Um dos sinais de nossos tempos é o materialismo desgastado. Muitas pessoas sentem-se enfaradas com a sensação material, com a busca material, com a análise material. Tais objetivos, em breve, se tornam monótonos e uma espécie de niilismo penetra a consciência humana. Ou, talvez, dele resulte um narcisismo, um amor de si mesmo, que em breve se esvai. Não é de admirar que os indivíduos, muitas vezes, se sintam inquietos, estando sempre à procura de algo novo no cenário material: experiências com sexo, drogas, alucinógenos. Precisa-se deveras de uma percepção diferente de Alma.
Podemos despertar para o fato de que o sentido material não proporciona alegria, inspiração, vitalidade, novidade de vida. Espontaneidade e variedade são, de fato, atributos divinos. São evidências da presença de Deus. Refletem a natureza infinita da Alma, ou seja, do Espírito. Quando alguém realmente deseja um estimulante, deve procurá-lo na Alma.
A Alma é, às vezes, interpretada como um espírito que vive no nosso interior, algo que mora em algum lugar do corpo material. E, a partir desse ponto de vista, os indivíduos interpretam a alma através dos sentidos materiais. Procuram obter sua alegria através da sensação material. Volvem-se para a personalidade corpórea para dela conseguir o bem. Isso é um sentido errôneo. A Alma não pode ser encontrada no corpo. A Alma é a única inteligência criadora e infinita, puramente espiritual, que governa o universo. A Alma é refletida no homem como semelhança de Deus. Para concretizar os recursos da Alma, o indivíduo precisa volver-se do sentido material para o espiritual.
Cristo Jesus falou dessa mudança de base quando estava conversando com o douto fariseu Nicodemos. Disse: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” E repetiu este fato: “Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” João 3:3, 5;“Nascer da água e do Espírito” talvez esteja indicando as qualificações morais e espirituais que são essenciais para o indivíduo se conscientizar da plenitude da vida, a alegria inerente no homem como imagem de Deus. Somente quando chegamos a nos identificar espiritualmente conseguimos a grande satisfação, a demonstração, o ser completo, que aqui estão definidos como o reino de Deus.
Desse ponto de vista mais elevado, de que Deus é a Alma do homem, começamos a distinguir o homem como idéia espiritual, o reflexo individual da Mente divina. Esse é o fato contrário relativo ao narcisismo, ou seja, ao amor de si próprio. Desvia o pensamento do corpo para a identificação espiritual. Começamos a valorizar a identidade do nosso próximo, quando o vemos como filho de Deus. Nasce, então, o respeito mútuo e segue-se nova noção de moralidade. Já não mais olhamos um para o outro como se fôssemos apenas corporalidades temporárias a serem utilizadas e descartadas. Começamos a interpretar a individualidade de um ponto de vista espiritual e permanente. Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã
Christian Science (kris´tiann sai´ennss), diz em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A identidade é o reflexo do Espírito, o reflexo em variadíssimas formas do Princípio vivente, o Amor. A Alma é a substância, a Vida e a inteligência do homem, a qual é individualizada, mas não na matéria. A Alma jamais pode refletir algo que seja inferior ao Espírito.” Ciência e Saúde, p. 477;
Isso contrasta acentuadamente com algumas das atitudes correntes. Para muitas pessoas a adoração do corpo é a moda, idolatria moderna. As livrarias estão cheias de obras sobre prazeres e dores, exercícios e massagens, o começo e o fim do corpo humano. Ora, essa informação não fala no homem à imagem de Deus. Não revela a substância da identidade. A identidade só pode ser encontrada na Alma. Consideremos a afirmação acima citada: “A Alma é a substância, a Vida e a inteligência do homem, a qual é individualizada, mas não na matéria.” Somente por uma verdadeira compreensão de Alma é que obtemos o conceito correto de identidade. As qualidades de Deus caracterizam o homem. O conhecimento de si mesmo, o respeito a si mesmo e o autocontrole procedem da compreensão da Alma. Essas qualidades divinamente fundamentadas apresentam-se na experiência humana como talento, capacidade intelectual, percepção espiritual e moral sadia. Nossa atitude para com o corpo humano e a maneira como dele tratamos refletem nossa compreensão da identidade como a expressão da Alma.
No entanto, o que é que se passa na sociedade dos dias atuais? Experiências em engenharia genética, especulação sobre clonagem, bebês de proveta, que se reproduzem de uma base meramente material. Mas onde está a identidade ou a individualidade em tudo isto? Onde é que entra a moral? O mero processo de clonagem, por exemplo — que produz cópias, duplicatas — não oferece nenhum lugar para identidade ou individualidade. Tais criações mecânicas não teriam lugar para o apreço, o amor, o respeito mútuo. Nelas não estariam envolvidos nenhum Princípio metafísico. Muitas pessoas estão acertadamente levantando objeções quanto à base moral de tais procedimentos mecânicos.
Em vez de nos pormos a fazer experimentos materiais com o processo criador, deveríamos aprender mais acerca do único Princípio criador que forma e mantém o universo e o homem. Assim que “nascermos de novo” e virmos a base espiritual do ser, adquiriremos compreensão inteiramente nova do homem na semelhança de Deus. Não há cópias nem duplicatas no universo de Deus. A própria natureza infinita de Deus torna necessário que cada idéia seja distinta. Cada idéia é nova manifestação da causa única a expressar Deus de modo todo especial.
Não há nada de cediço, monótono ou repetitivo na Alma. A Alma expressa novidade de Vida. Ela é a fonte da capacidade artística, do apreço, da expressão. A compreensão da Alma leva ao aproveitamento de nossa capacidade, à conscientização daquele talento que é o pricipal elemento da alegria humana. Não é de se admirar, pois, que a Alma seja a fonte da alegria, a fonte de tudo quanto realmente eleva nosso pensamento, alarga nosso horizonte e contribui para o progresso na sociedade. Um sentido novo e diferente de Alma conduz a um melhor apreço por nosso próximo, conduz a motivos mais desprendidos.
Se seus pensamentos parecerem estagnados, cediços e sem alegria, tente abrir algumas janelas mentais. Deixe que o Amor introduza correntes de inspiração, mude seu ponto de vista e rejuveneça-lhe o pensamento. Considere os infindáveis recursos da Alma. Beba sofregamente as idéias espirituais que procedem do estudo da Bíblia e do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, e certifiquese de haver um elo, uma expressão. Se o seu pensamento for cediço e sem inspiração, isso talvez se dê por não haver nele arejamento. Eleve o pensamento a uma perspectiva mais altruísta. Nosso Mestre disse: “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão.” Lucas 6:38;
Um problema dos dias atuais, que parece empanar ou mesmo matar nossa alegria, é o sentimento de culpa. Alguns observadores dizem ser esse o problema número um de nossa sociedade. Tal acabrunhamento segue de perto a materialidade. Isso, em grande parte, ocorre devido a um sentido errado de Alma. O pecado e a culpa vêm da crença de estar a Alma na matéria, de estar o homem separado de Deus, ou seja, do Espírito. Se alguém vive contrariamente à lei de Deus, não é capaz de escapar a essa sensação de culpa. Como é que podemos realmente curar tal erro? Unicamente a regeneração do pensamento e da vida, um arrependimento suficientemente claro e intenso para alinhar nosso pensamento e nosso modo de viver com o Princípio divino, é que aliviará a situação e trará nova liberdade e alegria.
Nenhuma quantidade de racionalização limpará o ar. A limpeza genuína exige de nós suficiente humildade para admitir o mal e tornarnos dispostos a nos volver a um novo conceito de desejo e de ordem em nossa vida. Talvez precisemos abordar esse ponto aos poucos, mas é o reconhecimento da unidade do homem com a Alma, Deus, o que renova nossa alegria. A Sra. Eddy diz: “A Alma tem recursos infinitos para abençoar a humanidade, e a felicidade seria alcançada mais facilmente e estaria mais segura em nosso poder, se a buscássemos na Alma. Só os gozos mais elevados podem satisfazer aos anseios do homem imortal.” Ciência e Saúde, pp. 60-61;
Certa vez, Jesus estava falando com uma mulher samaritana junto a um poço. No decurso da conversa, ele pôs-lhe a descoberto a vida pregressa sensual e imoral. Era uma história reles de erros repetidos, provavelmente monótonos. Jesus disse: “Aquele... que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” João 4:14. Nisto havia uma visão revigorada de recursos espirituais que satisfazem à fome e à sede da humanidade.
A Alma inclui pureza, que é a base da moralidade e do autorespeito. A Alma, que inclui infinita variedade, é a base da individualidade, da beleza e da distinção. A Alma, o Ego criador, é a base da identidade e da filiação com Deus. Não há porque se admirar de que um reconhecimento novo da Alma seja aquilo de que a humanidade cansada necessita. Nenhuma quantidade de recursos humanos, dinheiro ou atividade humana há de suprir tal necessidade. É o Espírito, ou seja, a Alma, o que nos inspira, renova-nos as energias e abre para nós uma existência de variedade ilimitada.
