavra da Verdade.”
Acima de tudo, podemos expandir nossos motivos espirituais, procurando comprovar a Ciência não só para obter alívio pessoal ou paz de espírito, mas a fim de desempenhar nosso papel na destruição do mal universal e coletivo, quaisquer que sejam suas formas ou fases. Por ampliar o objetivo de nosso trabalho metafísico, ajudamos a nós e ao nosso próximo.
Tive prova maravilhosa do que acabo de afirmar quando me vi confrontada, certo dia, com os sintomas dolorosos de intoxicação gástrica. Por mais de uma semana, orei diligentemente para ver a irrealidade do estado físico. Quando o mal-estar não cedeu, fiquei intrigada, e volvi-me para Deus em busca de resposta. Logo ocorreu-me a palavra “poluição” e foi assim que me lembrei de haver lido um longo relato a respeito da crise ambiental que afligia o Estado de Michigan, onde o uso do produto químico PBB, aplicado na agricultura, afetara o gado, contaminara o leite e causara grande dano à população.
Ora, eu nem sequer estivera perto de Michigan, e não havia nenhum elo aparente com o meu problema físico. Dei-me conta, porém, de quão sutilmente a crença de poluição havia penetrado em meu pensamento. Comecei a orar de novo. Desta vez, não me concentrei em minha própria aflição, mas dirigi-me à crença coletiva de poluição, afirmando com vigor a existência de uma única consciência universal, a única Mente divina, que não podia ser contaminada pelo mal. Declarei que o homem tem uma estrutura espiritual — não química — e neguei o poder da mente mortal para vitimar a humanidade.
Nessa mesma hora, todos os sintomas da doença desapareceram. Não só eu estava bem, mas sabia que ao menos um pouquinho da crença mundial em poluição química havia sido destruída.
Não precisamos ficar indiferentes nem ser covardes diante das seduções do erro. Essa conturbada era pede maior sagacidade espiritual, maior abnegação e uma visão mais universal de nossa tarefa. As revelações proféticas da Ciência Cristã garantem-nos, porém, que o sonho material há de desaparecer por fim. Como o afirma a Sra. Eddy: “A desagregação das crenças materiais pode parecer fome e peste, carência e desgraça, pecado, doença e morte, que assumem novas fases até que sua nulidade apareça. Essas perturbações continuarão até o fim do erro, quando toda discórdia for absorvida pela Verdade espiritual.” Ciência e Saúde, p. 96.
