Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

O pesar pode ser curado

Da edição de outubro de 1980 dO Arauto da Ciência Cristã


O pesar tem sido uma das mais fortes emoções a afligir a humanidade. Muitas peças do teatro grego eram famosas pelo modo como retratavam trágicas figuras presas ao pesar. O vocábulo “tragédia” tem sua origem na palavra grega que significa “lamento de cabra”, talvez pelo fato de os atores da época vestirem-se com peles de cabra. Esses heróis e suas catástrofes atraíam grande simpatia por parte da audiência.

A perda de um ente querido pode fazer com que nos sintamos apanhados em meio a um drama da vida mortal, que é na verdade uma lamentosa canção de cabra. Faz o pesar parte da vontade de Deus para com Seus amados filhos? Claro que não! A Bíblia proporciona esta reconfortante visão para aqueles que pranteiam: “[Deus] lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor.”  Apoc. 21:4;

Essa profecia é cumprida pela Ciência do Cristo, que indica como libertar-se do pesar. A Sra. Eddy escreve: “Compreender espiritualmente que há um só criador, Deus, desenvolve toda a criação, confirma as Escrituras, traz a doce segurança de que não há separação, nem dor, e de que o homem é imorredouro, perfeito e eterno.” Ciência e Saúde, p. 69; O Cristo, a Verdade, que para todo o sempre proporciona as respostas da Vida às perguntas concernentes à vida, possibilitou a inúmeros indivíduos curarem-se do pesar.

Consideremos a experiência do rei Davi. Ele havia cometido adultério com Bate-Seba e tramara a morte de Urias, seu marido. O profeta Natã expôs o pecado de Davi e predisse a morte da criança que BateSeba lhe havia dado. Davi humilhou-se em penitência, mas dentro de sete dias a criança morreu. Que grande tragédia grega desenrolava-se ali! Remorso, autocondenação e pesar eram muito grandes. Naquelas horas negras, porém, algo aconteceu que mudou o enredo. A Bíblia registra: “Então Davi se levantou da terra; lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes, entrou na casa do Senhor, e adorou.”  2 Samuel 12:20; Que transformação parece ter havido com Davi — ele que se prostrara ao solo devido ao pesar, entra no templo para adorar a Deus!

Essa elevação de pensamento não deve parecer impossível quando lembramos que o Cristo — a verdadeira idéia de Deus — está sempre presente para alcançar a consciência humana e curar o que quer que dê a impressão de estarmos separados de Deus, o bem. Só pode ter sido algum vislumbre do Cristo, a Verdade, que possibilitou a Davi levantar-se do chão, despojar-se de suas vestes de luto e passar a desempenhar suas atividades normais. Em louvor a Deus, o Salmista escreve: “Livraste da morte a minha alma, das lágrimas os meus olhos, da queda os meus pés. Andarei na presença do Senhor, na terra dos viventes.”  Salmos 116:8, 9;

Que fazer, porém, se encontramos dificuldade em nos livrarmos do pesar, com a rapidez de Davi? Cristo, o Consolador, vem a cada um de nós, aí mesmo onde nos encontramos, para gentilmente nos elevar, com amor curar o coração partido, e guiar-nos para fora do pesar, rumo a uma compreensão mais ampla de que Deus é a única Vida. Cada falsa crença deve eventualmente ceder à compreensão espiritual, e, por sua vez, a Mente que tudo sabe revela com inteligência todas as verdades necessárias para que possamos reivindicar a vitória sobre o pesar.

Talvez nos sintamos arrasados pelo arrependimento e pelo remorso — pelos “por quês” e os “que teria acontecido se”. O magnetismo animal, nome genérico para todo mal, hipnotiza nossos pensamentos, conduzindo-os a lembranças antigas de acontecimentos trágicos, fazendonos reviver reviver quadros tristes e levando-nos a repassar o drama da morte. Essas sugestões mentais agressivas podem ser silenciadas à medida que aceitamos o fato de que na verdade Deus é nossa única Mente. Essa Mente de bondade, que o homem reflete, não pode ser mesmerizada nem tampouco invadida pelo mal. O conhecimento que a Mente tem de sua própria bondade constitui o único pensamento verdadeiro; não há, portanto, nenhuma inteligência na matéria que possa criar ou perpetuar uma sugestão errônea. A criação divina consiste de idéias espirituais inesquecíveis, das quais a Mente divina está sempre consciente. À medida que compreendemos ser a memória uma faculdade da Mente divina e não um instrumento da mente mortal, somos capazes de expressar domínio sobre pensamentos depressivos e lembrar apenas o bem.

Outra sugestão que tenta postergar a cura do pesar é o sentimento de derrota. Por ocasião de uma perda pessoal, poderemos ser tentados a perder nossa fé no poder sanador de Deus e a abandonar quando nossa devoção à Verdade. Não precisamos nos sentir culpados quando tais pensamentos surgem. A lembrança da experiência de nosso Guia, Cristo Jesus, traz-nos conforto. Para os que observam a cena da crucificação de Jesus, a sugestão de fracasso poderia parecer muito real. Jesus, porém, não permitiu que seu pensamento se detivesse no testemunho da matéria. Ao contrário, manteve sua convicção espiritual acerca da Vida, ali mesmo, diante da mais agressiva sugestão do erro quanto à realidade da tragédia e do fracasso. Ao referir-se à firmeza do Mestre, a Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Se seu pleno reconhecimento da Vida eterna tivesse cedido por um só momento diante da evidência dos sentidos corpóreos, que teriam dito seus acusadores? Justamente o que disseram — que os ensinamentos de Jesus eram falsos, e que toda evidência da exatidão desses ensinamentos fora destruída pela sua morte. Essa asserção não pôde, porém, fazer com que isso fosse verdade.” Ciência e Saúde, p. 50;

A ressurreição de Jesus provou, para sempre, que a imortalidade da Vida do homem é um fato divino que nunca pode ser alterado por aquilo que os sentidos materiais informam. Ao nos esforçarmos por ser fiéis discípulos, que se consagram à Vida divina, somos capazes de dar provas da realidade e permanência do bem e da conseqüente irrealidade e falta de poder do mal.

Como seguidores de Jesus talvez tenhamos um longo caminho a seguir até que consigamos duplicar sua capacidade espiritual de ressuscitar os que estão mortos; podemos, porém, começar humildemente a desenvolver essa capacidade, recusando-nos a dar realidade à morte daqueles que parecem ter morrido. O que, nesse caso, está dando testemunho de perda? Apenas o falso sentido material. O que nos assegura da existência da Vida eterna? O sentido espiritual que nunca mente. A qual dos dois devemos dar crédito? Cada um de nós, em última instância, terá de aceitar a verdade suprema acerca da espiritualidade do homem e de sua conseqüente imortalidade.

Não precisamos sentir-nos desanimados se de imediato não parecemos dar mostras de total libertação do pesar. A cura, por certo, ocorrerá, tão infalivelmente como o sol dissipa a névoa da manhã. Toda lágrima será secada pelo Amor divino.

Em meio a minha própria batalha com o pesar, por haver perdido um ente querido, uma atenciosa amiga deu-me um vaso de vidro transparente, cheio de rosas recém-apanhadas do jardim. Enquanto encarava o vaso com os olhos marejados de lágrimas, percebi que um pequeno drama ocorria em seu interior. Uma pequena aranha apegavase a uma das hastes sob a água. No entanto, ela não permaneceu imersa em sua prisão aquática. Começou, porém, a escalar a haste até alcançar as pétalas de rosas que estavam fora da água. A aranha, então, continuou sua caminhada rumo à liberdade, descendo pelo lado exterior do vaso até alcançar a escrivaninha.

Quando eu a levava em direção à porta aberta, porém, ela foi subitamente puxada para trás. Isso aconteceu várias vezes até que, finalmente, percebi que um fio de sua teia estava ainda preso à rosa. Somente depois que o quase invisível fio de seda, que a aprisionava, foi gentilmente cortado é que a aranha obteve liberdade e pôde sair para fora. Que necessária lição espiritual me foi esse acontecimento!

Comecei a compreender que Cristo, a Verdade, não apenas me tiraria das águas profundas do pesar, mas também me mostraria como cortar o fio do afeto pessoal que me mantinha prisioneira, fazendo com que eu conseguisse desvencilhar-me do conceito material de homem. O apego possessivo, o desejo humano de estar sempre na presença física de nossos entes queridos, deve ceder à confiança de que o Pai-Mãe Deus é responsável por Sua criação e com amor cuida do homem por Ele criado. À medida que separarmos nosso pensamento de um sentido pessoal das coisas, estaremos melhor capacitados para discernir a unidade de Deus e Sua idéia. Essa inquebrantável unidade envolve a toda a criação de Deus e traz-nos a “doce segurança de que não há separação”. Dessa forma, então, nunca podemos estar, na verdade, separados um do outro. À proporção que compreendi essas verdades, meu pesar foi curado.

A Ciência Cristã revela a identidade espiritual e permanente do homem. Os fatos acerca do ser incluem a pré-existência, a coexistência e a eterna existência do homem com Deus. Nessa totalidade do Espírito a matéria não tem poder para criar, manter ou extinguir a vida do homem. Dessa forma, o homem vive ininterruptamente, intocado pelo drama da matéria. A morte não pode interromper a vida do homem, assim como a cortina de um palco, ao cair após o espetáculo, não pode interromper a vida dos atores. Lemos em Ciência e Saúde: “Sobre este palco da existência prossegue a dança da mente mortal. Os pensamentos mortais perseguem-se uns aos outros como flocos de neve e caem ao solo. A Ciência revela que a Vida não está à mercê da morte, e a Ciência nunca admitirá que a felicidade venha a ser o joguete das circunstâncias.” ibid., p. 250.

Àqueles que pranteiam, em luta com seu próprio pesar, o Cristo vem gentilmente ao encontro com a reconfortante certeza de que lhes é possível se levantarem, como Davi, ali mesmo onde estão e reivindicarem domínio. Como parceiros de Davi e discípulos de Cristo Jesus, podemos todos recusar-nos a permitir que a pedra do pesar se interponha entre nós e um ressurgido conceito de homem. A paz é nossa por direito divino e pela promessa do Consolador. A promessa de Deus sobre a eternidade do homem é a verdade do ser, intocado pela tragédia. Assim a canção da Ciência Cristã silencia para sempre o triste lamento de cabra.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / outubro de 1980

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.